Gastão Klein, o engenheiro que se dedicou por completo à Sapiranga, deixa a Prefeitura

Sapiranga – Gastão Vicente Klein, 65 anos, o primeiro engenheiro da Prefeitura de Sapiranga, se aposentou. Após 43 anos de serviço público, Gastão se orgulha por ter ajudado a criar e implementar o Plano Diretor da cidade.

Quando começou, em janeiro de 1975, o município possuía apenas 15 mil habitantes e o prefeito era Nelson Nadler. Não havia Plano Diretor, tampouco uma Legislação Urbanística. Foi então que o engenheiro Gastão iniciou seu trabalho. Juntamente com técnicos da METROPLAN, o grupo elaborou o Plano Diretor.

“Ao longo de todo esse tempo, a Prefeitura se tornou uma extensão da minha família, e a cidade uma extensão da minha casa, ou seja, sempre tratei a Prefeitura e a cidade com muito carinho e responsabilidade” – comenta o engenheiro Gastão em entrevista exclusiva para o Repercussão.

Uma das principais características de Gastão Klein é a sua lisura. Ele se orgulha de jamais ter se filiado a nenhum partido político, tendo assim, total liberdade de transitar e falar sobre o Plano Diretor, apenas tecnicamente, sem nenhum tipo de opinião política. “Agindo assim, sempre tive a liberdade de expressar a minha opinião técnica, como engenheiro e funcionário público, a respeito do Plano Diretor, e assim todos os Prefeitos podiam seguir as orientações” – diz o engenheiro.

Emocionado, Gastão Vicente Klein conta um pouco sobre suas principais obras e trabalhos para a Prefeitura

Tendo como principal legado dentro da Prefeitura de Sapiranga a criação e implementação do Plano Diretor, Gastão Klein comenta que o Plano só foi aprovado pela Câmara Municipal no final de 1976. O início da implantação foi no ano seguinte, na gestão do prefeito Remi Jorge Zimmer. O Plano era composto pela Lei de Zoneamento de Uso do Solo, Lei de Parcelamento do Solo e Código de Obras. Além disso, foi definido o Sistema Viário Principal, compreendido por:
– Anel Central (composto por parte da Avenida 20 de Setembro, Rua 15 de Novembro, parte da Av. João Corrêa, Rua Genuíno Sampaio, Rua Padre Reus, e parte da Rua Getúlio Vargas).
– Anel de Contorno do Centro (composto pela Avenida Mauá, Avenida Antão de Farias, Rua Saldanha da Gama, Rua Flores da Cunha e Rua Alberto Schmidt).
– Vias Coletoras de Bairros (compreendido pela Rua Major Bento Alves e parte da Avenida 20 de setembro, para os bairros Amaral Ribeiro e Sete de Setembro; Rua Presidente Kennedy, no bairro São Luiz; Rua Duque de Caxias, no Centenário; e parte da Avenida 20 de Setembro, no bairro Oeste).
– Perimetral Norte (composta pela Travessão Ferrabraz, com o objetivo de ligar a cidade de Leste a Oeste, sem precisar passar pelo centro).
O objetivo dos Anéis era retirar da Avenida João Corrêa o trânsito pesado de veículos, deixando a mesma apenas como Avenida Central da Cidade.

Durante uma das reavaliações do Plano Diretor, foram definidas também as duas principais obras de macrodrenagem da cidade: a separação dos Arroios Mauá e Sapiranga nos trechos canalizados, evitando assim os frequentes alagamentos decorrentes das enxurradas. O projeto ainda conta com o alargamento do Arroio Sapiranga, em uma extensão de 8km, entre a Zona Urbana e o Rio dos Sinos.

Foi durante o governo do Prefeito Waldomiro dos Santos que ocorreu a primeira Reavaliação do Plano Diretor. Prevista para cada dez anos, aproximadamente, a Reavaliação tem como objetivo alterar o que fosse preciso e acrescentar novas previsões.

Daquele primeiro Plano Diretor, falta hoje, apenas a conclusão do Anel de Contorno do Centro, com a complementação das Avenidas Mauá e Antão de Farias.

Gastão destaca também que os seus primeiros anos dentro da Prefeitura eram os mais satisfatórios no que diz respeito à arrecadação de verba para as obras: “Na época, aqui no Brasil, tínhamos um municipalismo razoável, pois todas as principais obras do Plano Diretor eram feitas com recursos próprios”. Gastão ainda complementa: “Infelizmente, ao longo dos anos, o nosso municipalismo encolheu, e os recursos do bolo tributário ficaram quase todos centralizados na União. Desta maneira, o Município depende quase que totalmente de recursos federais para realizar suas obras, aumentando a burocracia, o tempo e o custo para a execução da obra”.