Diretora do Hospital Sapiranga revela detalhes no enfrentamento da Covid-19

Diretora executiva do Hospital Sapiranga, Elita C. Herrmann

Sapiranga – Uma série de desafios estão à frente da direção do Hospital Sapiranga em tempos de pandemia. Nos últimos dias, além de enfrentar baixas na equipe, devido a profissionais infectados pela Covid-19, agora, o corpo clínico e a direção está extremamente preocupada com os estoques de itens fundamentais como medicamentos e anestésicos. Para esclarecer a metodologia de atendimento na instituição, o Grupo Repercussão recebeu na sexta-feira (3), para uma entrevista no Programa Repercutindo, da TV Repercussão, a diretora executiva do Hospital Sapiranga, Elita Cofferi Herrmann.

Durante pouco mais de 30 minutos, a diretora esclareceu diversos pontos e aspectos que permeiam o enfrentamento à Covid-19: “Nos preparamos para receber esse volume de pacientes que estamos recebendo neste momento”, declarou Elita: “Recebemos cinco respiradores, há cerca de 15 dias atrás, que vieram para implementar esses leitos de UTI e substituir equipamentos que não eram tão precisos ou obsoletos”, esclareceu a diretora.

“A nossa ocupação de UTI está no máximo”

Entrevista com Elita Cofferi Herrmann, diretora executiva do Hospital Sapiranga

Grupo Repercussão – Qual o percentual de ocupação dos leitos de UTI, atualmente, no Hospital?
Elita – Estamos com os leitos de UTI todos ocupados, ou seja, 100% de ocupação. Na verdade, a UTI Covid, desde a abertura dela em 2 de junho, ela tem se mantido praticamente com 100% de ocupação. Nas últimas semanas, se intensificou bastante o número de pacientes.

Grupo Repercussão – Qual o tempo médio de internação de um paciente com coronavírus na UTI?
Elita – Começamos a internar os pacientes na UTI desde o início de junho, e temos uma média de permanência destes pacientes de 15 dias.

Grupo Repercussão – Agora, se alguém chegar em situação de parada cardíaca ou infarto, o Hospital dispõe de uma estrutura capaz de dar pleno atendimento?
Elita – Sim, nesse caso, para esse tipo de emergência contamos com a sala vermelha na emergência que é toda equipada com respiradores, monitores e toda a estrutura para atender esse perfil de paciente e estabilizar ele. Claro, que se o paciente precisar de um leito de internação em UTI nesse momento, hoje nesse atual momento, ele teria que ser transferido, mas isso é dinâmico, pode acontecer que à noite ou nos dias seguintes, leitos sejam liberados, então, por muitas vezes, recebemos pacientes na nossa emergência e mantemos eles monitorados como se eles estivessem em uma UTI na nossa emergência.

Grupo Repercussão – O Hospital Sapiranga já enfrenta os reflexos da falta de medicamentos e anestésicos?
Elita – Realmente, é bastante preocupante, sim. Ainda estamos conseguindo manter os procedimentos eletivos, mas não sabemos até quando. Alguns medicamentos estão com o preço bem acima do valor de mercado. Para vocês terem uma ideia, a ampola de uma medicação que pagávamos R$ 4,00, hoje pagamos cerca de R$ 29,00 a R$ 30,00. E essa ampola é necessária para pacientes cirúrgicos, e também pacientes que estão em UTI Covid. A dificuldade de reposição, não só pelo valor, mas principalmente, pela falta da matéria-prima no mercado. Não estamos medindo esforços de funcionários, equipe médica, junto com farmacêuticos para trabalhar nos protocolos de substituição e conseguimos empréstimos em outros hospitais que ainda possuem estoque, e assim, vamos administrando toda a semana. É bastante preocupante essa situação dos medicamentos e existe um risco grande de faltar alguns tipos no mercado e já está faltando, em muitos estados, e isso é em nível nacional, não é só uma realidade aqui.