Internet oferecida pelo Facebook em áreas carentes geram questionamentos

Ineditismo | Proposta da empresa é conectar pessoas e potencializar negócios

Desde que o fundador e criador do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou ao lado da presidenta, Dilma Rousseff, um projeto de internet gratuita para populações pobres ou isoladas, entidades ligadas à defesa da liberdade de comunicação e da internet livre questionam a verdadeira intenção da proposta. Detalhes devem ser apresentados este mês, quando Zuckerberg vem ao Brasil para revelar como funcionará o programa.
Na carta assinada por diferentes entidades, entre elas a Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação, o modelo proposto pelo programa Internet.org (nome global para a proposta escolhido pelo Facebook) traz efeitos desastrosos ao desenvolvimento de culturas regionais, comprometendo o direito de acesso à informação. Trecho da carta diz que “plataformas como o Facebook controlam por meio dos seus algoritmos e termos de uso os conteúdos e dados que circulam na rede, determinando de maneira centralizada e de acordo com critérios próprios e pouco transparentes os conteúdos mais visualizados pelos usuários”. O programa Internet.org é uma iniciativa conjunta da empresa com outras gigantes do setor de comunicações como à Samsung, Nokia, Qualcomm, MediaTek, Ericsson e Opera.
Dilma e  Zuckenberg tiveram encontro
No mês de abril, a presidenta Dilma Rousseff anunciou uma parceria com a rede social Facebook para levar a internet a populações pobres ou em áreas isoladas a fim de facilitar o acesso digital a serviços sociais, como educação e saúde.
Entidades assinam carta à presidenta
A PROTESTE e outras 33 entidades que participam da campanha Marco Civil já entregaram uma carta à presidente Dilma Rousseff com críticas ao acordo entre o Facebook e o governo brasileiro para levar internet à população de baixa renda e de áreas isoladas do país. De acordo com a carta, o projeto Internet.org viola direitos assegurados pelo Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965), como a privacidade, a liberdade de expressão e a neutralidade da rede.
Ao prometer o “acesso gratuito e exclusivo” a aplicativos e serviços, o Facebook está na verdade limitando o acesso aos demais serviços existentes na rede e oferecendo aos usuários de baixa renda acesso a apenas uma parte da internet.
Esta estratégia da rede social, realizada em parceria com operadoras de telecomunicações e provedores de conteúdo, desrespeita o princípio da neutralidade, ainda que garanta o uso dos aplicativos e conteúdos mais populares. A longo prazo, pode gerar concentração dos serviços de infraestrutura, de acesso à internet e conteúdos, restringindo a liberdade de escolha do usuário. 
Projeto paralelo
Paralelamente ao Programa Internet.org, o Facebook mantém outro projeto em andamento em países pobres e subdesenvolvidos. Na favela de Heliópolis, em São Paulo, uma das maiores do Brasil, a empresa disponibiliza em um espaço da Associação de Moradores de Heliópolis (Unas), um telecentro com 15 computadores conectados à internet. 
Chamado pelo Facebook de Laboratório de Inovação, a estrutura possibilita aos inscritos em um curso de capacitação aprender a utilizar a rede social, como empreender na internet, lições de finanças, gestão, além de compreender como funciona o marketing digital. Estas instruções são oferecidas pelo Facebook em parceria com o Sebrae e o Interactive Advertising Bureau (IAB) Brasil – empresa voltada ao desenvolvimento do setor de mídia digital.