Campo-bonense que mora na Irlanda explica como está a pandemia no país europeu

Foto: Arquivo pessoal

Região – Em períodos de pandemia as diferentes regiões do planeta possuem algumas semelhanças. E essas diferenças e igualdades foram explicadas pelo jornalista campo-bonense, Jankiel Rohr, que reside há oito anos na cidade de Cork, a segunda maior cidade da Irlanda. Ele explicou ao Repercussão que há semanas, já trabalha home office: “Eu trabalho para uma empresa de T.I. , que determinou que todos os funcionários trabalhassem de suas casas. Todos puderam levar os computadores de mesa, e no momento, estou trabalhando da minha casa, tranquilo e protegido”, explica.

O ex-estudante e funcionário da Universidade Feevale explicou que a empresa, antes do número de casos de coronavírus na Irlanda ascenderem, adotou várias medidas: “Foi distribuído álcool gel para todo mundo em vários locais da empresa para ser usado a toda hora. Se recomendou ainda, manter distância um do outro. Nesse aspecto, a empresa até se portou muito bem, sempre passando update para nós”, elogia. Outra semelhança narrada por Jankiel diz respeito ao comércio: “Aqui, praticamente fechou tudo, de lojas a Pub’s, o que é raro de acontecer. O Saint Patrick’s Day foi cancelado o que também é muito difícil de ocorrer pois é o principal evento do país”, contextualiza

Comércio delivery

Na Irlanda, os pub’s são muito populares e o governo também determinou o fechamento. Notícias veiculadas em meio a pandemia mostraram estabelecimentos entregando pints (copos) de cerveja nas residências como se fosse um serviço delivery: “Os mercados estão funcionando. Logo no início, ocorreu uma correria na procura de papel higiênico, que acabou na prateleira de todos os mercados e quando disseram que iria fechar os comércios. Outro item em falta é o álcool gel. Este produto está em falta nas prateleiras dos mercados e farmácias há umas quatro semanas. Sabonete líquido também está em falta. Fui em quatro mercados no fim de semana. Álcool gel, comprei pela internet e por 12 euros a unidade”, lamenta.

Pessoas também perderam empregos na Irlanda

Diante de um cenário onde há muita chance de contrair o coronavírus, trabalhar com o público virou uma profissão de risco: “Muitas pessoas perderam o emprego, claro que existem oportunidades, em mercados especialmente. Mas, para quem vai trabalhar é um risco, pois estão expostas à circulação das pessoas. É possível perceber ainda que os mercados disponibilizaram desinfetante para passar na cesta de compras como uma forma de proteção. Além disso, há mercados oferecendo ajuda para idosos que precisam de auxílio nas compras de rotina. Em alguns mercados, existe cota para a compra de produtos alimentícios e de primeira necessidade, como os itens de limpeza e higiene. Arroz, por exemplo, está em falta e não encontrei neste fim de semana”, pondera.

Recomendação é para pessoas não sair de casa. Governo desaconselha aglomerações

Na segunda-feira (23), o governo irlandês divulgou que já eram mais de 1.000 pessoas diagnosticadas com o coronavírus e seis mortos: “O governo pediu para que não ocorram encontros com mais de cem pessoas dentro de ambientes e reuniões ou encontros com mais de 500 pessoas devem ser evitados. Neste fim de semana, há tempos não ocorria um domingo com sol e em uma cidade litorânea da Irlanda, muitas pessoas foram aproveitar o tempo bom. Mas, a polícia fechou o estacionamento e proibiu o acesso e mandou o pessoal para casa”, contou.

Para obter mais voluntários na luta para frear o avanço do coronavírus, o governo lançou um programa de captação de voluntários em todo o país: “A proposta é contar com aposentados e estudantes da área médica e de enfermagem que possam contribuir em hospitais. Foram mais de 50 mil pessoas inscritas. Agora, cada caso será analisado. Com a paralisação no país, o governo anunciou um seguro-desemprego para os trabalhadores que foram demitidos”, conta. No círculo de pessoas que o jornalista campo-bonense frequenta há conhecidos seus impactados pelo coronavírus: “Um amigo, que voltou da Espanha, está em quarentena. Minha namorada tem uma colega em quarentena. Agora, se ela for diagnosticada, também vou precisar ficar em quarentena”, lamenta.