Carlos Alberto Decotelli pede demissão do Ministério da Educação, cinco dias após nomeação

Decotelli (dir.) deixa ministério cinco dias após sua nomeação Foto: Reprodução/Facebook

Por Henrique Ternus

País – Carlos Alberto Decotelli pediu demissão ao cargo de ministro da educação. Nesta terça-feira (30), ele entregou o pedido ao presidente Jair Bolsonaro, que havia anunciado a nomeação de Decotelli ao cargo na última quinta-feira (25), em suas redes sociais, além de ter feito a publicação no Diário Oficial da União, na mesma data. O decreto que torna sem efeito a nomeação de Decotelli foi publicado na manhã desta quarta-feira, 1º de julho, no Diário Oficial da União. A saída ocorre após diversas denúncias sobre informações falsas no currículo Lattes de Decotelli. A cerimônia de posse do novo chefe do ministério, prevista para hoje, havia sido adiada, para que o Planalto pudesse realizar uma checagem completa do currículo do economista.

 

O anúncio oficial da nomeação, publicada na página do Facebook de Bolsonaro, afirmava que o economista seria “bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”. Entretanto, tanto as instituições internacionais, quanto a Fundação Getúlio Vargas (FGV), emitiram notas rechaçando as informações.

 

No caso da entidade argentina, de acordo com o reitor da universidade, Decotelli chegou a realizar o doutorado, porém teve sua tese final reprovada, e, portanto, não completou o curso para receber o título oficial de doutor. Em relação à universidade alemã, foi divulgada uma nota pela instituição que afirma que Carlos Alberto Decotelli nunca recebeu algum título da entidade.

 

No seu currículo na plataforma Lattes, Decotelli afirmava ter sido professor na FGV entre 2001 e 2018. A informação, porém, foi contrariada pela própria Fundação. A instituição afirma que Carlos Alberto Decotelli participou como professor colaborador em alguns cursos da entidade, porém nunca compôs efetivamente o quadro de professores. Há também uma suspeita de plágio na dissertação de mestrado em Administração, apresentada em 2008 por Decotelli na FGV. A situação está sendo investigada pela entidade.

 

A plataforma Lattes é oferecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC). Esse serviço integra dados de currículos, grupos de pesquisa e de instituições em um único sistema. Os dados divulgados pela plataforma são autodeclaratórios, ou seja, são os próprios pesquisadores que atualizam as informações. Além disso, ela é considerada um padrão nacional para registro da vida acadêmica.