Dos índios aos alemães. A história de Nova Hartz

Os estudos mostram que o passado de Nova Hartz pode ser divido em três momentos: a ocupação indígena, a chegada dos imigrantes alemães e o desenvolvimento industrial, econômico, político, social e cultural da cidade. Serão estes aspectos que ganharão destaque nesta reportagem.
Quem ajudou o Repercussão a conduzir este trabalho foram três pessoas que são testemunhas da história do município. Dois pela liderança política (os ex-prefeitos Mario Augustin e Ernani Schmidt) e a diretora do Museu Histórico, Vania Avila Priamo.
Os primeiros a habitarem as encostas do Morro Ferrabraz foram os povos nômades indígenas das Tradições Tupi-Guarani, Charrua e Minuano. “Tivemos parcerias de arqueólogos da Unisinos. Eles visitaram locais e propriedades para percorrer arroios e encontrar elementos líticos”, conta.
Outra descoberta fantástica para o município foi o indicativo de um morador sobre a existência de uma `caverna’ em Arroio da Bica. “Um geólogo veio conversar conosco durante um evento e apresentou evidências de uma paleotoca de preguiça gigante”, pondera.
E foi em meio a este cenário que, entre 1846 e 1849, os Irmãos Hartz começaram a ocupar o local que ficou conhecido como Picada Hartz. Os irmãos (Wilhelm Hartz e Johann Philipp), inclusive, participaram da Guerra do Paraguai (1865 a 1870) morreram em 1866 e 1867.
a VIAÇÃO FÉRREA EM NOVA HARTZ
 No Estado, a primeira estrada foi construída em 1874 (entre Porto Alegre e São Leopoldo).  A inauguração da ampliação (passando por Campo Bom, Sapiranga, até chegar em Taquara) ocorreu em 1903. A única estação após Sapiranga era a de Campo Vicente, que ajudou no desenvolvimento do local. Naquele tempo (ao contrário dos dias atuais) havia bancos e agência dos correios. Nos primeiros meses funcionavam apenas duas locomotivas, em virtude da precariedade da linha. Acidentes eram comuns, especialmente, na ponte do Arroio Grande, na divisa com Araricá. Em 1965, uma forte chuva arrastou parte da estrutura da passagem do trem (foto acima). Em 1955 iniciam-se os boatos da desativação, que se completaria em 16 de novembro de 1967, com a conclusão da demolição.
Agricultura, troca da produção e o calçado
No começo, as primeiras famílias (os Hartz e os Haag), plantavam e colhiam para a sua subsistência, em regime de agricultura minifundiária, conforme contextualiza o funcionário público e historiador José Borges da Silva, em seu texto `História da Emancipação de Nova Hartz’. Foi somente no início do século XX, com um pouco mais de condições financeiras, que os agricultores migraram para um sistema mais industrial, baseado na moagem do milho e do aipim cultivados no Arroio da Bica. Foi na década de 1930, de forma lenta, que o setor calçadista foi tomando o seu lugar na economia da região, com a confecção dos primeiros sapatos e tamancos sob encomenda.