Índia como destino para praticantes de Yoga

Gaúcha na Índia | Relatos de uma terra de contrastes e conhecimento

A massoterapeuta Morgana Garin Astarita, 24, estava morando há um ano na Irlanda quando a vontade de buscar conhecimento a fez arrumar as malas e partir para Índia. O plano era fazer um curso de um mês para ser professora de yoga e os dois meses restantes viajar pelo país. De volta ao Brasil desde agosto, a agora tutora recém formada divide-se entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, onde seu namorado e parceiro de viagem vive.

Era maio quando o casal entrou no avião da KLM e seguiu rumo à mística e espirituosa Índia. Para trás, ficaram lembranças de 12 meses de convívio com o simpático povo irlandês, com a chuva e muitos dias cinzas. Chegando na terra de Gandhi o cenário era outro. Ela conta que a adaptação foi chocante; trânsito caótico, cidades superpopulosas e sujas, miséria, além de diferenças culturais. Uma delas é a maneira com que os indianos enxergam o homem e a mulher. A gaúcha relata que era difícil ver mulheres atuando no comércio, a maioria trabalhava na roça ou em construções, muitas vezes carregando entulho. Além disso, o uso de roupas que mostrassem os ombros e pernas não era bem visto. Por outro lado, Morgana conta que o povo é bem solidário e unido, dividem a comida até mesmo com quem não conhecem. Ela acredita que os turistas que vêm para Índia são pessoas diferentes, mais abertas e amigáveis, que viram seu amigo facilmente.

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Muitos destes turistas a gaúcha encontrou na escola em que fazia o curso. Localizada na cidade de Dharamsala, no norte da Índia, o colégio com estrutura de pousada também foi sua residência. Um quarto com vista para as montanhas era motivo de contemplação todos os dias. A cidade é conhecida por ser a moradia de Tenzin Gyatso, conhecido mundialmente como Dalai Lama. No entanto, eles nao o viram por lá. Antes do treinamento começar o casal foi a Varanasi, às margens do rio Ganges, uma das cidades mais sagradas do país, onde os rituais de cremação são realizados. Outro local visitado foi Rishikesh, conhecida como a capital do yoga. Ao final do curso foram conhecer as montanhas do Himalaia e a cidade de Leh, na província de Laddak, zona de conflito territorial com o Paquistão. No mês em que Morgana estudava, seu namorado fotografava o cotidiano e a cultura dos hindus e budistas. Renan Leandrini, 26, também participou como voluntário em um centro de apoio aos tibetanos refugiados, ajudando em aulas de inglês e fazendo fotos e vídeos para o site da organização. Apesar de ter concluído o curso, Morgana salienta que ainda precisa de mais prática para exercer a profissão com excelência.

Sobre o curso

Morgana pontua que está envolvida com o yoga desde os 13 anos e que tem uma relação forte com o mundo holístico. Assim, tomou a decisão de se especializar na área. O curso para ser professor de yoga exigia 200 horas de treinamento. Numa rotina puxada, o dia começava às seis da manhã com leitura de mantras e meditação, depois seguiam as aulas de asanas (posturas de yoga), café da manhã, lições de filosofia, anatomia, mais aulas de asanas, e em seguida já era hora de jantar e dormir.

A gaúcha explica que um dos ensinamentos das aulas de filosofia era que para atingir o nível de meditação é necessário que o corpo, mente e espírito estejam unidos. Porém, é preciso limpar estes três elementos pra alcançar esta união. Ela conta duas técnicas que eram praticadas no curso para limpar o corpo:

Com a cabeça na inclinação correta e respirando pela boca, um pouco de água morna com sal é derramada no nariz e em seguida a água sai pela boca. Utiliza-se um utensílio próprio para esta técnica.

Pela manhã, ainda em jejum, toma-se alguns copos de água morna com sal e limão; depois o vômito é induzido para limpar as impurezas do estômago, causado por alimentos industrializados.