Comentário: O caminho das pedras

Com a intuição de um velho pescador começamos o ano. Os bons ventos que sopram no horizonte de otimismo e enchem os olhos são a mola propulsora nesse novo 20. Zeramos a última casa e nossos pulmões se encheram de ar como no início dos anos 90. Não é o furacão de 2000, o dito “bug do milênio”, nem o sentimento de conformidade de 2010. Queríamos virar essa página! Os 2010,11 e seguintes foram turbulentos demais até para nossas viradas de ano carregadas desse mesmo sentimento. É muita historinha nesses últimos anos, tantos caminhos das pedras, fórmulas milagrosas que botaram alguns na cadeia e outros que perderam suas economias. Há um clima de que é hora de novamente arregaçar as mangas e trabalhar duro, sem muita milonga e atalho. Afinal, alguém tem que carregar o piano. Tem artistas demais e pouco operador. E nada muda entre o coach com power point ou o multinível na sala de casa. É preciso gerar riqueza e encher o caixa. E parece que caiu a ficha. A segunda década dos anos 2000 não são mais o vislumbre com a tecnologia e sim a necessidade de emprega-la de maneira inteligente, menos aventureiros que surgem na internet e mais profissionais consistentes que utilizam a ferramenta para exponenciar seu alcance. Parece que nesta década chegamos ao ponto máximo da corrida de consumismo e agora desaceleramos um pouco para discutirmos sustentabilidade. Foi necessário inventar objetos inúteis, a maioria de plástico, para devagarinho percebermos que não precisamos de nada além de compromissos pro dia seguinte. Na prática o homem precisa apenas de uma lança, aliás nem isso, ele é onívoro e coletor. A história da humanidade teve uma grande virada de chave a partir do momento em que se garantiu a sobrevivência da espécie, ao criar o fogo e domar as feras. A partir daí, o foco foi socializar e construir conforto. Milhares de amigos e milhões de garrafas pet depois, estamos numa outra virada de chave onde o problema é o mesmo: sobrevivência. Nos padrões de consumo atual o mundo perderá as condições de habitabilidade para grandes populações. Por isso, é hora de refinar a simbiose, fazer a ponte entre o analógico e o digital sem abandonar um nem outro. A familiaridade é conhecimento, é hora de ouvir conselhos ao pé do ouvido e deixar um pouco de lado as doutrinas enlatadas jogadas na massa. Pessoal e não impessoal, nome e sobrenome e não algorítmo. Atentos veremos! Um bom início de ano aos amigos dessa jornada.