Brasil testa remédio com 94% de eficácia no combate à Covid-19

Simone Kafruni/Correio Braziliense

PAÍS – O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) anunciou que cientistas irão testar um medicamento com eficácia de 94% no combate à células infectadas pelo novo coronavírus. A medicação, que será aplicada inicialmente em 500 pacientes, praticamente não apresenta efeitos colaterais. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (15) pelo ministro Marcos Pontes.

De acordo com o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do MCTIC, Marcelo Morales, o fármaco é um produto conhecido, de baixo custo e amplamente disponível no mercado. Por causa disso, para evitar “corrida” às compras, o ministério não divulgou o nome do remédio. Segundo os cientistas, o remédio também é indicado para uso pediátrico.

Inicialmente, o medicamento será testado em 500 pacientes internados em sete hospitais do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Assim, é possível realizar o acompanhamento dos sintomas e da carga viral. O protocolo será uma ministração randomizada, ou seja, nem médicos nem pacientes saberão quem está tomando a medicação e quem está recebendo placebos. A administração do medicamento será diária durante cinco dias, com mais nove de observação. “Em 14 dias, poderemos ver se os efeitos em pacientes serão os mesmos já comprovados em células infectadas”, destacou o ministro Pontes. “Teremos nas nossas mãos, desenvolvido no Brasil, no máximo, na metade de maio, a solução de um tratamento, com remédio disponível inclusive em formulação pediátrica”, completou.

Detalhamento dos testes

Segundo o MCTIC, foram realizados testes com dois mil medicamentos, que já são comercializados em farmácias, para verificar se algum é capaz de combater a doença. A estratégia é chamada de reposicionamento de fármacos, e foi adotada por uma força tarefa composta por 40 cientistas do Laboratório Nacional de Biociência (LNBio), que compõe o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social do ministério.

As medicações foram testadas com o objetivo de identificar fármacos compostos por moléculas capazes de inibir proteínas fundamentais para a replicação viral. Os pesquisadores identificaram seis moléculas promissoras, que seguiram para teste in vitro com células infectadas com o SARS-CoV-2. Os resultados foram obtidos a partir do uso de alta tecnologia, como biologia molecular e estrutural, computação científica, quimioinformática e inteligência artificial.

Dos seis medicamentos promissores, os cientistas do CNPEM/MCTIC descobriram que dois reduziram significativamente a replicação viral das células. Um deles apresentou, nos ensaios com as células infectadas, 94% de eficácia.

Na última terça (14), o ensaio clínico financiado pelo MCTIC obteve autorização da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep) para realizar os ensaios clínicos em pacientes infectados com o novo coronavírus. Essa é a última etapa dos testes, que devem começar nas próximas semanas.