Governo do RS contará somente casos de pacientes internados para definir bandeiras do distanciamento controlado

Por Henrique Ternus Lamb

Estado – O governo do Estado vai mudar a forma de contabilizar os casos de coronavírus para definição das bandeiras do modelo de distanciamento controlado. A partir de 30 de maio, somente os casos que geram hospitalização serão usados para medir a proliferação do vírus nas regiões gaúchas. O anúncio foi feito pelo governador Eduardo Leite em transmissão ao vivo na tarde da última quarta-feira (20). A alteração ocorre após pedidos de prefeitos, que relatavam estar sob medidas mais rígidas apenas pelo fato de estarem realizando um maior número de testes nos seus municípios.

Atualmente, o modelo de distanciamento controlado do RS considera todos os resultados dos testes moleculares (RT-PCR) para avaliar a velocidade de contaminação em cada uma das 20 regiões. A mudança passa a medir o dado usando como base somente os pacientes testados positivos que precisarem de atendimento hospitalar. O governador Leite argumentou que a alteração serve para melhorar as condições de comparabilidade entre as áreas. “Temos, de fato, municípios e regiões que estão testando mais, mesmo segundo o exame RT-PCR”, afirmou o governador. Esta é a primeira alteração na fórmula do cálculo do modelo, implementado pelo governo estadual no dia 9 de maio.

O distanciamento controlado define as regras de distanciamento, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e funcionamento do comércio para 20 regiões do estado, baseado em um cálculo que leva em conta dados sobre a proliferação do vírus e internações hospitalares em cada município gaúcho. Cada região recebe, semanalmente, uma bandeira que define quais as medidas que devem ser adotadas, com o objetivo de conter a disseminação do novo coronavírus. As bandeiras variam entre amarela – que define uma situação mais controlada e, portanto, regras mais brandas –, laranja, vermelha e preta – que é determinada em casos de cenário grave da doença na região, e então regras mais duras devem ser adotadas.

Diferenças entre teste rápido e teste molecular

Nos testes RT-PCR, ou testes moleculares, se colhe uma amostra da pessoa com um cotonete colocado na boca ou no nariz do paciente. O material coletado é enviado para análise de um laboratório, que rastreia pelo material genético do vírus. O resultado, que pode ser obtido em aproximadamente 4 horas, identifica se a pessoa está infectada com o vírus. Este tipo de teste é indicado para ser realizado entre os dias 3 e 7 dos sintomas da doença. O teste RT-PCR é o que gera resultados mais confiáveis e detectam o vírus ativo no paciente.

Já nos chamados testes rápidos é feita uma coleta de sangue, semelhante a um teste de glicemia. O material coleta é analisado diretamente em um aparelho, que mostra o resultado em 10 a 30 minutos. Este exame busca por anticorpos do coronavírus, portanto, se o resultado é positivo, indica que o paciente já foi infectado pelo novo coronavírus e criou anticorpos para a doença. Este tipo de teste deve ser realizado 10 dias após o início dos sintomas, tempo necessário para o corpo desenvolver os anticorpos. Por isso, os testes rápidos não são contabilizados no levantamento de dados do RS para o distanciamento controlado, já que os pacientes que testam positivo neste exame possivelmente não estão mais com o vírus ativo. Além disso, essa testagem é feita com intensidades e frequências irregulares nas diversas regiões gaúchas, gerando dados nem sempre eficazes e atualizados.