Dupla cidadania surge como opção para uma vida fora do Brasil

Brasileiro que deixou o país dá dicas sobre cidadania europeia

Por Jankiel Rohr

Com os crescentes casos de corrupção e enfraquecimento da economia brasileira, é visível o descontentamento da população com o atual cenário. Muitos lamentam não terem condições de largar tudo e ir morar em outro país, ja que trata-se de um alto investimento financeiro. Além disso, deixar para trás família, amigos, bens pessoais, emprego, exige esforço e determinação que poucos têm a coragem de correr o risco. Outras barreiras, como necessidade de visto, diferenças culturais, de idioma e moeda, desestimulam os interessados em reconstruir a vida longe dos pampas.

Porém, o que muitos não sabem é que conseguir o visto, às vezes, não é algo tão distante. Apesar do documento ser uma das principais preocupações para ingressar na maioria dos países, voltando ao passado lembraremos que as colonizações alemã e italiana muito contribuíram para o desenvolvimento do estado, deixando raízes nos milhares de descendentes espalhados pelo RS. Através desta descendência o sonho de buscar uma vida melhor fica mais próximo.

Segundo a advogada Fabrizia Burtet Bazana, especializada nas cidadanias italiana, alemã, espanhola e portuguesa, no último ano houve um aumento de 100% no número de interessados em se tornarem cidadãos europeus. Ela explica que a cidadania italiana tem menos limitações que as demais e é a mais procurada. Fabrizia ensina que o primeiro passo é preencher uma árvore genealógica na qual se terá a linha hereditária desde o imigrante italiano até o requerente. Com base nestes dados se inicia a busca pela documentação necessária.

A designer Laisy Nascimento Porto Munari, 28, moradora de Dublin na Irlanda, contou com a ajuda de um amigo na escolha dos profissionais mais adequados. Após o reconhecimento da cidadania italiana, buscou adquirir novas experiencias e aprimoramento do inglês no exterior.

Para a fisioterapeuta Ana Carolina Maia, 30, o título de européia permitiu inscrição em um mestrado em Manchester, na Inglaterrra, cujo custo é a metade do valor que um cidadão não europeu pagaria.

O gerente de marketing Gabriel Soares, 22, está no meio do processo para obtenção da cidadania italiana. Ele conta que decidiu fazer o processo porque é um direito reservado à sua família e tem planos de estudar no exterior. Gabriel revela que tem amigos ítalo-brasileiros que moraram na Europa e voltaram para o Brasil. “É uma opção que você também dá para seus filhos e próximas gerações. Você não precisa ir para o exterior imediatamente”, complementa.

Na internet existem vários sites que ensinam passo a passo os procedimentos para iniciar o processo. Outra opção é buscar assessorias especializadas, que disponibilizam profissionais no Brasil e na Itália.

Fique por dentro

Curiosidades da cidadania Italiana
Levantamento da consultoria Henley & Partners de 2015 revela que o passaporte italiano ocupa com mais sete países o terceiro lugar entre os passaportes mais fortes do mundo, garantindo entrada em 172 nações. Na Europa, o cidadão ítalo-brasileiro tem acesso a uma série de benefícios que os governos disponibilizam aos cidadãos europeus. Eles variam em cada país, incluindo bolsas de estudo, seguro desemprego, recolocação profissional, auxílio-família e moradia, entre outros. No entanto, a ítalo-brasileira Ana Carolina Maia alerta que ter a cidadania não é garantia de estabilidade financeira em outro país. Ela salienta que é fundamental falar outro idioma, construir uma boa rede de contatos e portar um currículo qualificado.

Fique sabendo: Não existe limitação de gerações, desde que sejam localizados todos os documentos do imigrante italiano até você; O requerente não precisa ter o sobrenome italiano e nem falar o idioma.