Gasolina de melhor qualidade passa a ser obrigatória nos postos do país. Entenda as novas especificações

Com informações da Agência Brasil

País – A partir desta segunda-feira, 3, a gasolina no país passa, obrigatoriamente, a ser de melhor qualidade, e assim proporcionando melhor desempenho aos veículos, mas também, aumentando o preço do combustível. A alteração foi determinada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em janeiro. O texto estabelece novos parâmetros para a destilação, a octanagem e a massa específica da gasolina automotiva vendida no país.

A doutora em química e especialista em regulação da ANP Ednéia Caliman explica que a mudança aproxima o padrão da gasolina no Brasil ao da União Europeia e dos Estados Unidos. “A gasolina está sendo melhorada para que os motoristas não sintam problemas com a qualidade, não sintam perda de potência, não sintam falhas de partida, não observem problemas de falha de detonação. Não há necessidade de nenhum ajuste nos veículos para o recebimento dessa gasolina. Muito pelo contrário. Ela está vindo justamente para se adequar às novas tecnologias e mesmo para um veículo antigo, não há nenhum problema.”

Densidade
Uma das mudanças é o estabelecimento de um limite mínimo de massa específica para a gasolina automotiva. A partir desta segunda, a gasolina vendida às distribuidoras precisará ter 715 quilos por metro cúbico.

A massa específica da gasolina está relacionada à sua densidade, assim a gasolina mais densa tem mais energia disponível, e isso fará com que os veículos circulem mais com menos combustível. A redução do consumo poderá ser de 4% a 6%, estimam os estudos que embasaram a mudança publicada pela ANP.

Destilação

Outra novidade nas especificações é o estabelecimento de uma faixa a ser seguida, para o parâmetro chamado de destilação, que mede a volatilidade do combustível. Ednéia Caliman explica que um perfil adequado de destilação gera melhora na qualidade da combustão em ponto morto, na dirigibilidade, no tempo de resposta na partida a frio e no aquecimento adequado. Esses ganhos favorecem a eficiência do motor, resume a especialista da ANP.

Resistência à detonação
A terceira mudança mais relevante nas especificações é na medição da octanagem, que é importante para controlar a resistência da gasolina à detonação. Quando o combustível tem uma octanagem adequada, ele evita um problema conhecido como batida de pino, uma ignição precoce que causa danos ao motor.

Assim, as novas especificações exigem um mínimo de octanagem RON, que é de 92 para a gasolina comum, e de 97 para a gasolina premium. A partir de janeiro de 2022, o limite mínimo para a gasolina comum subirá para 93.

Especialista em combustíveis da Petrobras, Rogério Gonçalves explica que a companhia começou a adaptar suas refinarias já no início do ano e que fornecia a gasolina dentro dos novos parâmetros desde então. A estatal é a maior fornecedora do combustível no país, e Gonçalves afirma que, além de já atender à especificação que vai começar a vigorar este ano, a Petrobras se antecipou em relação à octanagem e já está produzindo a gasolina nos moldes do que será exigido para esse parâmetro em 2022.

Preço
Gonçalves avalia que as novas regras também ajudam no combate ao combustível adulterado. “Muitos fraudadores de combustível adicionam produtos muito leves à gasolina para ganhar volume, produtos baratos”, explica. Ele afirma que, com uma gasolina mais leve, essas fraudes eram mais difíceis de identificar. As especificações que exigem uma gasolina mais densa, por outro lado, tornarão esses crimes mais fáceis de serem identificados.

A gasolina mais pesada e de melhor qualidade também é mais cara para ser produzida e tem maior valor no mercado internacional, que é usado como referência pela Petrobras para definir os preços de seus produtos. Em nota, a empresa afirma que “o ganho de rendimento compensa a diferença de preço da gasolina, porque o consumidor vai rodar mais quilômetros por litro”.

A Petrobras explica que o custo de produção é apenas um dos fatores que determina o custo final da gasolina, que também é influenciado pelas cotações do barril de petróleo e do câmbio e pelo custo com frete. “Esses fatores podem variar para cima ou para baixo e são mais influentes no preço do que o custo de formulação. Além disso, vale lembrar que a Petrobras é responsável por apenas 28% do preço final da gasolina nos postos de serviço. As demais parcelas são compostas por tributos, preço do etanol adicionado e margens das distribuidoras e revendedores”, diz a estatal.