Ipê Amarelo sofre com as invasões em Nova Hartz

Uma porta arrombada (foto ao lado na vertical) é a principal marca da invasão de duas casas populares construídas no Loteamento Ipê Amarelo. A ocupação irregular que ocorreu na sexta-feira (25) e antes do prazo de entrega de mais 60 casas (que é 9 de agosto) estabelecido pela Prefeitura e a Cooperativa Habitacional dos Empregados dos Correios (Coohrreios), foi promovida por famílias que nada tem a ver com o projeto social e que não possuem nenhum vínculo com a cooperativa dos Correios.
Para intervir na ocupação irregular, foi necessário chamar a Brigada Militar. O tenente, Antonio Carlos da Rocha Ribeiro, responsável pelo policiamento no município, disse que uma família que ocupou a residência foi encaminhada para a Delegacia de Polícia de Taquara, onde uma ocorrência foi registrada.
Nos últimos dias o prefeito, Arlem Tasso, o secretário de Habitação e Meio Ambiente, Guilherme Jardim e a procuradoria geral do município, trabalham em uma ação de reintegração de posse para tirar as famílias das casas invadidas.
Reintegração de posse é articulada pela Prefeitura
Após o ocorrido, o prefeito, Arlem Tasso, o secretário de Habitação e Meio Ambiente, Guilherme Jardim, e representantes da Cooperativa dos Correios se reuniram durante esta semana para tratar da invasão do Loteamento Ipê Amarelo.
Ficou definido que a Cooperativa irá disponibilizar advogados para ingressarem com demanda judicial para a retirada dos invasores das duas casas invadidas, além da realização de reunião com os cooperados da Cooperativa dos Correios para tratar do cronograma de entrega das casas. Ontem (30) reunião no Espaço Cultural Pastor Wartenberg, definiu os próximos passos que serão tomados neste caso.
Dona Valeria conta com a ajuda da irmã para sobreviver
A rua é de chão batido. O chalé de madeira antigo revela que a residência necessita de reformas urgentes. Olhando as notícias do esporte que passavam na televisão na segunda-feira (28) e sentada na sala da sua casa, dona Valeria Regina Lemos, 46 anos, recepcionou com muita simpatia a reportagem do Jornal Repercussão. “Pode abrir o portão e entrar, moço!”, pediu respeitosamente. Um vira-lata na porta de entrada do chalé,  no bairro Primavera, se revelava o fiel escudeiro e protetor da dona de casa, que mora sozinha no local. 
Com duas hérnias de disco na região da coluna, dona Valeria relatou a longa espera para entrar na casa 466 do Loteamento Ipê Amarelo. “São 14 anos esperando por este momento. Paguei mais de 14 prestações de 97 reais para poder ter direito a esta casa e não vejo a hora de fazer a mudança”, comenta.
Mas, até mesmo esta simples tarefa de trocar os móveis de lugar é uma tarefa árdua para a dona de casa. “Os movimentos das mãos são limitados e em razão disso vou pedir uma ajuda para a minha irmã e a filha”, se explica.
Atualmente, a dona de casa paga 315 reais de aluguel e conta com a ajuda da irmã para sobreviver. “Não recebo mais o auxílio-doença do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Estou buscando através do advogado reaver o benefício”, explica.
A dona de casa se inscreveu na Secretaria de Assistência Social, no ano 2000, para ser contemplada em um dos programas assistenciais de habitação popular, voltados para pessoas de baixa de renda. Enquanto o dia 9 de agosto não chega, Valeria aproveita para encaixotar seus pertences à espera da mudança. “Não acho justo pessoas invadirem o que não é delas”, conta.