Ex-diretora da Câmara de Nova Hartz denuncia presidente Colombo por exigir parte do salário

Conforme advogado Dilson Machado, exigir parte do salário de servidor pode configurar em crime de corrupção ativa ou peculato

Nova Hartz – Uma grave denúncia da ex-diretora Geral da Câmara de Vereadores, Claudete Rodrigues, recai sobre o presidente do Legislativo, Eloir Colombo (MDB). Nesta segunda-feira (24), a ex-funcionária da Câmara foi até o Ministério Público Federal (MPF) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS) denunciar Colombo pelo crime de corrupção e peculato – exigir parte do salário para benefício próprio. A prática, ocorreu por oito meses – de janeiro a agosto deste ano -, período em que a ex-cargo de confiança permaneceu em um dos mais altos cargos da Câmara.

Em uma entrevista exclusiva concedida ao Jornal Repercussão na própria residência de Claudete, ela apresentou cópias de dois comprovantes bancários feitos entre maio e junho. Porém, o beneficiário do recurso não foi Colombo, e sim, a sua companheira, Vania Guimarães. “Fiz esses dois depósitos, totalizando R$ 1.000,00 na conta dela. Pessoalmente e todos os meses, eu repassei de forma parcelada, outros R$ 7.000,00 no total, diretamente para o presidente Colombo”, denuncia, explicando que pelo acordo teria que devolver o valor de R$ 14.000,00.

De apoiadora política a denunciante

A principal motivação para a exoneração de Claudete Rodrigues, conforme informações repassadas ao Repercussão, recaem sobre o momento em que o marido de Claudete procurou Colombo para não descontar R$ 1.000,00 do salário de dezembro deste ano. “Não queríamos pagar esses R$ 1.000,00. Aí como o Colombo não aceitou em não receber esse valor, meu marido disse que a partir dali, eu (Claudete) não iria mais pagar mensalmente R$ 1.000,00 do meu salário para o Colombo. Essa sinalização negativa minha foi o real motivo para a minha exoneração. Se eu não tivesse dito que não iria mais dar R$ 1.000,00 do meu salário para ele, eu poderia colocar o perfurite (adesivos colocados no vidro traseiro de automóveis) de qualquer candidato. Essa desculpa dele de dizer que me exonerou em razão da colocação de perfurite de outro candidato não é verdadeira. Foi porque eu disse que não iria mais dividir o salário com ele”, explica Claudete.

Antes de ser exonerada, Claudete esteve em uma manhã na Câmara de Vereadores e disse à Colombo que se ele não readmitisse, todos os aspectos envolvendo a exigência dele na divisão de salários seria denunciado no Ministério Público e demais autoridades. “Foi a partir disso que ele sugeriu que tentaria conseguir um emprego para mim, em Parobé. Mas, isso era para não ser denunciado”, disse Claudete.

Troca de mensagens por celular

Outro documento apresentado por Claudete no MPF e no TCE/RS são cópias de conversas que ela manteve com a companheira de Colombo. “Salvei as conversas que tive com a mulher do Colombo, entre os dias 13 a 30 de maio, onde ela me cobra o depósito de valores”, explica Claudete.
Claudete argumentou que a exigência de parte do seu salário seria para dar uma contrapartida para a esposa de Colombo, que durante a campanha, cedeu o próprio carro para as atividades políticas do período eleitoral. “Ele disse que o carro se desgastou demais, estragou demais e isso seria para ajudar ela”, confessou.

DEFESA DE COLOMBO
O presidente da Câmara de Vereadores, Eloir Colombo, se defendeu e disse que as acusações da sua ex-assessora são falsas e que irá processá-la por calúnia. “Exonerei ela, pois ela adesivou o carro com o emblema de outro candidato de outro partido. Essa história de divisão de salário é tudo mentira e não tem nada a ver. Quando eu precisava, eu pedia dinheiro para ela, e quando ela precisava, pedia dinheiro para mim. Isso tudo é infundado e não devo nada. Capaz que eu pegaria salário de assessor. Ela trabalhou por cinco anos e oito meses comigo, e agora, foi me denunciar que eu exigi parte do salário. Essa história envolvendo minha esposa não tem nada a ver. Não existe divisão de salário. O marido dela me ameaçou para que devolvesse o emprego dela”, se defende Colombo.