Artigo: A terapia neoadjuvante do câncer, por Dr. Antônio Fabiano Ferreira Dra. Daniela Lessa, da Clínica Oncosinos

O tratamento do paciente com câncer é muito complexo e exige profissionais altamente especializados e em constante atualização científica para fornecer as melhores opções de tratamentos. Atualmente, muitos pacientes recebem diversas formas de tratamento como por exemplo: cirurgia seguida de quimioterapia e radioterapia. Para cada paciente a escolha dessas sequências de tratamento obedece à uma lógica. Do seu correto planejamento e implementação dependem as chances de cura e a qualidade-de-vida dos pacientes.

Assim como em qualquer viagem, o momento mais importante no tratamento do câncer, é o momento do PLANEJAMENTO INICIAL. Quanto melhor forem planejadas as ações iniciais do tratamento, melhores serão os resultados. É muito importante que haja muita cooperação entre o Oncologista Clínico, Cirurgião Oncológico, Mastologista (no caso de câncer de mama), e Radioterapeuta. Dessa forma, a sequência de tratamento com maior chance de sucesso pode ser estabelecida para cada paciente!

Na dependência das condições de saúde do paciente do estágio do câncer permitam, podem ser implementadas estratégias de tratamento com preservação de órgãos (tais como mama, laringe, bexiga, etc). Essa possibilidade se tornou mais factível e real com o surgimento da Terapia Neoadjuvante.

A Terapia Neoadjuvante é a administração de agentes terapêuticos antes do tratamento cirúrgico ou radioterápico. O objetivo da terapia neoadjuvante é reduzir o tamanho ou extensão do câncer antes do tratamento local (cirurgia e/ou radioterapia), com a possibilidade de reduzir as consequências de uma técnica mais agressiva que seria necessária se o tamanho ou extensão do tumor não fossem reduzidos.
A Terapia Neoadjuvante age não apenas no tumor primário mas também na doença micrometastática. O tratamento sistêmico (de todo o corpo) é iniciado de forma imediata com medicações anti-câncer que percorrerão a corrente sanguínea até os diversos órgãos onde podem haver se alojado microscópicas células tumorais, não detectáveis por exames de imagem. É por causa da possibilidade da existência de doença micrometastática que muitas vezes se realiza o tratamento com quimioterapia e ou hormonioterapia após cirurgias de câncer de mama intestino por exemplo. O objetivo da quimioterapia nestes casos é tratar doença microscópica com o objetivo de se obterem maiores índices de cura.

Os bons resultados da Terapia Neoadjuvante foram comprovados em pacientes com câncer de mama através do estudo NSABP B-18. Demonstrou-se que a quimioterapia Neoadjuvante, administrada antes da cirurgia mamária, diminuía em cerca de 80% o tamanho dos tumores e permitia a conservação da mama em 70% das pacientes com tumores entre 2 a 5 centímetros. Estes maiores índices de preservação da mama são conseguidos sem prejuízo das chances de cura das pacientes. É importante reforçar que, após cirurgias conservadoras de mama, em praticamente todas as pacientes é necessário o complemento do tratamento com radioterapia.