Em Sapiranga, também se planta arroz

Colheita do arroz ocorre nos primeiros meses de janeiro. Fazenda Leão possui família que se dedica ao cultivo desde 2004 Fotos: Deivis Luz

Sapiranga – É em uma área rural tranquila e longe do barulho estressante do centro sapiranguense, que encontramos a Família Nicolete Possamai. Experientes no plantio e cultivo de lavouras de arroz, migraram do Sul de Santa Catarina, do município de Jacinto Machado – próximo de Turvo, Araranguá e Sombrio -, pois souberam da fertilidade do solo e da força do Rio dos Sinos para a cultura do arroz. Por volta de 2004, Márcio Nicolete Possamai, 37 anos, arrendou com o seu avô a propriedade, de mais de 95 hectares, às margens do Sinos, e logo iniciaram o cultivo. Gentilmente, através da interlocução da Secretaria de Agricultura de Sapiranga, o colaborador, Gilson Jabuinski Moro, o arrendatário Márcio e sua esposa, Cristiane Monteiro Silveira Possamai, de 31 anos, explicaram como é a rotina na Fazenda.

Sob um céu azul, temperatura próxima dos 32 graus, Gilson Jabuinski Moro, era o responsável por operar um trator com um graneleiro (que é onde a colheitadeira reserva o arroz colhido). “Quando trabalhava em uma plantação, em Santa Catarina, sempre ouvia falar de que a produção de arroz, no Rio Grande do Sul era vantajosa. Então, decidi fixar moradia aqui, em Sapiranga”, recorda o trabalhador.

Feriado só na Páscoa e no Natal

O sócio e arrendatário da fazenda, Márcio Nicolete Possamai, explicou que desde criança convive com a cultura do arroz. “Sou do município de Turvo, em Santa Catarina, e os meus pais faziam o plantio de arroz. Em 2004, viemos para cá quando compramos essa fazenda. Aqui, temos muito trabalho do início ao fim do cultivo. Durante a colheita do arroz, um caminhão é chamado e transporta toda a colheita para engenhos estruturados em Santo Antônio da Patrulha, onde o arroz é descascado”, contextualiza o produtor rural.

O colaborador Gilson, explicou que uma das rotinas que mais dá trabalho é cuidar para a água não sair da área de plantio. “Preciso cuidar das taipas para elas não estourarem. Neste tipo de plantio também preciso cuidar dos buracos dos carangueijos, pois costumam ocupar esse tipo de solo. Também, cuido dos insetos para não comerem o arroz. Resumindo, só temos feriado na Páscoa e no Natal”, brinca. Todo o trabalho na Fazenda Nicolete é feito por três pessoas (Gilson, Márcio e a esposa, Cristiane) que cuida da administração dos negócios e da filha, de sete anos.

Trator-graneleiro é onde fica armazenado o arroz, antes dele ser enviado para o galpão da propriedade rural
Foto: Deivis Luz

Métodos de preparação do solo e acompanhamento

Para deixar o solo pronto para receber o plantio do arroz, antes, é necessário utilizar o trator com um implemento que lavra a terra. Posteriormente, Gilson utiliza uma espécie de prancha para emparelhar a área a receber o arroz para que tudo fique bem nivelado e a água ficar na área de plantio. “Após estas etapas, o arroz pré-germinado é semeado e é necessário deixar com água dentro por dois dias para brotar. Tempo depois vai o adubo”, detalha Gilson. Além do acompanhamento dos proprietários, quem monitora este tipo de lavoura são os técnicos do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), órgão governamental subordinado à Secretaria Estadual de Agricultura. “O IRGA monitora a lavoura e como está em andamento o plantio, verifica se há insetos e monitora outros aspectos, como o quantitativo colhido e se existe alguma deficiência de calcário ou adubo durante o plantio”, revela.

Dia a dia exige muito esforço para que a plantação renda ao máximo no período de colheita

A esposa de Márcio, Cristiane Monteiro Silveira Possamai, 31 anos, veio para Sapiranga, em 2007, após casar com o seu marido. “Esse era o lugar que o meu marido buscava para plantar arroz. Muitos catarinenses vieram para cá, pois havia muitas terras disponíveis”, comenta. Mesmo próxima da área urbana, Cristiane comenta que utiliza os serviços e comércios da área central de Sapiranga em casos específicos. “Se precisamos de algo na área da saúde, como uma farmácia ou documentação, vamos em busca”, pondera. “O dia é bem corrido. Os guris (se referindo ao esposo e ao capataz) cuidam da lavoura e eu dos compromissos da casa, da propriedade, da filha e auxilio o meu pai, que necessita de cuidados com a sua saúde”, conta.

Eles comentam

Gilson Jabuinski Moro,colaborador da fazenda

“Além do IRGA, temos a fiscalização dos técnicos da FEPAM, que é outro órgão do Governo do Estado. Eles cobram reservatório para o diesel, local adequado para os herbicidas, rampa de lavagem para as máquinas, pois não pode cair graxa e óleo na terra”

Márcio Nicolete Possamai, proprietário da Fazenda

“Outra atenção foi em atender a legislação ambiental. A divisa da propriedade com o Rio dos Sinos foi reflorestada e a uma margem de mata ciliar de 50 metros para dentro da fazenda foi mantida íntegra. Essa é a minha paixão. Não trocaria por outra cultura.”

Números do Plantio de arroz

A colheitadeira utilizada colhe 100 sacos por hora. Existe uma tese de que para pagar os custos do plantio e operação é necessário colher 110 sacos por hectare. Um saco de adubo para utilizar na lavoura custa, em média, 90,00 reais. O saco de arroz custa 39,00. Para colher todo o arroz dos mais de 90 hectares da propriedade são necessários 15 dias de colheita. Ao final da colheita, o produtor rural espera colher 13.700 sacos de 50 quilos.

Texto e fotos: Deivis Luz