Nova Hartz cancela participação, em Feira do Livro, de escritora alegando uso de linguajar controverso

Nova Hartz – A Feira do Livro do município sequer começou e já virou assunto em rodas de conversa. Isso por que a autora Luísa Geisler, teve a sua participação no evento cancelada por parte dos organizadores com a justificativa de linguajar inadequado no livro “Enfim, Capivara”, lançado este ano. A decisão foi tomada pela Prefeitura restando menos de duas semanas para o início da programação do evento literário. A publicação seria trabalhada em sala de aula por professores. A autora do livro, Luisa Geisler, e a editora, classificam a medida como uma forma de censura. A participação da escritora seria em um bate-papo com estudantes do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, com alunos com idade entre 11 e 15 anos. Um total de 15 exemplares teriam sido comprados com desconto para a utilização em aula por parte dos professores e alunos.

A secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Veronice Zandoná, afirma que ainda não está se manifestando sobre o caso. A partir de uma reunião na Prefeitura, na manhã desta quinta-feira (14), será definido que medida deverá ser tomada em relação ao caso. A 15ª Feira do Livro de Nova Hartz acontece entre os dias 27 e 30 de novembro.

Editora fala em censura

A “Seguinte”, selo jovem do Grupo Companhia das Letras, repudia qualquer tipo de censura e, diante de uma situação como essa, gostaria de declarar todo o seu apoio à Luisa Geisler, autora duas vezes vencedora do Prêmio Sesc de Literatura, além de finalista do Prêmio Machado de Assis, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura e duas vezes finalista do Jabuti.

A participação da autora Luisa Geisler na Feira do Livro de Nova Hartz (RS) foi recentemente cancelada, com a justificativa de que seu livro “Enfim, capivaras” possui “linguajar impróprio” para adolescentes.

“Acreditamos que a literatura (e a arte, em geral) deve ser questionadora, e reforçamos nosso compromisso de nunca subestimar o leitor jovem, publicando obras que retratem as experiências dos adolescentes de forma honesta e que promovam o diálogo — como “Enfim, capivaras”. Primeiro livro da autora voltado para o público jovem, ele se passa numa cidadezinha do interior e explora, através de vários pontos de vista, os relacionamentos entre um grupo de adolescentes que são afetados de diferentes formas pelas mentiras contadas por um colega. Com um estilo único e inteligente, a obra discute diferenças sociais, autodescoberta e, principalmente, amizade”, destaca ainda a nota.

Vereador comemora

O vereador de Nova Hartz, Robinson Andrei Bertuol (PSC), afirma que ficou sabendo do vocabulário do livro, em casa, por meio da filha que estuda no sexto ano. “O livro ia ser trabalhando com todos os sextos anos, com alunos da faixa etária de 11 a 13 anos. Na Escola Maria Almerinda já tinha começado e, felizmente, nas escolas Primavera  e Bernardo Lemke, ainda não tinham começado. Haviam palavrões de baixo calão e partes que tratavam da perda de virgindade e até mesmo relações sexuais homoafetivas”, afirma o vereador que buscou a informação junto as demais escolas.

O parlamentar não acredita que houve a censura nesse caso. “Vivemos em um país livre aonde cada um compra e consome o que quer. O que é inaceitável é o conteúdo inadequado para aquela faixa etária e questionamos participação para evitar constrangimentos. Entendemos que cada um tem seus direitos e o livro continua sendo comercializado”, avaliou. Bertuol ressalta ainda que, recentemente, os pais dos alunos da turma do sexto ano de sua filha participam de uma reunião com a direção, que segundo ele, serviu como um pedido de socorro diante o nível dos palavrões e atitudes dos alunos daquela turma da escola Maria Almerinda.