Do cultivo convencional aos produtores de orgânicos. Sapiranga acolhe e apoia todos

Sapiranga – A agricultura familiar é rica e diversificada. Conforme a Secretaria de Agricultura, entre os principais produtos cultivados nas lavouras das comunidades rurais estão as hortaliças e verduras. Mas, também há quem crie animais para a produção de laticínios, além das agroindústras familiares.

Para o diretor de Agricultura, Álvaro Haag, também é importante a Prefeitura se preocupar com todas as etapas de produção dos alimentos. “Neste sentido, temos como oferecer desde o composto orgânico da Ecocitrus, onde pagamos o frete para os agricultores. Além disso, tem o transporte de calcário também que temos como oferecer e que vem do município de Pântano Grande. São formas de incentivar e de possibilitar acesso a esse tipo de item”, valoriza Álvaro.

Outra preocupação da Secretaria de Agricultura é com a conservação das estradas rurais e a disponibilização de máquinas aos agricultores. “Tínhamos lei para hora máquina e demorava de dois a quatro anos para atender todos com as empresas terceirizadas. Hoje, pela quantidade de máquinas que temos, conseguimos zerara fila. No aspecto das estradas rurais, teremos uma melhora ainda mais com a chegada do rolo compactador”, projeta o diretor Álvaro.

Família Blumm se dedica ao cultivo de verduras e hortaliças

Entre as famílias de agricultores familiares que se destacam e ajudam a fortalecer o setor em Sapiranga está o casal Marcelo e Simone Blumm, ambos com 29 anos. A propriedade, que fica na localidade de Picada Cachorro, é rodeada de morros e montanhas e também faz divisa com o Rio Cadeia, se tornando uma importante fonte de irrigação das lavouras do casal. “Nos dedicamos ao cultivo de hortaliças e verduras há cerca de nove anos. As terras, a minha esposa, a Simone, herdou do avô. Antes, cultivavam batata inglesa, mas quando assumimos, mudamos para a cultura das verduras”, explica Marcelo, destacando que considera mais fácil de produzir esse tipo de verdura. Para contar com produtos fresquinhos toda a semana, o agricultor possui cinco bombas que captam água do Rio Cadeia e que ajudam na irrigação das lavouras. “A adubagem é feita antes do plantio com esterco e depois duas aplicações de adubo químico. Atualmente, com o apoio de um trator, é feito o preparo da área de plantio, que ainda necessita ser feito manualmente. “O cultivo desse tipo de verdura não é tão rígido. Temos plantado aqui nas nossas terras repolho, cebola e alho”, comenta Marcelo. Com tamanha dedicação, o casal possui números destacados de produção nas terra da família. “Em média colhemos dois mil quilos de repolho por mês, brócolis são 100 dúzias por mês e beterraba e cenoura outros mil quilos de cada mensais”, estima Marcelo, que valoriza o espaço da Feira do Agricultor, em Sapiranga. “A Feira para nós é muito boa. Escoamos e vendemos a produção lá na Feira mais do que na rua. Assim, os produtos vão direto para o consumidor, sem atravessador. O espaço podia ser um pouco maior, mas a Prefeitura está com um projeto para aumentar”, valoriza Marcelo.

Família Strassburguer é sinônimo de tradição no meio rural

Entre um dos agricultores familiares mais tradicionais de Sapiranga está o seu Quirino e Nair Strassburguer, 72 e 70 anos respectivamente. Entre as culturas que eles mais se dedicaram, por mais de três décadas, estão a batata e o feijão, além das verduras. Quirino lembra com saudosismo a época em que vendia, por baixo, entre 80 a 100 sacos de batata por viagem. “Hoje, caiu muito. Há muito produtor vendendo. Além disso, o clima muito seco prejudica, por exemplo, o cultivo da batata macaca, que gosta mais de chuva. Com isso, alguns pés são bonitos e outros são pequenos”, destaca Quirino. “Atualmente, frequento a Feira do Agricultor nas quartas-feiras, antes ia duas vezes por semana”, relembra Quirino.

Álvaro Hagg, diretor de Agricultura da Prefeitura, comenta que o apoio concedido aos agricultores familiares é fundamental. “Procuramos dar condições de produção e comercialização aos agricultores, pois uma coisa leva a outra. Procuramos transformar a Feira em um local muito importante, pois é na Feira que vendem o que produzem. Entendemos que o espaço está pequeno, antigo e velho. Mas, trabalhamos e batalhamos para obter recursos para transformar o local em um ambiente mais adequado e propício aos negócios. Hoje, concedemos subsídios para nossos trabalhadores rurais como transporte, mudas frutíferas e apoio aos psicultores. Por se tratar de um valor restrito, também possibilitamos o subsídio, através do Fundo de Desenvolvimento Rural, de recursos para os agricultores, com a possibilidade de pagar em quatro anos”, esclarece Álvaro Hagg.

Casal Konrath saiu da cidade e foi para o campo

O casal Mara e Enio Konrath se dedica ao cultivo de orgânicos. Mas, se engana quem pensa que os agricultores familiares estão no meio rural há décadas. Pelo contrário, decidiram fazer o caminho inverso ao de centenas de agricultores que deixam o campo e vão para a cidade. A Família Konrath decidiu sair do centro urbano em busca de qualidade de vida no meio rural. “Iniciamos a produção de verduras e hortaliças no método convencional em 2012. Mas, recebemos a certificação de produtores de orgânicos em 2014. No início, tínhamos a ideia dos alimentos daquilo que enxergávamos nos supermercados. Até então, nunca tinha me interessado em saber como era produzido. Descobrimos, na época, como era o processo de produção e a utilização de agrotóxicos, e nos questionamos que aquilo não estava certo. Percebemos que se mantivéssemos aquela prática de consumo, nos envenenaríamos. Buscamos o sítio para ter qualidade de vida logo após o meu esposo, que era metalúrgico, passar por um procedimento de colocação de três pontes de safena”, recorda Mara, que gerencia a propriedade e o processo de produção dos orgânicos, em sua maioria hortaliças e verduras. Estabelecida como uma produtora de orgânicos, Mara tem concepções e pensamentos bem definidos sobre a sua área de atuação. “Orgânico não é só a saúde de quem compra, o orgânico é a saúde de quem produz também. É fundamental a Prefeitura ajudar o produtor de orgânico. O alimento não precisa viajar para chegar ao consumidor. É uma consciência que precisamos modificar”, define a agricultora de orgânicos. Atualmente, Mara e o esposo possuem 4 mil metros de estufas onde produzem as hortaliças. “Essa cultura dos orgânicos é muito importante. Valoriza o produtor local. Comparado com outros municípios, a agricultura de Sapiranga está muito bem estruturada”, analisa Mara.