Melhor forma de prevenir o câncer de pele: evitar sol excessivo e usar protetor

Sapiranga – Estamos em dezembro, que também é o mês de prevenção ao câncer de pele. Denominada de “Dezembro Laranja”, a campanha visa orientar a população sobre a importância de ações preventivas e cuidados diários que podem ajudar a prevenir a doença. Para tanto, a redação conversou com a médica dermatologista Kenselyn Oppermann, que também é membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, mestranda da UFCSPA e teleconsultora em dermatologia do TelessaúdeRS UFRGS. Kenselyn atua ainda em consultório privado em Novo Hamburgo e Sapiranga e no Hospital Sapiranga. A principal mensagem da profissional é: “tenha uma exposição consciente ao sol, cuide da sua pele, use protetor solar, observe os seus sinais, fique atento para a mudança das suas pintas. E, em qualquer dúvida, não hesite em consultar com o médico especialista da pele, que é o dermatologista”.

 

Entrevista com Kenselyn Oppermann, médica dermatologista

Jornal Repercussão: Quais são os principais sinais que indicam câncer de pele?
Kenselyn Oppermann: O câncer da pele pode ser dividido em duas categorias: melanoma e não-melanoma. O tipo melanoma decorre da proliferação de melanócitos atípicos, não é o mais raro, porém, o mais agressivo, pois pode se disseminar para outros órgãos e levar ao óbito. Já o câncer de pele não-melanoma é o mais comum, tanto na pele quanto em estatística geral de câncer. Dentre os cânceres de pele não-melanoma, cerca de 85% são carcinomas basocelulares (CBC) e 25% são carcinomas espinocelulares (CEC), ambos surgem da proliferação anormal de queratinócitos, que são as principais células da pele. Devemos suspeitar de melanoma quando há um nevo (sinal ou pinta) assimétrico, com bordas irregulares, duas ou mais cores diferentes, diâmetro maior que 0,6 mm, em crescimento ou com mudança em relação ao seu padrão – regra do ABCDE. O surgimento e o crescimento de novas “pintas” é menos aceito após os 40 anos de idade, portanto, essa informação também serve de alerta. Os carcinomas manifestam-se como sinais que não cicatrizam, podendo sangrar, formar pequenas crostas ou tornar-se mais avermelhados com o tempo. A revisão periódica da pele com dermatologista é fundamental para o diagnóstico precoce.

JR: Qual é a melhor forma de prevenir?
KO: Evitar exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV são as melhores estratégias para prevenir o câncer da pele.
Usar protetor solar com FPS maior ou igual a 30, de 3 em 3h; evitar exposição solar entre às 10h e 16h; usar chapéus e preferir locais de sombra em horários de maior exposição.

JR: Existe uma indicação de tempo para exame preventivo?

KO: O diagnóstico precoce do câncer da pele é realizado através do exame clínico da pele pelo dermatologista, através da dermatoscopia e da biópsia da lesão. Pessoas com pele clara, com exposição solar intensa ao longo da vida e história familiar de câncer de pele têm maior risco de desenvolver câncer da pele. Portanto, para esses grupos de risco, recomenda-se revisão dos sinais com dermatologista anualmente ou sempre que houver dúvida sobre algum sinal suspeito. Sobre prevenção, existe a primária, em que a principal recomendação baseada em evidência é a da proteção à radiação UV. A prevenção secundária seria a revisão periódica da pele com dermatologista, especialmente para indivíduos de pele, olhos e cabelos claros, múltiplos nevos ou com história familiar de câncer de pele; o objetivo seria o diagnóstico precoce para alcançar a cura. Por último, a prevenção terciária é o acompanhamento adequado de pacientes que já tiveram câncer de pele, principalmente nos cinco primeiros anos após o diagnóstico.

JR: Há uma idade mais propícia para se desenvolver o câncer de pele? É hereditário?

KO: É mais comum na vida adulta, especialmente após os 40 anos, sendo mais raro na infância e adolescência. Pessoas com pele, olhos e cabelos claros e história familiar de câncer de pele são mais predispostos. Fatores de risco são: pele e olhos claros, história familiar, queimaduras solares na infância e ao longo da vida, exposição a câmaras de bronzeamento artificial, radioterapia prévia, fototerapia crônica, estados de imunossupressão, exposição a arsênico, síndromes genéticas como albinismo, xeroderma pigmentoso, síndrome do nevo atípico ou de Gorlin-Goltz. No caso de carcinoma escamocelular, são conhecidos também a infecção pelo vírus HPV, úlceras crônicas, queimaduras, tabagismo e etilismo.