Bandas das escolas Genuíno Sampaio, Estadual e CIEP de Sapiranga são destaques no cenário de bandas marciais

Sapiranga – Sapiranga é palco de três grandes bandas marciais, que fizeram parte da vida de muitos habitantes da cidade. Com histórias e diferenciações marcantes as bandas das escolas Genuíno Sampaio, Estadual e Ciep, se tornaram grandes no cenário das bandas marciais do Estado. Confira um pouco da história de cada uma delas.

A “banda do Genuíno”, atualmente, é uma banda marcial de características tradicionalistas, que sempre impressiona e chama atenção por onde passa, sendo a única banda crioula do Estado. Além do instrumental, possui o corpo coreográfico que encena o que é tocado. Criada em 1985, tinha como regente Cláudio Wingert. Após a morte do professor, a banda ficou inativa, retornando mais tarde com a coordenação de Nelci Fulber, que desejou fazer uma banda única criando a Banda Crioula Cláudio Wingert (BCCW). Em 2014, o professor Paulo Cesar Santos chegou a banda, junto com a instrutora de dança Solange Rosa e do regente de percussão Jardel da Rosa, que tornaram a banda 100% tradicionalista, trazendo temáticas que contam a história do Rio Grande do Sul, como Anita e Garibaldi, Batalha do Barro Vermelho, entre outros temas.

Participações no Natal Luz, de Gramado, Festa das Rosas, Semana Farroupilha, festivais como os de São Lourenço do Sul, Rio Pardo, Sapiranga, além de participação no programa “Voz da Tradição” da TV Tradição, de Porto Alegre, são algumas das apresentações que marcaram a história da banda.

“Hoje a BCCW é uma das bandas mais esperadas nos festivais e leva o nome de Sapiranga por onde passa. Ela é conhecida por todos por se tratar da única banda tradicionalista”, conta Paulo Cesar, regente da banda.

Estadual é formação musical

A Banda Marcial do Instituto Estadual de Educação de Sapiranga, mais conhecida como “Banda do Estadual” foi uma das primeiras bandas do município. Fundada em 28 de fevereiro de 1955, com o nome de Banda Marcial Ferrabraz, foi extinta em 1992 e retornou aos ensaios em 2001 já com a regência do professor Paulo Kayser. A banda tem conquistado o carinho e a amizade de diversas plateias para as quais se apresentou em mais de 100 festivais nestes 18 anos.

Durante a sua trajetória, a banda do Estadual vem se destacando na formação de músicos para o cenário gaúcho. “A banda do Estadual se notabiliza pela formação musical de seus alunos e componentes. Nós temos diversos alunos que saíram diretamente para orquestras de Novo Hamburgo e Nova Petropólis, bandas militares, professores de música. Então ela tem essa marca muito forte de formação musical”, declara Paulo Kayser, regente da banda.

Segundo Paulo isso se deve pelo ensino da teoria desde o início do caminho musical dos alunos. “Desde o primeiro dia que o componente chega, ele já começa a receber noções de teoria musical, aprende a ler partitura, isso capacita ele a ser um músico diferenciado em qualquer cenário”, destaca o regente.

Banda do Ciep já participou do Jornal do Almoço por conta do seu funk

Já a “Banda do Ciep” é a mais “nova” das três, com 24 anos. Ela iniciou com a regência da atual diretora da escola Margit Schwingel. Em 2011, a banda foi reformulada e a partir de 2013 coreografias passaram a fazer parte das apresentações. No ano seguinte, em 2014, o funk foi inserido, “por ser um ritmo que os alunos gostavam, e por ser um ritmo alegre, dançante”, explica Dariele Machado Prates, regente da banda, que complementa: “e é isso que queremos transmitir em nossas apresentações, alegria e diversão”.

O funk, certamente, é o diferencial da banda e por conta dele o grupo já recebeu críticas, mas também reconhecimento, chegando a participar do Jornal do Almoço. “A participação no JA significou muito para nós, pois no ano passado recebemos críticas por ter tocado funk no desfile cívico, e com a matéria pudemos ver que não estamos sozinhos, que pessoas nos acompanham e gostam do nosso trabalho”, fala Dariele, que também conta, “já tivemos plateia dançando e cantando com nossas músicas, e já tivemos críticas de quem achou um erro uma banda marcial tocar funk.”

Os festivais são os mais esperados

Entre todas as apresentações, os festivais são os mais esperados pelas bandas, principalmente os das cidades de São Lourenço do Sul e Rio Pardo. “Esses festivais são os mais antigos do estado, onde se reúnem as melhores bandas. Existe espera para participar desses eventos,” conta Paulo Cesar.

Paulo Kayser, também destaca a importância dos festivais. “Os principais são os festivais, em que a gente tem a oportunidade de representar a cultura de Sapiranga, mostrar um pouco do trabalho que é desenvolvido aqui”.

O CIEP também tem presença marcada nos festivais do estado e cada um deles representando algo novo para a banda, “Em Rio Grande levamos algo novo, em Cachoeira do Sul pudemos ver de perto bandas que nos inspiram, em Eldorado do Sul fizemos muitos amigos, assim como em Rio Pardo tivemos a oportunidade de ter um parecer técnico”, declara Dariele.

O trabalho é voluntário

“Os cortes de verba e falta de reconhecimento desse segmento pelo governo, acaba por apagar o brilho das bandas”, diz Paulo Cesar, que completa: “a BCCW consegue se manter com voluntários, desde instrutores até o grupo de apoio que faz promoções e recolhe doações para manter a banda funcionando”. Da mesma forma se mantém a banda do Ciep, que está realizando um cachorro-quente para ajudar a levantar dinheiro. Já o Estadual é mantido pelo CPM da escola. “Hoje, todo o orçamento da banda é sustentado pelo CPM do Instituto Estadual de Educação, desde o custeio das aulas, quanto a instrumentos, manutenção, uniformes e viagens, tudo pelo CPM”, declara Paulo Kayser.

Texto: Laura Blos

Foto: Arquivo pessoal