Crise econômica motiva reflexão de lideranças regionais

Instabilidade | Entidades se posicionam e dizem o que é necessário fazer para contornar crise

Às vésperas de manifestações nacionais contra a corrupção, a alta carga de impostos e até pelo impeachment da presidente, Dilma Rousseff, o Jornal Repercussão consultou algumas das principais lideranças políticas, patronais, sindicais e comerciais sobre a agenda mais debatida pela sociedade nos últimos meses: a elevação dos tributos e a crise econômica do País.
Entre as lideranças mais perplexas com o atual momento econômico vivido no Brasil, está o presidente da Associação Comercial e Industrial de Araricá, Nova Hartz e Sapiranga (Acisa), Luiz Paulo Grings. “Não podemos mais ficar em cima do muro diante de tanta roubalheira, mentira e corrupção. Temos que nos manifestarmos e mostrar que quem manda são as pessoas de bem”, destaca.
Quem também está apreensivo com o atual momento econômico é o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Sapiranga, Ivanor Klauck. “O setor calçadista é um dos setores mais sofridos. Acredito que o aumento da tributação na contribuição previdenciária das empresas de 1 para 2,5% (medida derrubada esta semana) trará prejuízos para o setor. Sei de grandes empresas da região que estão pensando em para fechar ou levar a produção para o Nordeste do País”, disse.
Para o presidente da Acisa é necessário que o governo faça a reforma tributária e reveja o pacto federativo. “O recurso dos impostos fica todo com a União. Estados e municípios recebem uma merreca. Temos que deixar os interesses pessoais de lado e olhar para o bem comum. Necessitamos da união dos poderes”, pondera Grings.
Tarcísio cita pontos positivos do governo
O deputado estadual, Tarcísio Zimmermann (PT), vê o momento do país de outra forma. “O Brasil apresenta ainda uma situação satisfatória em relação à geração de empregos, reservas internacionais sólidas e uma relação dívida/PIB muito melhor do que todos os países da Europa. Por isso, não se justificam medidas de cortes de investimentos, que, aliás, são muito do agrado dos especuladores e de seus analistas. O risco dessas medidas é aumentar o desemprego e reduzir as obras públicas e as políticas sociais. Nossa posição, portanto, é contrária a cortes e favorável a manutenção dos investimentos”, comenta.
Sapateiros avaliam momento da economia
Proteção especial para os calçadistas
Vicente Selistre, presidente do Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom, ressalta a luta conjunta entre entidades do setor para que se tenha uma política pública de proteção em áreas chave. “Quem emprega mais, deve pagar menos tributos. Tem que haver uma justiça tributária favorável”, cita. Vicente diz ainda que é prejudicial reduzir incentivos de proteção na área calçadista.
Reflexo no bolso do trabalhador
O presidente do Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, Araricá e Nova Hartz, Julio Cavalheiro, acredita que este custo a mais refletirá no bolso do trabalhador. “Essa medida, com certeza, pesará na hora que cobrarmos aumento salarial para os trabalhadores. Mas, o setor hoje não tem desemprego. Pelo contrário, falta mão de obra. Isso é um jogo político”, posiciona-se.
Promessas que foram descumpridas
Segundo o secretário do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de Sapiranga, Eloi de Paula, a situação econômica atual é muito preocupante. “Estamos apreensivos, pois não é só a economia do nosso município que está sendo afetada. Dependemos das cidades vizinhas para sobreviver também, da economia da região. Estamos nos sentindo enganados, por conta de promessas que foram descumpridas”, frisa.
A esperança do secretário está na Lei Kandir, que isenta a cobrança de ICMS sobre as exportações de produtos primários e semielaborados ou serviços. “Há empresas com impostos retidos no Governo Federal, esperamos que os empresários sejam ressarcidos logo”, comenta o secretário. 
Para Faisal, a solução é a reforma tributária
Segundo o prefeito de Campo Bom, Faisal Karam, o empresário brasileiro sofre para manter uma empresa com os impostos e encargos sociais, que são elevados. “Infelizmente, o que ocorre agora é que, além deste custo alto, o país atravessa uma crise”, comenta. Para ele, a crise afeta as empresas e seus preços, pois os empresários precisam repassar pelo menos parte deste custo ao consumidor final para não encerrar as atividades. “Como empresário, entendo que a única forma de amenizar essa situação recorrente nas empresas é por meio de uma ampla reforma tributária e fiscal no país, que terá que acontecer o mais breve possível”, opina.
ACI pede foco às empresas
Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, Marcelo Clark Alves, os empresários precisam contar com análise de custos,  com o planejamento estratégico e com foco na produção de suas empresas. “Em suma, o empresário precisa lutar com o que tem de melhor porque, a considerar as perspectivas e anúncios governamentais, o apetite por impostos deste Governo vai reduzir ainda mais a capacidade de poupança e de investimento das empresas”,  salienta o presidente.
A visão da Ampemes de Sapiranga
Na visão de Alessandra Brando, presidente da Associação de Micros, Pequenos e Médios Empresários (Ampemes) de Sapiranga, o mercado está complicado. “Os clientes estão com dificuldades de venda final. Sem contar que a produção, para os clientes que ainda estão tentando ficar no mercado, caiu muito. Uma produção de 1000 pares passou a ser de 500”. Como resultado, as empresas precisam diminuir o quadro de funcionários. Para ela, as empresas precisam de apoio para se manter, como o que a Prefeitura de Sapiranga vem fazendo, através de apoio em Feiras Nacionais.

Oposição critica decisões do governo petista
O deputado federal, Renato Molling (PP), disse que enquanto no mundo todo os preços estão caindo, especialmente dos combustíveis, aqui tudo está aumentando. “Consequência das últimas eleições, onde tudo se fez para ganhá-las e o Governo Federal gastou o que não tinha”, avalia. O deputado  vai além. “Infelizmente não vivemos em um país sério, e as mentiras, promessas, propagandas enganosas, muitas vezes falam mais alto do que as ações”, pondera. 
Na avaliação do deputado, quem arca com esta conta é o povo brasileiro que já paga um dos impostos mais altos do mundo. “Administrar com eficiência, gastando bem os impostos arrecadados, conquistar a confiança da nação, gastar somente o que se arrecada é o suficiente para o Brasil voltar a crescer”, sugere.
Deputado estadual diz que Brasil está no atoleiro
Deputado estadual eleito para o primeiro mandato, Marcel van Hatten (PP), acredita que o país vive uma grave crise econômica. “É inadmissível que um país com tanto potencial e uma população ainda jovem apresente crescimento econômico negativo. E a tendência para 2015 é ainda pior, haja vista que o governo optou por onerar ainda mais a população e o setor produtivo, aumento alíquotas de impostos, tarifas e até mesmo revivendo tributos, como é o caso da CIDE”, destaca.
Marcel faz uma avaliação e diz que para voltar a crescer (ou ao menos para sair do atoleiro e se recompor), o país precisa se livrar das amarras tributárias e burocráticas ao crescimento. “Para isso, precisamos tanto de reformas pontuais quanto, principalmente, de uma mudança cultural. A mudança cultural deve envolver a compreensão de que não há nada que o governo possa nos dar sem que antes tenha que tirar de alguém. Só quem cria riqueza são os indivíduos e as empresas, por meio do empreendedorismo, do trabalho e da inovação.”, cita.
No lado das reformas, Marcel alerta para a necessidade de reduzir impostos e entraves ao comércio, à realização de negócios e à criação de riquezas. “Melhor almejarmos a prosperidade por meio do trabalho, do investimento e do aumento de produtividade”, entende.