Vamos falar de uma zoonose de grande importância clínica, que tem uma alta morbidade, e também pode atingir taxas de mortalidade extremamente altas. Existem vários sorotipos diferentes dessa doença, cada um deles com uma maior relevância clínica para espécies diferentes. Uma doença que pode atingir diferentes espécies de mamíferos, e transmitida pelos indivíduos doentes. Hoje, vamos falar de leptospirose.
A leptospirose é uma doença que acomete diferentes espécies de mamíferos, causada por uma bactéria, que tem algumas peculiaridades quanto a sua prevenção, mas algumas também quanto a sua capacidade de infecção. A bactéria pode ser facilmente eliminada do meio ambiente, de forma bastante simples, basta que ocorra o ressecamento, sem presença de umidade, para que ela não resista e fique incapacitada de causar infecção em outro ser vivo. Por outro lado, em ambientes com presença de água, como regiões alagadas, principalmente após alagamentos, tem uma capacidade grande de se manter viável por longos períodos.
Os roedores (ratos de esgoto principalmente), são um importante reservatório da bactéria, por apresentarem uma doença subclínica, podem ir liberando a bactéria pela urina, que acaba contaminando as águas pluviais e de galerias. Pensando nisso, muitas vezes, os riscos de contaminação em áreas alagadas das cidades é muito grande, principalmente quando a água já está diminuindo e com isso o fluxo de água diminui e a possibilidade de concentração de leptospirose na água pode aumentar. As bactérias também tem uma importante capacidade de penetrar de forma ativa, não só em ferimentos e regiões de mucosa, mas também em pele íntegra, que tenha apenas ficado umedecida demasiadamente. Além da urina, a bactéria também pode ser encontrada no sêmen de machos infectados, portanto tendo como uma grande forma de transmissão a via venérea.
Nos cães, são muitos os sinais clínicos apresentados, mas de forma clássica, é possível observar de forma intensa a presença de icterícia, que se caracteriza pela coloração amarelada de mucosas e também da pele, em consequência da intensa infamação do fígado. As alterações renais também são muito evidentes, podendo evoluir muitas vezes para uma insuficiência renal aguda grave, e falência renal. Nas fêmeas, a leptospirose também é uma importante causa de abortos.
A prevenção pode ser feita com a vacinação (é uma das frações da vacina polivalente de cães), apesar de não ocorrer uma imunidade cruzada de forma eficaz, a vacina que abrange os sorovares canícula, icterohemorragica, pomona e grippotifosa, tem a capacidade de proteger os cães dos 4 sorovares mais importante clinicamente.
Sem tratamento para intoxicação
Falando em leptospira pomona, temos que lembrar que a transmissão não se resume ao rato, tendo os gambás uma grande importância na disseminação dessa doença, um animal de comportamento muitas vezes urbano, e hábitos noturnos, bastante presente na grande maioria das cidades, em função da presença de grandes quantidades de alimento descartados nos lixos.