Demitidos da Paquetá na Bahia também não receberam

Sapiranga – Não apenas os mais de 70 trabalhadores demitidos da Paquetá The Shoe Company, em Sapiranga, aguardam desfecho positivo para recebimento dos direitos trabalhistas por parte do grupo.

Ainda sem uma previsão devido o bloqueio de bens, situação semelhante vive um grupo de mais de 200 funcionários afetados com o fechamento da fábrica de Riachão do Jacuípe, interior da Bahia. O anúncio aconteceu no último dia 21 de junho.

Em Sapiranga, os trabalhadores demitidos estão entrando com ações judiciais reivindicando seus direitos. O mesmo acontece no Estado da Bahia. “A empresa tem agora 180 dias para apresentar seus planos, e depois esse prazo pode ser prorrogado por outros 180 dias. Se não pagarem suas dívidas, a falência é decretada”, afirma o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, Júlio Cavalheiro.

Fechamento na Bahia

Instalada desde 2013 em uma planta industrial na cidade de Riachão do Jacuípe, na Bahia, a unidade da Paquetá fechada no último dia 21 de junho, também antes da recuperação judicial, deixa em desempregados no município baiano de pouco mais de 33 mil habitantes. O grupo recebeu a notícia na tarde daquela sexta-feira, por volta das 16 horas, no pavilhão pertencente ao Governo Federal, mas repassado ao Município.

Fique por dentro

O pedido de recuperação judicial da Paquetá The Shoe Company foi apresentando no dia 24 de junho na Comarca de Sapiranga. A prática é uma tentativa de recuperar a atividade produtiva evitando mais fechamentos, novas demissões e não pagamento de credores. O valor das dívidas, coberto pela proposta, é de R$ 638,5 milhões.

A recuperação judicial é uma forma da empresa em dificuldades financeiras evitar a falência. O objetivo é apresentar um plano que demonstre que, apesar das dificuldades enfrentadas, tem condições de se reerguer, pagando de forma condicionada dívidas, e voltando ao setor produtivo com todo seu potencial contemplando empregados, credores e governo. O plano deve ser cumprido à risca, com apresentação de balanço mensal ao juiz e credores, em relação ao andamento da empresa.

A Paquetá The Shoe Company conta com 74 anos de história e possui 11 fábricas, no Rio Grande do Sul, na Bahia e Ceará, assim como 148 lojas próprias e outras 86 franquiadas. O faturamento é superior a R$ 1,3 bilhão ao ano. Ao todo, foram em torno de 600 desligamentos nos diferentes setores.

Em agosto do ano passado, a empresa anunciou a troca do CEO, quando Luiz Augusto Polacchini, ex-diretor da Gerdau, assumiu no lugar de Hermínio de Freitas. No fim de junho, a defesa da Paquetá informou ao Repercussão que, a produção continuaria normalmente, que contratos com clientes estariam mantidos e não havia chance de falência.

Contrato vencia esse mês

O contrato da Paquetá com o município de Riachão tinha vencimento em julho. O acordo com isenções fiscais, como o não pagamento de IPTU, havia sido firmado após articulações junto a direção da fábrica na cidade vizinha de Ipirá. “Em nenhum momento fomos informados. Hoje, a Prefeitura acaba sendo a maior empregadora ainda, a Paquetá estava entre a segunda e terceira”, afirma o secretário de Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Social e de Meio Ambiente de Riachão do Jacuípe, Adelmo Soares. Ainda segundo ele, o número de empregos formais era superior a 200. “São em torno de 210 trabalhadores demitidos, sendo que, aproximadamente 98% eram com carteira assinada e recebendo salário mínimo. Isso representa 200 baixas na carteira de trabalho. Causou estranheza por que a Paquetá inclusive abriu recentemente um terceiro turno de trabalho aqui na cidade”, informa o secretário.

Direitos iam ser pagos em duas vezes

O Jornal Repercussão, com exclusividade, conversou com o representante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Empresas de Calçados (Sintracal) na região da Bahia, Ricardo Tavares, o Léo do Sindicato. “A empresa fez o comunicado dizendo que ia pagar todas rescisões e valores dos trabalhadores, em duas vezes. Uma parcela em 5 de julho e outra no dia 27. Para nossa surpresa, no dia 4 de julho, a empresa entrou em contato que tinha entrado com pedido de recuperação e que teria sido aceito”, disse Léo. O sindicalista informa que valores sobre 13º salário, horas extras e aviso prévio indenizado não foram quitados. “Ainda houve 12 demissões por aqui na unidade de Ipirá e umas 170 no Ceará”, disse. A apresentação junto a Comarca de Sapiranga aconteceu no dia 24, às 22 horas. O Repercussão entrou em contato com o escritório Carpena Advogados, entretanto, os representantes não responderam aos questionamentos da reportagem.

Texto e foto: Fabio Radke