Empresários calculam impacto da alta dos impostos nos negócios

Crise | Decisão do governo federal de aumentar preço dos combustíveis e da energia deixa empresários angustiados
Região – O aumento de impostos e no preço da energia elétrica, anunciadas no início do ano pelo governo federal, compromete a margem de lucro das empresas. Com a alta no preço dos combustíveis, praticamente todos os insumos utilizados por indústrias enfrentam reajustes de preços. E na prática, quem mais sente os reflexos destes aumentos são aquelas empresas e indústrias que necessitam da energia elétrica ou da matéria-prima, transportada por veículos. A partir de março, a conta de energia na área de concessão da AES Sul (Araricá, Campo Bom e Sapiranga) subirá até 65,96% e em Nova Hartz, área de concessão da Rio Grande Energia (RGE), o aumento atingirá 50,09%.
Frente a este cenário, empresários da região sentam em frente da calculadora para recontar as projeções de gastos. É o caso do proprietário da Padaria Delícia de Sapiranga, Paulo Ferst, 66 anos. Com 23 anos de tradição, o empresário não esconde sua angústia com o momento econômico que o país enfrenta. “Este é, sem dúvida, o momento mais crítico desde que abri a padaria há 23 anos”, revela o empresário.
Nos últimos meses, Paulo viu aumentar o preço do saco da farinha de trigo de 25 quilos de 38 para 44 reais (reajuste superior a 15%) a caixa de 30 dúzias de ovos aumentar de 34 para 45 reais (alta de 35%), além é claro dos combustíveis.
Fornos de padaria utilizam gás e eletricidade na produção 
O setor de panificação é um dos que mais sentirá os reflexos dos aumentos da tarifa da energia elétrica. Paulo Ferst explica que no último mês sua conta chegou aos seis mil reais e espera um aumento de até 50% na próxima fatura. “Com o reajuste que estão anunciando, estou calculando que a próxima conta de luz ficará entre nove e dez mil reais. Isso inviabiliza qualquer negócio”, garante. A padaria de Paulo, que emprega 22 funcionários, possui um forno elétrico e outros dois fornos a gás, mas que também dependem de eletricidade. “Além dos fornos tenho dez freezeres, além de uma câmera fria. Não tem como diminuir o número de equipamentos”, explica.
Agas está preocupada
Em razão da alta no preço da energia elétrica, a Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS) não esconde sua preocupação. “O aumento nas contas de energia elétrica preocupa o setor supermercadista gaúcho muito mais sob o ponto de vista da perda de poder de compra do consumidor do que pela tarifação para as empresas em si”, declarou o presidente da entidade, Antônio Cesa Longo. 
Poder de compra
Outro problema destacado pelo presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, está relacionado ao dinheiro que deixará de circular. “O que nos preocupa é o dinheiro a menos que circulará no mercado devido às altas da gasolina e da energia doméstica, que vão restringir o consumo, inibir o consumidor. Não haverá fechamento de lojas nem demissões imediatas, a grande questão é a longo prazo”, destacou.