Cenário musical marcou época e contou com geração de roqueiros

Músicos e instrumentistas sapiranguenses formaram e fizeram parte de bandas que marcaram época na cena rock

A banda de rock Verde Maduro (Paulo Gordo na bateria, Vovô na guitarra, Marco Lima no baixo e Geraldo nos vocais) foi uma das primeiras bandas de rock genuínamente sapiranguenses formadas no Município. Fundada no ano de 1978, a banda chegou a gravar uma demo, mas um registro mais extenso não foi concebido pela turma. Porém, não foram poucas as apresentações da Verde Maduro em festivais do cenário underground do rock no eixo Porto Alegre-Sapiranga.

Anos mais tarde, o nome Sapiranga voltou a ecoar na cena roqueira do Estado através do som de uma bateria tocada por um outro sapiranguense aficcionado pelo rock. Luciano Zimer – mais conhecido como Luciano Sapiranga (foto).

Ex-aluno da Escola Genuíno Sampaio, Luciano cresceu ao lado do Centro de Cultura de Sapiranga, e aos nove anos, aprendeu a tocar violão. Mas, quis o destino que o instrumento no qual gravaria com uma das bandas expoentes do rock oitentista no Rio Grande do Sul – A Barata Oriental – fosse outro: a bateria. E tudo começou de forma espontânea, graças à habilidade de Luciano com o instrumento.

Convite para tocar na Barata Oriental veio de surpresa

A Barata Oriental foi uma das bandas mais destacadas no cenário roqueiro do Estado. Formada por músicos de Novo Hamburgo (entre eles Nenung), a banda teve a oportunidade de tocar para grandes públicos e casas de shows como o Araújo Vianna e o Estádio do São José, ambos em Porto Alegre. “O convite para eu entrar na ‘Barata’ surgiu quando dois ex-integrantes (o Neco e o Sting) vieram para Sapiranga assistir um show em uma banda que eu tocava. Eu tinha entre 14 e 15 anos. Na época eles tinham agendado horário em um estúdio para gravar o primeiro disco da Barata Oriental. Comentaram para mim a vontade de contarem com outro baterista. Na época, eu trabalhava com o Marco Lima (ex- Verde Maduro). Tempos depois, o Nenung me ligou e me convidou para ensaiar umas duas ou três músicas com eles. Topei ensaiar. Para minha surpresa, chegando no estúdio para gravar o disco, me deparo com o Wander Wildner e o Fughetti Luz. O Fughetti me viu tocando, gostou e como ele assinaria a produção do disco, chegou a dizer que não assinaria se eu não gravasse com a Barata o disco”, relembra.

Após experiência na Barata, Luciano teve outros projetos

Durante alguns anos, a Barata Oriental rodou o Estado e se apresentou em diversos locais. “Tocamos em eventos diferentes, entre eles, o Garota Verão. Naquela época, também, não havia muitos bares e pubs. Os shows ocorriam em sociedades. Tocamos em vários locais deste porte. Com a Barata, tivemos várias reportagens publicadas sobre nós em jornais de abrangência estadual como Zero Hora e Correio do Povo. No final da década de 1980 e início dos anos 1990 não havia internet. A mídia estava concentrada em Porto Alegre, e para ter shows, era necessário se apresentar por lá”, recorda Luciano.

Quando as coisas pareciam que iriam engrenar, veio o ‘sequestro’ da poupança feita pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo. “Aí ferrou com tudo. Havia um apoio cultural que as companhias aéreas concediam para os artistas, e depois dessa situação, isso acabou. Aí a banda e os integrantes se desestimularam. O som próprio tem essa dificuldade. Quando tu inicia a caminhada, tu investe o teu recurso. As casas de shows não pagam bons cachês. Eles dão um percentual por entradas. Mas, quem faz som próprio, muitas vezes, não tem a chance de tocar no melhor dia (que é sexta e sábado). Aí, tu tinha que investir em cartaz, rádio e não sobrava muita coisa”, relembra.

A trajetória musical atualmente

Hoje, Luciano Sapiranga se dedica ao som cover de bandas consagradas no cenário do rock. “Toco na Folha Seca há quase dez anos. Em 2008, a Barata Oriental lançou um disco com composições bacanas. Não tivemos muita mídia e as coisas não aconteceram por uma série de motivos. Mas, foi um período muito legal”, conclui.