Consórcio expõe fragilidades do transporte em Campo Bom

Campo Bom – Em seis anos – de 2012 a 2018 – o Consórcio Coletivo Campo Bom (CCB) contabiliza uma estatística indigesta para qualquer segmento empresarial: a perda de quase metade do seu público, que neste caso, é o passageiro de ônibus. Dos mais de 100 mil passageiros transportados por mês em 2012, agora, restam pouco mais de 56 mil (sendo 20% deste total, integrantes de grupos isentos de cobrança de passagem). Enok Guimarães, representante do CCB esteve, recentemente, prestando esclarecimentos à Câmara de Vereadores sobre a necessidade da Prefeitura mediar modificações que possam proporcionar o equilíbrio financeiro ao Consórcio.

Para Guimarães, a queda, pela metade, na quantidade de pessoas transportadas pelas empresas de ônibus é generalizada no País. “Enquanto que no restante do Brasil esse índice é de 12%, aqui é de 50%”, alerta o representante, lembrando que há diversas prefeituras pelo interior rediscutindo as gratuidades, por exemplo, para pessoas com idade entre 60 e 65 anos. O representante do Consórcio ainda se mostrou decepcionado com a falta de retorno do Poder Público para três requerimentos protocolados em 21/9/2017, 20/11/2017 e 20/12/2017, que alertam sobre a necessidade do equlíbrio tarifário e o consequente reajuste do preço da passagem, dos atuais R$ 3,55 para R$ 4,22. “O consórcio acumula prejuízo de R$ 135.000,00 com o não reajuste. Recentemente, pagamos o 13º dos funcionários”, disse Enok, alertando sobre o acúmulo de passivos e a necessidade de se buscar soluções de forma organizada e responsável.

CCB esteve na Câmara por indicação

Os esclarecimentos prestados pelo representante do CCB, Enok Guimarães, ocorreram após a apresentação, em 2017, de um requerimento do vereador Max de Souza (MDB), sugerindo a convocação do Consórcio para discutir meios de qualificar o transporte coletivo em Campo Bom. “É preciso discutir o custo da operação no todo. Não temos o poder de dar canetaço e resolver problemas. E cabe esse pleito ao Conselho de Transporte, que necessita destencionar o reajuste. Nosso papel é fazer o debate e apontar as deficiências, mas não podemos impactar naqueles que usam. Por isso, sugiro três itens para discussão. O primeiro, a criação de um Fundo Especial Para o Transporte Público, outra medida é a venda dos espaços publicitários nos ônibus para custear os subsídios concedidos e, por terceiro, destinar um percentual dos valores arrecadados com as infrações de trânsito do ano anterior para o Fundo Especial Para o Transporte”, defendeu Max.

O vereador Joceli Cardoso (PTB) entende que outra opção é avaliar se a Prefeitura pode ou não conceder alguma espécie de carência ao Consórcio. “Sobre as isenções, fica complicado tirar esse direito adquirido”, disse Joceli. Para o presidente da Câmara de Vereadores, Victor Souza (PC do B), é o Conselho de Transporte que deve decidir sobre o reajuste da tarifa. “O Conselho é torto e falta representatividade. Gostaria de ter acesso à planilha de custos. Reajustar para R$ 4,22 é por demais salgado”, sentenciou Victor, sugerindo a adoção de micro-ônibus em horários com menor fluxo de passageiros. Outro ponto muito discutido foi a liberdade da Empresa Citral em circular e oferecer o serviço dentro da área de concessão do Consórcio. “Se eu fosse o prefeito, não tiraria a Citral. As pessoas não vão entender. Elas querem pegar ônibus com ar-condicionado e chegar ao destino. Temos que encontrar uma solução e não um problema”, alertou Alexandre Hoffmeister (PP).

Prefeitura responde

Em contato com a Prefeitura de Campo Bom, o procurador jurídico, Marcos Carniel, disse que nos próximos dias ocorrerá uma reunião que poderá definir o reajuste ou não da tarifa. Sobre as isenções, Carniel disse que esta é uma lei municipal e que não há discussão para revogá-la.

Estatística do transporte

No último período ocorreram aumentos de 14% nos custos do transporte público

Sobre as planilhas tarifárias, Enok alertou que prefeituras estão disponibilizando nos próprios sites institucionais. “Sugiro que o Município faça o mesmo”, disse.

O Consórcio possui 17 funcionários, sendo 13 motoristas, um fiscal e dois mecânicos. A média salarial é de R$ 4.000,00

Em 2013, foram transportadas 78 mil pessoas

Em 2014, foram transportadas 74 mil pessoas

Em 2015, o percentual se manteve

Em 2016, foram transportadas 70 mil pessoas

Em 2017, a média caiu para 56 mil.