Comentário: Não quero ser uma “pessoa de bem”, mas uma “pessoa melhor”

Por Marco Cassel

Dizer que se é uma pessoa de bem pressupõe incluir-se num conceito, ser uma pessoa melhor abre uma nova perspectiva, não nos enquadra dentro de algo fixo e rígido.

Sou afeito aos conceitos abertos, aqueles que permitem expandir minha humanidade, não a restringir. Aceitando a desconstrução da verdade estabelecida abro um horizonte de perspectivas, caminhos que se abrem para o novo.

Não nego o que está estabelecido, mas procuro questionar, indagar, refletir acerca. Penso que dessa forma posso tornar-me uma pessoa melhor.

Quando digo que alguém é uma pessoa de bem, necessariamente possuo em minha mente um conceito definido do que isso significa; talvez, uma pessoa religiosa com família constituída, que se senta à mesa com os seus para tomar café, “conhece” os 10 mandamentos, veste-se de maneira “adequada”, não usa piercings ou similares e possui uma orientação sexual definida pelos padrões “moralmente aceitos”. Pronto, o que foge a isso deve estar fora do convívio de meus filhos para que não os contamine ou, caso tenham contato com estes, devem procurar trazê-los para o mundo das “pessoas de bem”. E assim caminha a humanidade…

Prefiro olhar para o mundo de forma aberta, não aceitando, evidentemente, tudo o que se apresenta como novo, como sendo algo melhor, mas quero ter a leveza daqueles que entendem a beleza que existe em mudar de ideia, estar aberto ao novo, entender e ter a capacidade de aceitar o diferente.

A vida é muito curta para ficarmos restritos a meia dúzia de conceitos estabelecidos. Existe tanta coisa para aprender, novas perspectivas, um horizonte repleto de caminhos que podem ser seguidos. Existe um melhor do que o outro? Penso que não, desde que estejamos dispostos a sermos seres humanos melhores a cada dia.

Por tudo isso não quero ser rotulado como uma pessoa de bem, mas como um sujeito que está evoluindo, tentando ser uma pessoa melhor. Como disse Raul Seixas, “prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.