Luta por uma verdadeira inclusão nas escolas estaduais de Sapiranga e Araricá revela sério problema

Região – Alunos com necessidades especiais, para serem verdadeiramente incluídos em escolas tradicionais, precisam de acompanhamento também especial, o que não vem acontecendo em escolas estaduais pela região. O ponto principal é que faltam profissionais como psicopedagogas com carga horária suficiente para atender a todos com a qualidade esperada, assim como monitores para auxiliarem os professores em sala de aula. A questão é complexa e, sem a devida atenção e suporte, se torna ainda mais difícil.

“A inclusão acontece dia após dia. Tem muito preconceito ainda, então tanto eu, como diretora, e toda minha equipe diretiva vamos conversando com as turmas que compartilham inclusão. Aos pouquinhos vamos fazendo acontecer a aceitação”, pontua Margit Sintia Schwingel, diretora do CIEP em Sapiranga, escola que hoje atende 22 alunos já com laudo, e mais sete que ainda aguardam os laudos (casos como Síndrome de Down, paralisia cerebral, motora, baixa visão).

Uma psicopedagoga torna a convivência mais fácil. “É ela essa ponte entre aluno de inclusão, professor e turma. Ela também faz atendimento individual na sala de recursos, desenvolvendo as habilidades de cada um”, explica Margit.

Profissional raro nas escolas

“As psicopedagogas da rede estadual de Sapiranga fazem milagres, pois além de atender a sua escola fazem itinerância, dividem seus horários atendendo outras escolas”, revela Schwingel. No Ciep, a psico permanece apenas 10 horas, sendo que o ideal seriam 40 horas semanais, além da atuação de monitores, para auxílio dos professores. Em Araricá, na escola José de Oliveira Neto, o problema é o mesmo, com o agravante de que em uma única turma são atendidos 24 alunos do 1º ao 4º ano, e ainda três alunos possuem necessidades especiais. “Queria dividir as turmas, até porque temos deficiências nela, tenho três níveis: retardo mental, deficiência intelectual e baixa visão. E só um professor não consegue alfabetizar e trabalhar até o quarto ano”, salienta a diretora da escola, Adriane Fiuza. A psico atende os quatro casos da escola em apenas uma manhã. Outras quatro crianças estão em lista de espera.

SEDUC avalia

A Secretaria Estadual de Educação, em nota, informa que o Estado conta com 2,2 mil professores de educação especial e 718 monitores atuando diretamente na inclusão de alunos. Estes casos, segundo a Seduc, são situações pontuais, de começo do ano letivo. “A Seduc reitera que a demanda está sendo imediatamente suprida através do aumento de carga horária dos educadores, e da contratação emergencial de novos profissionais com esta especialização”, finaliza o texto. Margit recebeu uma boa notícia na tarde desta quarta-feira, 3, após reunião presencial com a Seduc. “Recebi a professora de educação especial, 40 horas, e o monitor pra atender o Pedrinho (caso ao lado) já está sendo solicitado”, comemora a diretora.

Pedrinho é superação

Tábua com alfabeto viabiliza comunicação do Pedro

Pedro Henrique Duarte Hining, 15 anos, é uma das histórias. Aluno do Ciep, Pedro é totalmente dependente fisicamente. “O cognitivo preservado, aluno nota 10, mas eu preciso dela (psico) como ponte entre professor e ele. Ele faz a comunicação através de uma tábua, com o alfabeto, onde vai com os dedinhos, só que ele tem espasmos o tempo todo, então nem sempre acerta a letra que tem que ser”, relata a diretora.

A mãe de Pedro, Sônia Mara Duarte, reitera a morosidade do processo. “Estamos desde ano passado com monitores provisórios. É tudo muito demorado quando diz respeito ao Estado. O que considero bem importante é que os auxiliares tivessem noções de primeiros socorros, caso fosse necessário atender esse aluno numa emergência. Isso também daria ao monitor mais segurança. É importante repensar, reformar as leis para que a inclusão aconteça de fato” declarou a mãe.

 

Texto: Sabrina Strack

Fotos: Sabrina Strack e CIEP