Após três meses, Distanciamento Controlado ainda é controverso

Pandemia exige isolamento social, e comércio passa por restrições no funcionamento Foto: Arquivo/JR

Por Henrique Ternus

Região – Anunciado no final de abril e em vigor desde 11 de maio, o Distanciamento Controlado do governo estadual foi a maneira encontrada pelo governador Eduardo Leite e sua equipe para conciliar o combate à pandemia, cuja principal arma é o isolamento social até o momento, e a atividade comercial, que sofre com a redução dos clientes e, consequentemente, do faturamento. A proposta do governo com o modelo é flexibilizar as atividades econômicas, de acordo a gravidade da pandemia em cada uma das 20 “regiões Covid”, usando como base indicadores e dados técnicos e científicos.

Desde o seu lançamento, o modelo já foi elogiado por autoridades da saúde, como o ex-Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mas também sofre pressões dos municípios, que pedem maiores flexibilizações para abertura das atividades, à medida que a situação da pandemia apresenta alguma melhora. Segundo pesquisa da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), de 396 prefeituras consultadas, 222 (56%) concordam com o modelo, porém acreditam que poderia haver melhorias. Para a maioria, as bandeiras deveriam ser definidas entre cidades e estado.

“Distanciamento ajudou”

Para o médico oncologista e presidente da Associação Beneficente São Miguel (ABSM), Rafael França, o Distanciamento Controlado ajudou a organizar o fluxo de entrada de pacientes portadores de infecção por coronavírus na rede de Assistência de Saúde, bem como gerou uma diminuição na disseminação dos casos por Covid-19. “Mais do que qualquer modelo de distanciamento social a ser implantado, penso que a conscientização da população sobre as regras básicas de higiene é imprescindível”, afirmou.

Já FCDL criticou o modelo

A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL/RS) afirmou que o modelo das bandeiras foi uma “complexa criação do governo, com o objetivo de justificar a decisão econômica e política completamente equivocada de restringir exageradamente o funcionamento das atividades produtivas”. Segundo a entidade, o RS contabilizou, entre janeiro e junho, quase 95 mil desempregados, além de uma redução de 6,24% nas vendas do comércio varejista, em comparação com o ano passado, e queda na produção industrial de 26%. “Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que apenas em junho registrou-se a queda de 1.430 postos de trabalho no Vale do Sinos. No acumulado de 2020, entre janeiro e junho, 20.476 trabalhadores da região perderam seus empregos. Somando-se a isto, a inatividade de profissionais liberais, empresários que quebraram e outras categorias, estimamos que pelo menos 40 mil pessoas nas cidades em questão ficaram sem ter condições de gerar renda”, afirmou a FCDL, através da sua assessoria de imprensa.