Entre e fique tranquilo. O taxista Juarez conhece Campo Bom

Campo Bom – A placa de táxi CB-006 é de uma pessoa que nasceu, cresceu e conhece as ruas de Campo Bom como a palma de sua mão. Aos 60 anos, Ruy Juarez Corrêa, o taxista Juarez, possui uma bonita história profissional e com Campo Bom. “Eu sempre desejei ser motorista. Meu pai e meus tios eram motoristas e meus ídolos”, relembra. Vendo sua família envolvida com o transporte, seja na empresa Citral, na antiga São Jorge e na Prefeitura de Campo Bom, onde o seu pai foi motorista, Juarez disse que foi natural se manter no meio em que atua profissionalmente até hoje. “Já tive caminhão e tudo, mas sempre gostei de táxi”, comenta.

Sentado em um banco no seu ponto atual – nas esquinas das ruas Voluntários da Pátria com Tamoio, o taxista Juarez avalia que o momento é de crise, mas que enfrentou momentos mais conturbados. “Estamos passando por uma crise difícil. Atualmente, existe mototaxista, motorista de aplicativo, telesegurança e todos fazem corrida. Temos que enfrentar tudo isso, mas o táxi é de verdade”, avalia.

A queixa de Juarez possui fundamento. Enquanto os taxistas necessitam apresentar uma série de documentos para trabalhar como título de eleitor, comprovante de endereço, atestado de bons antecedentes e passar por cursos de aperfeiçoamento, outras modalidades de transporte de passageiros não necessitam desta criteriosa filtragem. “O táxi é de verdade, o resto é mentira. O táxi é mais eficiente. Se pegarem a placa do meu carro, em qualquer lugar do Estado, terão todos os meus dados”, comenta.

“Somos fiscalizados”

Juarez comenta ainda que para ser taxista não pode ser amador. “Somos fiscalizados pela Prefeitura e possuímos um compromisso muito maior. Qualquer reclamação quanto ao desenvolvimento do meu trabalho, o cliente pode ir na Prefeitura e apontar algo de errado. Em outras modalidades, não. Hoje, há motoristas passando cartão de visita e dizendo que é motorista de aplicativo. Mas, como? Se esse meio é tudo por celular? Ou seja, tem muita gente fazendo serviço de taxista de forma clandestina e ilegal”, denuncia.

Memórias do taxista Juarez

Apreciador de fatos e histórias que relebram o passado, Juarez não esconde a sua paixão pelo município. “Sempre morei aqui e não tenho como falar mal. Quanto mais antigo para mim, mais bonito. Fui criado à vontade, mas atualmente, é um perigo deixar as crianças livres pelas ruas. No meu tempo, se podia andar por tudo que é lugar. Sou do tempo do trem e lembro muito de quando eu era guri. Na época das grandes fábricas de calçado, tinha que cuidar para circular pelas ruas. Era muita bicicleta e pessoas saindo das indústrias”, relembra.

Outra memória que Juarez mantém preservada é o seu primeiro táxi. “Meu primeiro carro era um Corcel 1, que comecei a dirigir quando eu era empregado. Depois, passei a fazer corrida com um TL 0, 1972 e de quatro portas, também trabalhei com um Opala. Por um período, atuei na rodoviária de Novo Hamburgo ainda. Nessa caminhada, trabalhei por 20 anos na noite, e graças ao empenho, consegui sustentar toda a minha família – hoje, um homem com 41 anos e uma mulher com 38 anos.

O olhar do taxista para as dificuldades locais

Apaixonado por Campo Bom, Juarez enche o peito para destacar as qualidades do município. “Nossa cidade é uma das melhores que tem. Mas, o que poderia melhorar e sempre está faltando é a segurança e a saúde Nossas escolas estão boas, não tem falta de professores. Porém, a saúde pode sempre ser melhor e os exames que as pessoas marcam demoram muito. No meu ponto de vista isso podia melhorar. Às vezes, a marcação é agendada e tudo fica para daqui dez ou 15 dias. Mas, há casos em que o usuário precisa no dia e daqui a dez ou 20 dias pode piorar a situação”, avalia.

Migração para Campo Bom

Uma constatação feita por Juarez é de que existem trabalhadores de outras cidades que escolhem morar em Campo Bom pela qualidade de vida e a tranquilidade. “Muita gente vem morar aqui. Campo Bom é um lugar bom. Continuarei meu trabalho de taxista, pois é o que eu gosto de fazer”, conclui.