Daiby demite 98 trabalhadores e encerra atividades

Onda de demissões | Mais uma empresa calçadista de Sapiranga anuncia demissões e fechamento de unidades na região e na Bahia

Sapiranga – A crise econômica continua deixando o setor calçadista do Vale do Sinos de joelhos. Mais uma vez, uma onda de demissões no município deixa preocupado o presidente do Sindicato dos Sapateiros, Júlio Cavalheiro. Desta vez, a Calçados Daiby, fundada em 1968, anunciou a demissão de 98 funcionários da sua unidade em Sapiranga. Cerca de 500 trabalhadores da unidade da Calçados Daiby no município de Amargosa, na Bahia, também foram comunicados que seriam desligados da empresa no fim da semana passada.

Nos últimos 60 dias, o setor calçadista em Sapiranga demitiu 256 trabalhadores (a Paquetá demitiu 100 trabalhadores em julho, a Daiby 98 na semana passada e o atelier Freitas, no bairro Amaral Ribeiro, outras 58 pessoas) totalizando 256 pessoas desempregadas em dois meses.

Para o presidente do Sindicato dos Sapateiros, Júlio Cavalheiro, o fechamento da Daiby foi uma surpresa. “A empresa anunciou que não vai mais produzir calçados e está fechando a indústria. Pelo que fiquei sabendo, a direção está penhorando alguns bens para conseguir pagar os trabalhadores. Não era o que queríamos. Vivemos uma situação adversa de outros tempos. É uma crise muito agressiva”, avaliou Júlio.

A empresa optou por não se pronunciar sobre o fechamento da fábrica, mas reiterou que está tentando minimizar o impacto para as suas centenas de ex-colaboradores.

Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) avalia onda de demissões

– Para o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, o fechamento da Calçados Daiby e de outras indústrias calçadistas em toda a região gera consternação. Em relação à dispensa de funcionários, segue a determinação das empresas e das instituições que representam a indústria no sentido de desenvolver alternativas que possam, num primeiro momento, sustentar o nível de atividade do setor e os empregos para, na sequência e na recuperação da demanda, voltar a crescer na produção e retomar os níveis originais de emprego.

– No entendimento de Heitor Klein uma das saídas para o setor é desenvolver ações em todo o processo de gestão, principalmente na manufatura, para aumentar a produtividade da empresa.

– Outro aspecto analisado pelo dirigente da Abicalçados é o papel que os poderes públicos municipais podem e devem fazer para que outras empresas e indústrias não fechem as portas. “A capacidade de recuperação da performance padrão da indústria muito depende igualmente da contribuição dos entes públicos, notadamente no Brasil. O país apresenta elevados padrões de ineficiência e improdutividade, a par de uma exagerada carga tributária, excessiva regulamentação das relações entre empregados e empregadores, deficiências de logística, etc. Já é antiga a discussão em torno destes temas e reduzido avanço, quase nulo, tem se observado. É, portanto, imprescindível e urgente que se produzam progressos nesta discussão, que exigirá renúncias de cada parte”, avalia Heitor Klein.

– Para o secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Sapiranga, Olavo Thiele, o fechamento da Calçados Daiby é uma lástima. “É uma crise econômica que vem afetando muitas empresas. Porém, a Prefeitura vem fazendo a sua parte. Em 2016, ajudamos muitas empresas a participarem de feiras setoriais de calçados e isso ajudou as empresas a manterem empregos. Queremos que os empresários cresçam e gerem mais oportunidades. Estamos dispostos a manter a participação das indústrias em todas as feiras possíveis”, assesgura Thiele.

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