Lauro Reus estuda restringir cirurgias custeadas pelo estado

Crise estadual | Pagamentos para hospitais filantrópicos estão atrasados e gestores anunciam restrições de procedimentos
Campo Bom – Com despesa acumulada em R$ 1.278.500,33 que deveria ser paga pelo governo estadual, os gestores do Hospital Dr. Lauro Reus anunciaram uma medida drástica: a redução dos procedimentos eletivos pelo SUS (aqueles considerados necessários, mas não emergenciais, sendo possível escolher uma data para realizá-los).
Na prática, a população que não possui plano de saúde e depende do SUS encontrará dificuldades para encaminhar cirurgias ortopédicas, de otorrinolaringologia, proctologia, de varizes, de hérnia e cirurgias gerais eletivas. O custo médio do Hospital com materiais para a realização deste tipo de procedimentos gira em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil. “Teremos um ano difícil. Nos tiraram de 8 a 10% do orçamento mensal. Estamos no limite da sustentabilidade” cita o diretor-técnico, Zoé Dalmora.

Diretores pedem a compreensão dos moradores com momento delicado
O diretor-técnico do Hospital Lauro Reus, Zoé Dalmora, ressaltou que o momento é delicado. “Precisamos do apoio da comunidade e do município para manter a estrutura atual. Estamos nos adequando a esta nova receita”, comenta. Zoé reforça que não se faz gestão sem dinheiro, mas que os diretores estão se esforçando para não passar a crise para os usuários do SUS. “Alguns serviços serão afetados e isso influencia na quantidade e na qualidade dos atendimentos”, destaca. Outro ponto contraditório listado pelos gestores é a alta nos percentuais dos procedimentos realizados pelo Hospital. “Temos um incremento de 25% comparado a 2014. Não tem cálculo que resolva essa diferença”, analisa Zoé Dalmora.
Demanda grande
Desde que o Hospital de Caridade São Roque, de Faxinal do Soturno, assumiu a gerência do Hospital Dr. Lauro Reus, tem se mantido por 24 horas, sete dias por semana, em regime de plantão um pediatra, dois clínicos gerais, um traumatologista, um obstetra, um médico rotineiro, um cirurgião-geral e um anestesista. Conforme a direção, são mais de 350 internações por mês – média de 11 diariamente – e 150 procedimentos cirúrgicos todos os meses. “Todas as emergências encaminhadas pela rede básica de saúde caem no Hospital”, diz Zoé.
Estado comenta
Através da assessoria de imprensa, o governo estadual informa que os repasses aos hospitais em 2015 estão regularizados. No total, até o momento, a Secretaria Estadual da Saúde já pagou R$ 464,5 milhões em recursos próprios do Estado e repassou R$ 347,9 milhões oriundos do Governo Federal a instituições hospitalares. O que está pendente são parcelas de 2014, que deixaram de ser pagas pela gestão anterior devido a um comprometimento acima da capacidade orçamentária. A secretaria encerra dizendo que está aberta ao diálogo.