Compreendendo e desmistificando o câncer: o que é mito ou verdade

Como a segunda causa de mortalidade do mundo, o câncer ainda é uma doença cercada por mitos e falsas concepções. É verdade que hoje é um tema bastante comum, divulgado e abordado no cotidiano, o que favorece seu diagnóstico mais precoce e maior alcance dos tratamentos. A análise foi desenvolvida pela dra. Daniela Lessa da Silva (CREMERS 23039). A dr. Daniela é diretora da Oncosinos – Novo Hamburgo e é graduada pela Faculdade de Medicina da UFRGS e especialista em oncologia clínica pela PUC-RS – Hospital São Lucas. Concluiu sua tese de doutorado com conceito A na Faculdade de Medicina da UFRGS e atuou ainda como investigadora da Clínica da Fundação SOAD (South American Office of Anticancer Drug Development), no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Veja alguns mitos que ainda atrapalham no diagnóstico e tratamento desta doença:
1) “O Câncer não afeta jovens” MITO
É fato que se trata de uma doença mais comum a partir dos sessenta anos, porém, 33% dos casos ocorrem em pacientes mais jovens, mesmo na infância, adolescência e em adultos jovens. Portanto, sintomas persistentes de dores, fraqueza progressiva, perda de peso ou sangue sem explicação, nódulos de surgimento recente, manchas de pele com alterações em sua forma ou cor, por exemplo, devem ser investigados independentemente da idade. Sintomas que não apresentam resolução espontaneamente ou com os tratamentos iniciais propostos devem ser melhor investigados. Nestas situações, o oncologista auxilia na investigação e confirmação ou descarte do diagnóstico.

 

2) “O câncer não afeta pessoas com estilo de vida saudável” MITO
Embora seja muito importante manter hábitos saudáveis (evitar o tabagismo, evitar sobrepeso e obesidade, ingerir alimentos frescos, ao invés de processados, e realizar atividades físicas), existem outros fatores não controláveis que podem desencadear o processo da doença. Entretanto, uma pessoa previamente saudável, ao desenvolver uma doença crônica terá um organismo com maior capacidade de receber tratamentos e apresentar uma boa recuperação. Um corpo saudável tem a tendência de responder melhor, com menos toxicidade e morbidade a uma cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, por exemplo.

 

3) “A quimioterapia é muito forte – Não devo procurar um oncologista” MITO
Muitos familiares e pacientes não buscam um Oncologista Clínico por acreditarem que, por estarem doentes e fragilizados, não devem receber tratamento especializado. Este é um dos erros mais comuns, um conceito que precisa urgentemente ser abandonado. Existem inúmeras alternativas para o tratamento do câncer, que não estão restritas a cirurgia ou quimioterapia. Sem tratamento específico contra o câncer e seus sintomas, a situação clínica do paciente irá piorar pois, sem um combate à doença, a sua natureza é de progredir. Já os tratamentos oncológicos podem fazer com que a doença regrida e traga considerável alívio dos sintomas. Não desista de buscar um tratamento eficaz antes de consultar com um oncologista clínico. Avaliamos seu estado de saúde e a gravidade da doença para adequar seu tratamento à sua situação específica. E lembre-se, ao se combater o câncer, que é a causa dos sintomas, sua qualidade de vida vai ganhar, independente do estágio da doença ou de sua idade. Não deixe de buscar a oportunidade de receber o melhor tratamento para o seu caso.