Hospital quita dívidas e mira salto de qualidade

Sapiranga – Após anos operando com saldo financeiro negativo, o Hospital de Sapiranga já começa a visualizar um horizonte bem melhor logo à sua frente. Ainda com dificuldades, mas com um planejamento minucioso, a instituição privada de saúde vai estabelecendo aos poucos novas alternativas para colocar as contas em dia. 
De acordo com o presidente do hospital, João Edmar Wolff, muitas dívidas foram geradas em administrações anteriores da instituição, mas hoje, com a ajuda de empresários e da comunidade em geral, parte do valor já foi quitado.
Com 130 leitos disponíveis e mais 12 que estão em construção, o Hospital de Sapiranga objetiva investir o valor, antes utilizado para sanar dívidas, em melhorias na estrutura, para atender ainda melhor a população. 
A média mensal da instituição é de 600 internações, 2,5 mil atendimentos de urgência, 3 mil consultas no Centro de Especialidades, 5 mil exames no Centro de Diagnósticos, 110 partos e 320 procedimentos cirúrgicos.
ENTREVISTA – João Edmar Wolff
Jornal Repercussão – Qual a realidade enfrentada pelo Hospital de Sapiranga quando o tema é o repasse de recursos por parte de Governo Federal e Estadual?
João – O repasse feito pelo Governo Federal é de aproximadamente R$400 mil mensais. Já o Estado costuma ajudar com R$ 1 milhão anual. Considero esse valor baixo, perto dos custos para manter o hospital. A Prefeitura de Sapiranga e os municípios da região contratam cirurgias eletivas e exames especializados, que complementam em partes o orçamento do hospital. Além disso, ainda dependemos de outras ajudas para quitar parte das dívidas federais do passado, como INSS, imposto de renda retido na fonte, fundo de garantia, entre outros. Esse débito foi parcelado em 20 anos. Já foi pago cerca de 5 anos.
 Verbas de parlamentares também ajudam muito. O deputado federal Renato Molling nos passou ao total cerca de R$ 2 milhões nos últimos anos e o deputado estadual Fixinha cerca de R$300 mil.     
Jornal Repercussão – Há poucas semanas, o Hospital informou que a dívida com a AES Sul (mais de R$1,5 milhão) foi quitada, com ajuda da comunidade e empresários. Como foi isso?
João – Muitas pessoas não acompanharam o passado do Hospital e afirmo que a instituição estava fechando as portas em 2006. O prejuízo estava em mais de R$1 milhão por ano. Fizemos uma reunião com diversas empresas da cidade e foi designada uma nova diretoria. Em 2007, fui indicado como presidente. Fiz uma avaliação do hospital em meio ano e notei que tínhamos que movimentar a comunidade. Fizemos um meio-frango (10 mil cartões), que foi um sucesso. Lançamos o programa da conta de luz e passamos em residências durante um ano, captando famílias dispostas a contribuírem. Empresas também contribuíram. Fizemos um parcelamento com a AES SUL para 5 anos, que se encerrou recentemente. A dívida está quitada. Agora, investiremos essa arrecadação mensal na parte da ala do SUS (Sistema Único de Saúde), pois não são enviadas verbas para a reforma dessa parte do hospital. 
Jornal Repercussão – Prefeituras mantêm convênios com o Hospital. Comente a importância disso. 
João – Os municípios complementam, em parte, a defasagem que o Hospital deveria receber do Estado. Para se ter uma ideia, a UTI hoje nos dá um prejuízo de R$100 mil ao mês. Portanto, as prefeituras compram serviços do hospital. Isso quando não param de pagar ou pagam menos, como no final de 2012. Só isso somou dívidas de R$ 500 mil no final do ano.  
Jornal Repercussão – A Ala dos Cristais (foto acima) deve disponibilizar em breve 12 novos leitos para a comunidade. Fale sobre isso. 
João – A Ala dos Cristais (unidade de internação de convênios e particulares) deve ser inaugurada em breve, para atender com ainda mais excelência nossa comunidade. Além desses leitos novos, todos os quartos antigos da ala também serão reformados.