Morte de sindicalista que foi atropelado por militar embriagado completa 1 ano

Impunidade | Sindicalista que conduzia motocicleta acabou arrastado por carro de militar do Exército na Avenida Mauá

Sapiranga – A morte do ex-membro do Sindicato dos Metalúrgicos de Sapiranga, Araricá e Nova Hartz, Alex Sandro Duarte da Silva, 38 anos, completou um ano na segunda-feira (28 de setembro). Alex conduzia sua motocicleta na Avenida Mauá, quando foi atropelado e arrastado pelo automóvel de um militar do 19º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIMTZ), de São Leopoldo. O sindicalista ainda foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Sapiranga, por consequência de uma hemorragia, desorganização do tecido encefálico e traumatismo crâniano encefálico.

O caso está em análise no Ministério Público de Sapiranga e a reportagem não teve acesso ao seu conteúdo. Mas, em 2014, o então delegado de Sapiranga, Ernesto Clasen, concluiu o inquérito policial, onde solicitou a prisão preventiva do militar pelos crimes de homicídio, embriaguez ao volante e direção sem habilitação. Hoje, o autor do atropelamento está em liberdade, aguardando o julgamento.

No inquérito policial, consta que o militar foi preso em flagrante pela morte do sindicalista. No teste do etilômetro (bafômetro) acusou 1,06 milígrama de álcool no sangue. Pesou no indiciamento do militar o registro de câmeras de monitoramento do momento exato em que ocorreu o atropelamento.

Diretor do Detran avalia cenário

O diretor-geral do Detran/RS, Ildo Mário Szinvelski, destaca que o Brasil registra 45 mil mortes no trânsito todos os anos. “O que acontece no trânsito não são acidentes, são atos de pura irresponsabilidade”, diz. Ildo lembra que o trânsito é coletivo, mas são as condutas individuais que produzem a qualidade da mobilidade humana e da segurança do trânsito. Para evitar que condutores que se envolvem em acidentes de trânsito com morte fiquem impunes, o diretor diz que é necessário trabalhar a sensibilização dos envolvidos. “No caso específico da embriaguez, há a complacência da sociedade, pois em qualquer evento social e encontros está presente a bebida alcoólica e muitos flexibilizam a interpretação. Isso também é preciso mudar, já que dirigir sob o efeito de álcool é uma conduta inaceitável”, pondera. O diretor do Detran/RS cita ainda que se todos esses “filtros” não surtirem efeito, existe a lei, e este ato civilizatório evoluído precisa ser respeitado. “O que acontece é que, muitas vezes, em decorrência da má redação da norma federal feita pelo Congresso Nacional, que não é condizente com a realidade vivencial, percebemos interpretações que apenas beneficiam os infratores”, conclui.

Detran/RS registra alta

Os casos de motoristas flagrados embriagados ao volante registraram um aumento de quase 120% entre 2013 e 2014. Foram 170 casos em 2013 contra 366 do ano passado. Nas estatísticas fornecidas pelo Detran/RS, consta o aumento de casos da região de motoristas que tiveram o direito de dirigir suspenso e que foram flagrados conduzindo veículos (os chamados reincidentes). Na região, foram 177 casos em 2013, 190 casos em 2014 e 202 casos até agosto de 2015: alta de 15% na comparação com 2013. No final de 2012, o governo federal dobrou o valor da multa para motoristas flagrados dirigindo embriagados. O valor saltou de de R$ 957,70 para R$ 1.915,40.