Esgotamento físico e mental é realidade para professores das redes municipais

Região – O esgotamento físico e mental de profissionais tem se revelado uma constante em diversas áreas. Uma delas, e uma das mais preocupantes, é a educação. Professores têm se afastado das atividades em sala de aula por se sentirem no limite emocional e sem condições psicológicas para continuar lecionando.
Em Sapiranga, dos 1.118 professores da rede Municipal de ensino, sete estão afastados, em Licença Tratamento Saúde, por problemas psicológicos. Conforme a Secretaria de Saúde do município, os professores da educação infantil recebem um primeiro atendimento através da secretaria, e caso necessário, são encaminhados para atendimento no CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), um projeto piloto que acontece desde 2018.
Já em Nova Hartz, são também sete os profissionais afastados da sala de aula. “Além desses, temos cinco professores trabalhando, mas com desvio de função, ou seja, tem laudo médico que não permite que fiquem em sala de aula”, pontua a secretária de educação, Veronice Zandoná. “Para nós, enquanto secretaria de educação, procuramos valorizar o professor, e dentro do possível, através da rede de apoio, auxiliar as escolas com alunos com desvio de contuda. Vejo um número relativamente baixo e isso se deve ao bom trabalho desenvolvido pelas equipes diretivas, juntamente com a secretaria de educação”, pontua Veronice.

Educação Infantil

Em Campo Bom, a atenção maior está voltada aos professores da educação infantil, pois estes profissionais passam muitas horas do dia com as crianças e envolve muitas refeições, o que torna a rotina cansativa e desgastante. “Consideramos fundamentais os momentos de escuta aos professores e profissionais da educação.Temos também realizado momentos de escuta com os profissionais do Ensino Fundamental, buscando atender as necessidades envolvidas. Quando necessário, buscamos ajuda de profissionais diversos para realizar atividades ou ações mais pontuais”, revela a secretária de educação do município, Simone Schneider.

Parceria com Universidade Feevale

Buscando entender todo o contexto do trabalho dos professores, Campo Bom realizou uma ação em parceria com a Universidade Feevale. A atuação ocorreu a partir de uma pesquisa sobre saúde e trabalho na educação infantil do município, com o objetivo de conhecer o contexto de trabalho na educação infantil, possibilitando assim a construção de ações voltadas à saúde no trabalho. “A forma como ofertamos o apoio psicológico se dá em parceria com a saúde, quando se faz necessário o encaminhamento. Também ofertamos espaços de escuta em grupos de formações, onde se possibilita dialogarmos e pensarmos o trabalho, as angústias, medos, conquistas e reconhecimento”, pontuou a secretária, Simone Schneider.

Paulo da Luz, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Sapiranga, reitera que os professores tem passado por dificuldades. “Se antes tínhamos os professores como mestres, com respeito ao seu conhecimento e profissão, hoje não estão mais sendo respeitados e reconhecidos como fundamentais na formação de qualquer outro profissional. Tudo isso gera não apenas desmotivação, mas também cansaço mental e físico, o que leva a muitas doenças. Na educação básica, pouco se reconhece o trabalho do professor, que trabalha muito, mesmo no período fora de sala de aula. Isso gera muito estresse. É preciso prestar atenção à saúde dos professores. Que tipo de cobranças são feitas a eles? Isso corresponde às suas garantias, deveres e direitos profissionais? Há estímulo e incentivo para o trabalho? Precisamos reconhecer o trabalho dessas pessoas, porque é muito difícil trabalhar com qualidade em situações precárias e pouco reconhecimento”, declarou.

Texto: Sabrina Strack