De Sapiranga para o mundo

Três histórias de sapiranguenses que tomaram a decisão de se aventurar e ir morar no exterior

Não é qualquer um que tem coragem de fazer as malas e deixar toda uma história – amigos, às vezes até mesmo a família – para trás e partir em busca de novos objetivos em solo estrangeiro. Porém, foi o que os três sapiranguenses – e, em um caso, uma família toda – cujas histórias de vida ilustram essa reportagem fizeram. A reportagem do Jornal Repercussão conversou com esses ex-moradores de Sapiranga, para descobrir como têm sido suas vidas no exterior.

Uma dessas pessoas é Julia Regina Boeno Viana, de 23 anos, recém formada em Jornalismo pela Unisinos. Assim que conseguiu o diploma, Julia se mudou para o Egito, para morar com o noivo – agora, marido – Mahmoud Abdelaziz Helmy Mohamed Bayoumi, de 25 anos, que é engenheiro de suporte técnico em uma multinacional da área da TI. Os dois se conheceram há três anos, pela Internet. “Nós compramos a viagem só de ida, pois nosso objetivo é permanecer aqui por um bom tempo”, explica Julia, que é muçulmana – a mesma religião de mais de 90% da população egípcia.

Dificuldades na viagem e a cultura egípcia

Júlia passou por alguns problemas, na viagem até o Egito, envolvendo o Certificado Internacional de Vacinação (CIV), e escalas de voos. “Estava muito mais nervosa pelo fato de pegar três aviões do que ir morar em outro país. Eu já sabia como era aqui, vim me familiarizando antes de conhecer o Mahmoud”, diz ela, que já pretendia estudar a cultura árabe-egípcia.

Curiosidades e costumes da vida no Egito

“A primeira diferença entre morar no Brasil e aqui é a língua. Aqui se fala árabe, mas muitos têm um bom nível de inglês e alguns de francês. A segunda diferença é a religião. Aproximadamente 95% dos egípcios são muçulmanos, e isso modifica a rotina do país. Por exemplo nos horários das orações você pode ver pessoas orando ou fazendo preces”, comenta Julia, que hoje mora no Cairo.

Trabalho fez família se mudar para a China

Já a família de Dartanhan Fett tem uma grande ligação com a China. “Meu pai veio para a China em 2007 para trabalhar com calçado, pois a indústria que tinha no RS estava migrando para a China. Eu morei aqui anteriormente, de 2011 à 2013, e trabalhava com trading. Voltei ao Brasil, estudei e agora retornei pra China com minha noiva, para adquirir novas experiências e melhorar o mandarim”.

As peculiaridades da vida na China

Dartanhan conta que a família tenta visitar os parentes no Brasil pelo menos uma vez por ano. “Atualmente moro em Dongguan, é uma cidade bem ao sul da China. O clima aqui é bem parecido com o do RS, inverno frio e verão muito quente e seco. É uma cidade nova, com 31 anos, mas já tem mais de 8,29 milhões de habitantes e não é considerada uma cidade populosa aqui. Fica difícil comparar com Sapiranga, pois as dimensões são diferentes, tudo aqui é maior, as quadras, os shoppings, mercados, as filas – aliás, uma coisa que os chineses não sabem respeitar é fila”, conta ele, que diz que a principal diferença é a comida, pois os chineses não costumam usar muito sal.

Aprendendo inglês na Irlanda

Mateus Land e a esposa, Francieli Timm Land, estão há oito meses na Irlanda. “De início nós tínhamos EUA, Canadá e Irlanda como opções. O principal fator de escolha foi que temos amigos aqui, o que tornaria a mudança mais fácil e também os valores de cursos de inglês, que estavam mais em conta aqui na Irlanda”, explica Mateus. A intenção do casal é ingressar na faculdade – Mateus trabalha e estuda na Irlanda, já que o visto de estudante irlandês dá permissão para trabalhar. Para ele, a adaptação foi um dos aspectos mais complicados, apesar de estar gostando muito do país. “Você deixa seu país, deixa sua família e amigos, e muitas coisas, o que acabamos percebendo só aqui”.

Choque cultural e segurança

“Muitas coisas no início causam choque na nossa vida aqui. A língua para mim foi um dos principais pontos, porque no nosso caso chegamos aqui com inglês quase zero. Você sai nas ruas, escuta, mas não entende e quando consegue falar algumas coisinhas, acaba não sendo compreendido. “ Segundo Mateus, a tecnologia auxiliou o casal na comunicação, inclusive com os parentes no Brasil, para matar a saudade. “Uma das coisas que mais chama a atenção aqui é a segurança de viver em um país de primeiro mundo. Quando cheguei aqui, por ter de estudar, carregava mochila todos os dias e ficava sempre olhando para trás, desconfiando de assalto”, conta Mateus, que mora na cidade de Dublin.