Comentário: O museu pegou fogo! De quem é a culpa?

Por Dilson Antônio Machado (advogado)

No início desse mês fomos surpreendidos pela grande perda nacional do Museu da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, que além de ser um imóvel fantástico por sua arquitetura e valor histórico, abrigava o maior acervo museológico da América Latina.

Enquanto os bombeiros ainda apagavam o fogo, iniciou-se uma sequência de atribuição de culpas e politização do episódio. Os bombeiros culparam a administração da cidade porque não havia água nos hidrantes no momento que chegaram lá, atrasando o combate ao incêndio em 30 a 40 minutos. Depois seguiu-se uma série de acusações, sejam às administrações municipais, estaduais federais anteriores ou às atuais. Culparam o presidente da república, a Lei Rouanet, a PEC dos gastos, o Lula, o Bolsonaro e até mesmo um possível conluio de republicanos que querem acabar com a memória da Monarquia no Brasil.

A única coisa que ainda não vi foi alguém vir a público e falar: “Me desculpem, a culpa foi minha!”

Em geral, essa é uma tendência visível nas coisas particulares também. Vejo com frequência, em consultorias com empresas, os diretores ou gestores apontando culpas pelas coisas não estarem caminhando como querem.

O problema disso é que sem assumir culpa, não há conserto nem prevenção. Indiretamente, quando eu não assumo a responsabilidade por coisas que não estão indo bem, estou determinando que aquilo não vai ser resolvido.

Como é que você reage quando olha para seu negócio, para sua carreira, para sua vida, e percebe que algumas coisas estão erradas? Quem tem sido seu alvo preferido para carregar a culpa de algo não estar indo bem.

Ao olhar para uma lacuna, um problema ou uma tragédia na sua empresa, pergunte-se três coisas: “O que eu poderia ter feito para ter evitado? Em que outra área estou repetindo esse padrão de comportamento ou de atitude? O que eu posso fazer para evitar que isso volte a acontecer?”

Quando você assume a responsabilidade por algo, a possibilidade de aquilo ser mudado e passar a acontecer da forma correta aumenta substancialmente. Inclusive quando a responsabilidade ou culpa originalmente, de fato, não era sua.

Que tal promover uma mudança na maneira de enxergar o mundo?

Dilson Antônio Machado (advogado)