Histórias reais de pessoas que tiveram as vidas modificadas pelo Covid-19

Sapiranga – Os danos causados pelo Covid-19 chegaram à vida de muitas pessoas de modo repentino, sem aviso prévio, e deixando marcas que ficam para sempre na memória. Atualmente, Sapiranga já registra um total de 582 casos confirmados e total de 20 óbitos. São vidas perdidas em uma queda de braço com a doença e que ainda hoje inclusive trazem dor e saudade daqueles que não conseguiram vencer o poderoso inimigo. É o caso dos familiares e amigos de João Gilberto dos Santos, de 39 anos, que faleceu no dia 19 de junho, cinco dias antes de completar quatro décadas de vida. Mais recentemente, o quadro de funcionários da própria Prefeitura de Sapiranga se despediu com pesar do servidor público Heitor Zenzen, de 50 anos, por complicações de saúde após testar positivo para o coronavírus. Entretanto, existem também histórias de vida de quem superou a doença. É o caso do policial militar David Dutra, de 41 anos, que fala com emoção agora que, aos poucos, busca a retomada da rotina. Tanto o soldado, quanto os familiares das vítimas da Covid-19, são unânimes quanto a gravidade da doença e a importância da precaução e cuidados de propagação do coronavírus.

Relatos de pessoas conhecidas

O montador de móveis e morador do bairro Voo Livre, João Gilberto dos Santos, 39, foi o primeiro falecimento por complicações do Covid-19, em Sapiranga. Descrito pela família como uma pessoa sempre alegre e que não acreditava no vírus, João esteve internado durante duas semanas na UTI do Hospital Sapiranga. Ele morreu em 19 de junho. Outros familiares também testaram positivo após um almoço com pouco mais de dez pessoas.

“Esse vírus acaba com a família”

De acordo com a auxiliar de limpeza e companheira de João, Iara Pena Cunha, de 48 anos, nunca havia tempo ruim ao lado dele. “Esse vírus ele acaba com a família, por que é uma coisa que nunca se esperava. É muito triste por que a família não tem direito a despedida. Acho que não tem algo que dói mais do que perder uma pessoa por essa doença. Ele (João) não tinha outras doenças, só era gordinho, mas não se queixava de nada, trabalhava de segunda a sábado”, disse emocionada. Os demais membros da família também testaram positivo para Covid-19. “Infelizmente esse vírus está levando muita gente por que ainda não levam a sério, muita gente acha que é uma gripezinha. Só quem pegou sabe como a gente se sente”, finalizando revelando também preconceito por parte da sociedade com aquelas pessoas que já tiveram o vírus.

Em Campo Bom, o número de mortos pelo Covid-19 já soma 25. Araricá contabiliza 3 óbitos e Nova Hartz, uma.

Policial parou na UTI e teve coma induzido
Alta hospitalar teve carreata de amigos

O soldado David Dutra, de 41 anos, acostumado com o enfrentamento à violência encontrou no vírus o seu inimigo mais violento. Dores de cabeça e febre antecederam tosse seca e falta de ar. Uma semana separou os primeiros sintomas da internação na emergência do Hospital Sapiranga, em 13 de junho. Com a abertura de vaga no Hospital da BM em Porto Alegre, o policial junto com a família optou pelo tratamento na Capital.“Estava com 75% do pulmão comprometido. Imediatamente, me entubaram na UTI e me mantiveram sedado. Foram oito dias em coma induzido e com respiração artificial”, disse. David teve alta em 6 de julho, com direito a recepção com carreata organizada por amigos e colegas policiais. O soldado aguarda liberação médica para voltar à atividade profissional, enquanto realiza tratamento com uso de medicamentos corticoides e anticoagulantes, devido às sequelas no pulmão. “Gostaria de deixar um pedido à todos, independente de partido político, de crença, essa doença é real. Cuidem-se e cuide de seus familiares. Essa doença é terrível, só quem passou por ela pode dizer. A coisa é muito imprevisível, tu não pode arriscar, achando que vai pegá-la e logo vai passar. Sou uma pessoa pessoa saudável e passei todos esses momentos de dificuldades”.