Monumentos de Jacobina Maurer e Genuíno Sampaio: Lugares de Memória

Por Cássios Schaab

 

Os monumentos localizados em diferentes pontos da cidade são elementos fundamentais que enriquecem o entendimento da história de Sapiranga. Figuras como Jacobina Maurer e Coronel Genuíno Sampaio são dois destes personagens que possuem relevância na história da cidade e estão eternizados em estátuas construídas na cidade. Porém, a valorização destes símbolos nem sempre são totalmente compreendidas por parte da comunidade.

Para o historiador Daniel Gevehr, os monumentos dedicados a Jacobina e Genuíno não podem ser entendidos como simples representações. “Estes espaços se constituem como lugares de memória e são os verdadeiros suportes da história para que as pessoas não esqueçam desse passado”, pontua. Seguindo essa linha de pensamento da conotação histórica, o historiador defende a preservação dos monumentos e alerta para uma situação em relação aos recentes casos de depredação ao monumento do Coronel Genuíno Sampaio. “A estátua de Jacobina está em um local de fácil acesso, com maior circulação de pessoas e nunca foi alvo de depredação, diferentemente do monumento do Coronel Genuíno Sampaio. Isso deixa claro que grande parte da população, hoje, reconhece Jacobina não mais como uma fanática religiosa, como uma mulher que teve suas características desqualificadas e não tratam mais Genuíno Sampaio como o único herói da história”, cita Daniel.

História precisa ser preservada por todos os cidadãos de Sapiranga

Ainda nessa interpretação, Gevehr percebe que a maior parte da comunidade, nos dias atuais, reconhece Jacobina como uma grande heroína. “Hoje as coisas se inverteram, nessa questão de heróis, mas nenhum dos dois (Jacobina e Coronel Genuíno Sampaio) podem ser colocados assim, porque essa história não é contada e não é constituída de heróis”, pondera. Para o historiador, independentemente do entendimento da história do conflito pelos cidadãos sapiranguenses, os monumentos não podem ser desfigurados. “Nós precisamos compreender que, apesar de Jacobina ou Genuíno ocuparem lugares antagônicos da história do conflito Mucker, não cabe a ninguém o ato de julgar o monumento e se ele deve estar ou não em determinado local. Nenhum cidadão tem o direito de atacar um patrimônio, de destruir um lugar de memória”, enfatiza. “Todos os monumentos precisam ser respeitados, afinal, ambos têm a mesma importância, de representarem personagens do Conflito Mucker”, complementa Daniel.

O historiador defende que a comunidade se aprofunde nas questões históricas. “Em primeiro lugar, é necessário que as pessoas conheçam esses lugares de memória e a partir daí saber interpretar e dar valor e significado a estes lugares. Como consequência, os monumentos passarão a ser respeitados por todos os sapiranguenses”, acrescenta. Para Gevehr, esse entendimento histórico poderá refletir em outros fatores que constituem a sociedade atual. “Somente a partir dessa percepção é que poderemos viver em uma sociedade com mais harmonia, com maior diálogo, com menos rivalidade, com menos ódio”, expressa. “Os últimos anos foram tempos difíceis, onde os antagonismos têm se aflorado como nunca antes vimos. Talvez a história do Movimento Mucker, a história da Jacobina e do Genuíno Sampaio sirvam exatamente de um elemento educativo nesse processo”, finaliza Daniel.

Elementos educativos

O historiador defende que a preservação e o entendimento da história e sua importância para a formação da sociedade precisam ser potencializadas na sociedade. “A história desse movimento, a história da Jacobina e do Coronel Genuíno precisam ser entendidas como um elemento educativo e não cabe a sociedade sapiranguense, em 2021, julgar qual monumento deve continuar existindo e qual monumento deve ter a cabeça arrancada. Os monumentos são produtos de um tempo”, esclarece Daniel.