Com déficit de quase um milhão de reais, UTI neonatal SUS do Hospital Sapiranga pode fechar

Sapiranga/Região – Habilitada para atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2017, a UTI neonatal do Hospital de Sapiranga corre sérios riscos de ser fechada.

O problema está no fato da “tabela SUS”, que rege os valores pagos pelo Governo Federal conforme os atendimentos prestados pelos Hospitais, não suprir totalmente os gastos da diária. Hoje, uma diária na UTI neonatal no Hospital Sapiranga custa aproximadamente R$1.500,00, sendo que o valor pago pela tabela, não chega a custear nem um terço deste valor. A tabela de valores do SUS para uma diária de UTI neonatal está em torno de R$472,00. “Esta é a defasagem que temos e que hoje gera este prejuízo que chega a quase um milhão de reais, até julho de 2019” – comenta a diretora executiva do Hospital Sapiranga, Elita Herrmann.

Os resultados mensais oriundos da UTI neonatal registram valores superiores aos cem mil reais mensais de déficit. Apenas em 2019, o valor negativo acumulado de janeiro até julho soma absurdos R$914.334,83, isso já articulando o recebimento do valor através do governo estadual, caso contrário, o valor seria ainda maior.

Durante o período, o mês que gerou o menor déficit foi janeiro, acumulando uma dívida de R$113.420,14. Já em abril foi registrado o maior prejuízo mensal do ano: R$174.012,03.

O presidente da Sociedade Beneficente Sapiranguense, João Edmar Wolff, define qual a alternativa para que não haja maiores prejuízos ao Hospital Sapiranga: fechar os leitos do SUS da UTI neonatal. “A solução é fechar a UTI. Nós nos reunimos com a Secretária de Saúde do Estado, Arita Bergmann, colocamos a situação, ela se preocupou e tal, mas não conseguimos solucionar este problema”. Dos 115 pacientes que estiveram internados na UTI neonatal durante o período analisado, 81 são originados de Sapiranga, 19 de Nova Hartz e 6 de Araricá.

Hospital e Prefeitura dão suas versões sobre o caso

Para a diretora executiva do Hospital Sapiranga, Elita Herrmann, falta apoio da Prefeitura de Sapiranga.“Nós temos um convênio com a Prefeitura, que é para cirurgias eletivas, complementação de custeio da Emergência, mas desde que inauguramos a UTI neonatal, jamais foi enviado um recurso novo para custear o setor”.

Já o presidente, João Wolff, comenta. “Com um prejuízo destes, que começa a comprometer o rendimento do Hospital, a solução é fechar a UTI neonatal”.

A prefeita Corinha Molling respondeu ao Jornal Repercussão que: “O município tem convênio com Hospital Sapiranga para UTI Neonatal, com repasse mensal de R$ 290 mil, além do convênio para cirurgias e exames. A Administração Municipal está cumprindo sua responsabilidade pública, sendo que a dívida em questão não é de sua competência, mas do Estado” comentou a Prefeita através de nota da assessoria de imprensa da Prefeitura.

Lideranças comentam

A prefeita de Sapiranga, Corinha Molling, comentou: “Nossas prioridades são com as coisas mais importantes para a comunidade e a saúde pública é uma delas. Em relação a UTI Neonatal do Hospital Sapiranga, é uma responsabilidade do Estado. Mas, a nossa Administração se preocupa com as pessoas e essa questão vem sendo discutida com a direção do hospital há cerca de dois meses”.

O deputado estadual Issur Koch, avisa: “Na próxima segunda-feira, dia 7 de outubro, estarei das 9h às 16h com o governador Eduardo Leite, em seminário organizado pelo governo do Estado, com a presença de secretários e deputados estaduais. Durante esse evento, cada parlamentar terá espaço para falar de suas demandas. Por sua relevância não apenas para Sapiranga, mas para todo Vale dos Sinos, essa será a principal pauta que irei tratar nesse encontro”.

Reportagem: Leonardo Oberherr