Marcação de consultas oncológicas se transforma em calvário

Campo Bom/Sapiranga – Descobrir um câncer e ter que esperar meses por uma simples consulta que irá encaminhar o tratamento oncológico. Essa é a triste realidade que se repete muitas e muitas vezes em nosso país, estado e municípios. E é o que está acontecendo com a campo-bonense Maria Wenilda Weis, 78 anos.

Suas filhas entraram em contato com o Jornal Repercussão em busca de uma solução para a situação da mãe. Neiva Weiss, uma das filhas, explicou que o câncer de mama foi descoberto durante tratamento de um câncer de tireóide, após realização de uma tomografia computadorizada em agosto do ano passado. “Apareceram dois nódulos na mama e ela foi encaminhada para exames, que foram feitos dentro de um mês, tudo lá em Porto Alegre, no Hospital Conceição”, explica Neiva. O câncer na tireóide já vinha sendo tratado há dois anos na Casa de Saúde da Capital. Foi lá, após descoberto o câncer na mama, que Maria realizou exames, biópsias e cirurgias, que retiraram os dois nódulos do seio e mais 18 linfomas debaixo do braço. Mas, para dar início ao tratamento oncológico (quimioterapia ou radioterapia), a paciente precisa do encaminhamento do Município, via Sistema Único de Sáude.

Peregrinação

Maria foi liberada em outubro para consultar e iniciar o tratamento. Desde então, Neiva vai toda semana até a Central de Marcação de Consultas de Campo Bom. “Em novembro disseram que em dezembro iriam chamar ela. Fui lá e me disseram que não chamaram ninguém. Daí em janeiro disseram que iriam chamar, passou janeiro e nada”, detalha.

Procedimentos nos municípios

Conforme Neiva, a única justificativa fornecida a ela, pela Central de Marcação de Consultas, é de que o problema é no Hospital Regina, conveniado do município, que não possui leito disponível.

A Secretaria de Saúde de Campo Bom esclarece que a marcação de Oncologia é realizada a partir da disponibilização de vagas pela Secretaria Municipal de Saúde de Novo Hamburgo e pela Oncologia SUS do Hospital Regina. A Secretaria campo-bonense, em 14/02, segue aguardando pela liberação das vagas para fevereiro de 2018.
A realidade em Sapiranga é bem diferente. Os pacientes oncológicos são atendidos na Unidade Central do município e encaminhados para o setor de regulação, onde a consulta é agendada e o paciente cadastrado. Os prazos dependem da especialidade, podendo levar mais de 30 dias em casos de tumor de pele, ósseo e cabeça. O tratamento é feito nos hospitais de Porto Alegre.

Alternativa surgiu via judicial

Foi na última vez em que estiveram na Central de Marcação, terça-feira, 30/01, que a instrução recebida pela outra irmã, Nika Weis, surpreendeu ainda mais. A atendente sugeriu que a família entrasse com uma ação judicial para agilizar a consulta. “No mesmo dia fui no Fórum ver tudo o que precisava, e na quinta-feira, 01, depois do feriado em Campo Bom, já fiz o encaminhamento”, conta. Agora, para a família, resta aguardar, seja por uma solução judicial, seja pelo chamado do Município.

Sapirangueses têm que aguardar meses para conseguir tomografias

Em Sapiranga, a leitora Elaci Muller falou que passa por uma perigrinação diária, para conseguir uma tomografia para seu filho que está com cálculo renal. Elaci contou que tentou marcar o exame para seu filho, mas foi informada que ele poderia conseguir o exame somente em janeiro de 2019.

A Secretaria de Saúde do município informou que os exames de tomografia são contratados e quantificados pelo Estado, por serem exames de alta complexidade. Mas, que eles são realizados em Clínica e no Hospital Sapiranga.

Em janeiro de 2018, foram realizados 69 exames sem contraste e com contraste 12 exames. Em janeiro de 2017, foram realizados 80 exames sem contraste e 20 com contraste – o contraste é uma substância que permite uma melhor avaliação de certas estruturas do organismo.