Efetivo abaixo do normal restringe atendimentos dos Bombeiros na região

Sapiranga – Com uma situação delicada no aspecto de recursos humanos, o 2º Comando de Bombeiros Militar, com sede em São Leopoldo, mas que possui gerenciamento sobre o quartel do Corpo de Bombeiros de Sapiranga, bateu o martelo: a partir de 18 de fevereiro, ocorrências como colisões simples sem lesões, acidentes sem qualquer tipo de trauma e sem ninguém preso às ferragens, o cidadão deverá ligar para o número 192 (SAMU) para direcionar o atendimento.

A medida se deve ao fato de, diariamente, o quartel dos Bombeiros de Sapiranga contar com no máximo quatro soldados, quando o ideal seriam ao menos seis na escala do dia. O tenente, Jurandir Santos de Lima, – comandante do 1.º pelotão dos Bombeiros de Sapiranga, explica que a medida segue uma Nota de Serviço do Comando do Batalhão e atingirá outros municípios com atendimento do SAMU, casos de Sapiranga, Taquara, Dois Irmãos e Campo Bom. “Estamos repassando as ocorrências que são especificamente de atendimento pré-hospitalar para o SAMU. Durante três décadas, desde 1989, atendemos as mais variadas ocorrências no município, e principalmente, as de Atendimento Pré-hospitalar”, disse.

Ocorrências de incêndio e de APH com três bombeiros

O tenente Jurandir esclareceu, que a atual conjuntura da corporação permite escalar somente quatro militares por dia de serviço em Sapiranga. “Isso é praticamente inviável. Quando necessitamos sair para atender ocorrências, fechamos o quartel. A legislação nos impõe que no momento em que uma viatura de combate a incêndio sai, não pode sair com menos de três bombeiros militares. Por outro lado, nos casos de Atendimento Pré-hospitalar (APH), a portaria 2.048 estabelece que a viatura de resgate pode sair com três componentes. Essa é a realidade, e por isso, não temos força e pessoal para abraçar as ocorrências de APH”, esclarece o tenente Jurandir.

Responsabilidade

Um ponto que o tenente deixou claro é que o momento exige a divisão das responsabilidades. “É necessário dividir o fardo. Não vamos omitir socorro em salvamentos. Por exemplo, se alguém cair de asa-delta ou paraglider, vamos atender ao chamado. Mas, também seguiremos o que a Constituição determina para nós”, informa ressaltando que somente em casos excepcionais os bombeiros atenderão ocorrências de atendimento pré-hospitalar. “Iremos somente em casos que o SAMU nos acionar. Caso o SAMU esteja inoperante e acionar em eventualidades, vamos atender”, pontua o tenente Jurandir.

Coordenador do SAMU avalia

Leandro Batista da Costa, responsável pelo SAMU em Sapiranga, analisa a situação.

“Não é de hoje as dificuldades que o Corpo de Bombeiros enfrenta com falta de pessoal. Acontece que, mais uma vez, o município ficará sobrecarregado. Temos uma equipe básica para atender 24 horas por dia. Em situações de duas ocorrências ao mesmo tempo, se atende uma e depois se vai para a outra. Em situações de acidentes ou ocorrências com mais vítimas, vamos ligar e acionar os Bombeiros. Além disso, o município de Sapiranga conta ainda com uma viatura da Defesa Civil e que pode ser usada em casos menos graves que não precisa de acesso venoso. Outra dificuldade nossa é que o Estado não repassa em dia os recursos para o SAMU. Atualmente, o Município opera o SAMU com déficit de até R$ 15 mil mensais”, explica.

Texto: Deivis Luz

Fotos: Arquivo JR