Crise tem pouco efeito em demissões no setor calçadista e comércio

Índices| No setor calçadista de Sapiranga, número de demissões é normal

Região – “Dependemos um do outro. Se o comércio não vender, a indústria para. Já disse isso para várias pessoas: alguns setores exageram a crise e isso acaba apavorando o consumidor, que deixar de comprar”, é o que diz Irineu Adolfo Schmidt, presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Sapiranga, quando perguntado sobre a crise econômica do País. Apesar do número de demissões no setor até julho deste ano ser maior em relação aos anteriores, Irineu comenta que já passou por fases piores. “Estou há mais de 50 anos trabalhando no comércio, já passamos por crises mais sérias”, diz Schmidt.

“A crise, quando começa, atinge todo mundo”, afirma Júlio Cavalheiro, presidente do Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga. “Já enfrentamos crises piores, porém, com certeza o momento é ruim”, comenta Cavalheiro.

Situação do calçado

O Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, que atende também os municípios de Nova Hartz e Araricá, registrou, até o momento, 1.400 demissões no ano de 2015. “Mas estamos falando de demissões daqueles que tinham pelo menos um ano de empresa”, lembra Júlio.

Para o presidente, o número de demissões, considerando que esse é o total de três cidades, é normal. “Essa rotatividade é normal, não tivemos um grande número de demissões causadas pela crise. Temos até empresas que estão admitindo funcionários”, comenta.

Para ele, é necessário uma maior distribuição de renda. “Precisamos de um projeto que estimule os recursos a circularem no mercado, para que possamos ter procura pelos serviços”, avalia o presidente.

Presidente do Sindicato dos Sapataeiros de Campo Bom sobre o momento econômico

Para Vicente Selistre, presidente do Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, o Rio Grande do Sul passa por uma situação histórica. “O governo deve pensar em buscar os sindicatos dos trabalhadores para um grande pacto com o funcionalismo público, que é importantíssimo para o funcionamento do Estado”, diz. Vicente também chama atenção para os casos de sonegação no Estado. “O que está sendo feito em situações de renúncias fiscais de grandes conglomerados empresariais que ganham incentivos e por vezes não deram retorno? “, questiona.

Dominó

Para Maria Cristina Mendes, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Novo Hamburgo, que engloba também a cidade de Campo Bom, a crise econômica ainda não chegou ao setor – mas deve chegar. “Na verdade, a crise causa um efeito dominó. Não é querer diminuir ou menosprezar o momento econômico, mas é na indústria que se sentem os primeiros efeitos e mais tarde isso deve chegar ao nosso setor”, pondera a presidente.

Conforme Maria Cristina, um levantamento feito recentemente pelo Sindicato, mostra que em 2013 e 2014 o número de rescisões se manteve equilibrado. “Já em janeiro e fevereiro deste ano tivemos um aumento nesse número, porém nada que ultrapassasse 10% do que foi registrado no mesmo período do ano passado”, comenta.