Denúncia-crime leva parlamentar de Campo Bom à Comissão de Ética da Câmara de Vereadores

Por Melissa Costa

A Câmara de Vereadores está em andamento com um procedimento na Comissão de Ética em razão de uma denúncia-crime contra o vereador Paulo Tigre (Progressistas), que também é médico da rede pública do município.

Conforme a denunciante, que não quis ser identificada na reportagem, ela e o vereador tiveram encontro íntimo durante o expediente dele, no posto de saúde do bairro Paulista. Além disso, segundo ela, os dois começaram a ter uma relação mais próxima nas consultas ainda no seu consultório particular. O episódio da visita íntima na unidade de saúde teria ocorrido em 2017. A situação começou a se tornar pública através de postagens nas redes sociais e, agora, as denúncias passaram ao Legislativo.

A moradora de Campo Bom remeteu um documento a todos os edis citando o caso, inclusive entregando a todos uma cópia do Boletim de Ocorrência feito na delegacia. Essa Comissão de Ética da Câmara de Vereadores irá analisar a documentação recebida contra Paulo Tigre e decidirá pelo arquivamento ou prosseguimento da denúncia. Se a decisão for pelo prosseguimento, outra comissão processante deverá ser instaurada para dar sequência ao processo que pode levar à cassação do vereador progressista.

A denunciante conta que a intimidade entre ela e o vereador passou a acontecer no decorrer das consultas. A iniciativa de aproximação teria sido dele, mas trouxe segurança a ela, que passou a se sentir bem na companhia dele. Os encontros íntimos teriam ocorrido mais vezes, além da vez no posto de saúde. “Não representei antes porque não tive problemas, não via os fatos como uma agressão, estava envolvida. Ele me falava de paixão, mas quando passei a viver a experiência de ser vítima de uma grande armação para me calar à força, precisava me proteger”. A suposta vítima registrou ocorrência por assédio sexual, abuso sexual, dano moral, injúria e discriminação.

Paulo Tigre também move ações contra a denunciante e todas estão em sigilo de justiça. A defesa pediu, inclusive, a prisão dela por seguir fazendo postagens em rede social.

Mudança de nome na comissão

Após a entrega da carta de renúncia do presidente do colegiado, Victor Souza (PCdoB), o presidente da Câmara, João Paulo Berkembrock (MDB), convocou os líderes partidários e realizou novo sorteio, no qual definiu que o substituo de Victor será seu companheiro de partido, Tiago Souza. “Como existe esse procedimento dirigido à comissão, precisamos que os trabalhos não sejam prejudicados e toda a tramitação ocorra de forma transparente”. Com essa nova alteração, os trabalhos devem ter prosseguimento nos próximos dias.

Denúncia no Conselho de Medicina

Além de publicações em redes sociais e na Câmara de Vereadores, a denunciante também levou o caso ao Conselho Regional de Medicina (CREMERS). No documento, ela detalha todo o envolvimento com o médico e vereador, desde as primeiras consultas até os, então denunciados, encontros íntimos. Ao conselho, ele encaminhou ainda cópia do Boletim de Ocorrência e perícias que teriam sido feitas em diálogos sobre os fatos em redes sociais. Todo material foi enviado neste mês de agosto.

“Quem não deve, não teme. É uma manobra clara de tentar assassinar uma reputação”, diz vereador

Para o vereador, o assunto não diz respeito à atuação parlamentar, mas “de falsa comunicação de ilícito que, em tese, teria sido praticado no exercício da atividade médica enquanto servidor público concursado”. Ele conta que já foi instaurado processo administrativo disciplinar junto à Prefeitura, o qual está suspenso por ordem judicial. “No Poder Judiciário, sou autor de diversas demandas em desfavor da suposta vítima e que buscam reparação por danos morais e exclusão das publicações falsas”. Paulo afirma que não deve nada e defende que o caso tramite em foro adequado. “A justiça deve ser feita no foro adequado; e como já está no Judiciário, deveria o Legislativo somente se envolver após a manifestação deste; ou estaríamos pré-julgando sem todos os elementos necessários”, disse ele, concluindo que tudo é jogo político. “Vejo uma manobra clara de tentar assassinar uma reputação. E, sendo provada minha inocência e a condenação da denunciante, como se fará a reparação do dano causado?”.