Nocividade do canudo plástico poderia ser menor se houvesse o correto descarte

Região – Ligado ao comportamento mais sustentável e também saudável que vem surgindo no país e no mundo nos últimos anos, com uma maior consciência ambiental e sobre as limitações que também o planeta possui, surge a discussão sobre o uso ou não de canudos plásticos. Muitas cidades têm criado leis que proibem estabelecimentos como restaurantes e bares, de fornecerem o item aos seus clientes. Campo Bom é uma das cidades que já regulamentou o uso.

Segundo o professor do curso de Engenharia de Produção da Universidade Feevale, Luiz Carlos Robinson, o maior problema é o descarte incorreto do item. Isso porque, atualmente, os canudos são produzidos com materiais plásticos que se fossem recolhidos/segregados para reciclagem seriam 100% reaproveitados na transformação de novos produtos, em um processo similar ao que já ocorre com as tampinhas de garrafas de refrigerantes e águas. “Infelizmente, estes canudos são descartados de forma irregular e indo parar em locais inadequados e contaminando o meio ambiente”, pontua Robinson.

Legislação em Campo Bom

Em Campo Bom, o projeto de lei dos vereadores Max de Souza e Jair Wingert já foi aprovado e virou a Lei Municipal 4.872 de 12 de abril de 2019, regulamentando que restaurantes, lanchonetes, bares e similares, e vendedores ambulantes do município usem e forneçam a seus clientes apenas canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individualmente e hermeticamente embalados com material semelhante. A lei prevê prazo até 31 de dezembro deste ano para que os estabelecimentos se adequem à determinação. “Temos que trabalhar na conscientização por meios sustentáveis junto a comunidade e redes de ensino”, pontua Max.

Restaurante em Sapiranga deixou de usar o canudo e comércio já sente queda

Em Sapiranga, não há tramitação sobre o assunto. Alguns vereadores defendem a sustentabilidade, com pretenção de apresentar Projeto. O Armazém Natural, em Sapiranga, já deixou de fornecer o item aos seus clientes. “Acredito que ao adquirirmos consciência, nos despertamos para outros interesses que vem ao encontro da verdadeira saúde. A primeira ação do Armazém foi o descarte correto de óleo, nos tornamos um ponto de coleta. Depois trouxemos a feirinha orgânica. E agora, tirar os canudinhos foi consequência do que acreditamos, como consciência ambiental”, explicou Mariza Fetter. O movimento também é sentido no comécio. No Mundo Real as vendas diminuiram consideravelmente. “Os clientes ainda têm solicitado, porém menos. Muito provavelmente pela conscientização. Com o passar do tempo, é um produto que deverá sair do mercado”, pontua Valerio Stein, gerente da loja.

Consciência é fundamental

Luiz Carlos Robinson

Para o professor da Feevale a iserção da prática da educação ambiental precisa ser incentivada, inclusive mostrando os benefícios econômicos. “O descarte de forma inadequada pode trazer diversos malefícios, como contaminação do solo; pode parar no intestino dos animais, podendo até provocar o óbito destes; entupimentos de tubulações, além de utilizar matéria-prima de fonte não renovável, como o petróleo”, salienta Luiz Carlos.

A Feevale recicla os canudos plásticos em um projeto de extensão denominado Vivenciando a Educação Ambiental. “O material (canudos) é utilizado como matéria-prima em conjunto com outros resíduos, como tampinhas plásticas, embalagens plásticas de shampoo, desodorante, amaciantes, entre outros, na confecção de cabides injetados”, explica o professor. O projeto é difundido em escolas municipais e estaduais de Novo Hamburgo.

 

Fonte: Sabrina Strack