Aniversário de Campo Bom: Prefeito esclarece obra do Largo e projeta mais desenvolvimento

Nos 63 anos de Campo Bom, o prefeito Luciano Orsi, concede entrevista ao Repercussão e avalia o momento histórico pelo qual a cidade passa.

 

Repercussão – Ações que fortaleçam o empreendedorismo, a geração de emprego e renda são pilares da sua administração. Como é esse esforço para a criação de um ambiente favorável aos negócios na cidade?

 Orsi – Sofremos nos dois primeiros anos um período de queda de estoque de empregos. Isso vinha desde 2015. Foi um período que foi crítico e tivemos uma perda importante de empregos. Entramos sofrendo esse desgaste e depois iniciamos uma recuperação. Eu sei que, agora, chegamos a ter 19 mil postos de emprego no estoque. Hoje estamos com 22 mil empregos no estoque. Estamos no positivo e estamos com mais do que quando recebemos e entramos. Ampliamos bastante os postos de trabalho. E, também, ampliamos a arrecadação dos tributos das empresas. Ocorreu o aumento de postos de trabalho, do faturamento das empresas, e estamos em uma expectativa, que o ano de 2022, vai ser um ano positivo. Claro que vai depender de um cenário muito diferente. Cada país teve um tipo de ação na pandemia. Alguns episódios nos países emergentes que mudaram de direção, acabaram refletindo para que pudesse ter ampliação de oportunidades. E, o Brasil, aproveitou essas oportunidades. Conseguimos trazer um pouco do que havíamos perdido de mercado, aliado na questão da diversificação. Campo Bom tem sido bem pródiga em diversificar e estamos diversificando de uma maneira muito responsável. Isso vem de anos e temos conseguindo trazer novos nichos de mercado, novas áreas de atuação, temos vários setores que estão crescendo junto. Nesse contexto surge uma notícia como a expansão da Verallia, se não tem esse tipo de empresa, não consegue criar uma ampliação dessa magnitude. Estamos com um crescimento sustentável.

Repercussão – E a criação de um ambiente favorável aos negócios?

Orsi – Estamos vivendo o resultado mais palpável dessas ações. Desde 2017, quando entramos, implantamos uma dinâmica de se colocar muito no lugar do empreendedor. Eu e o Henrique (Scholz, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo), somos da iniciativa privada, tínhamos uma visão um pouco diferente. E há um choque entre o público e o privado. E nos perguntamos: O que podemos fazer, para aproximar e ver essas oportunidades? Começamos a qualificar os processos, implantamos a união das secretarias de Meio Ambiente, Saúde, Finanças e Fiscalização. Essa união proporciona um trabalho olhando sempre o global. A Sedetur acabou servindo como um catalisador de todo o envolvimento que o setor empresarial possui com o município. Fortalecemos e criamos um comitê e isso foi uma decisão muito importante. É necessário olhar o empreendedor como um cliente do município, que veio nos trazer qualidade de vida. O empreendedor é alguém que veio melhorar a qualidade da vida da população. Seja com 2, 3 empregos, pequena ou grande empresa. E, tratamos isso muito forte aqui dentro. Através de capacitação dos servidores e empreendedores, melhoramento da Sala do Empreendedor, que passamos de uma sala que não tinha qualificação, de Ouro para Diamante em dois anos. Nos aproximamos muito da Junta Comercial, dos Bombeiros, do microcrédito para a criação desse ambiente de negócios. Uma coisa é ouvir o retorno. O empresário que ligar e pedir uma reunião, ele vai marcar e falar com o Henrique ou Aírton Schäfer, e na mesma semana ou na seguinte, já vai estar sentando conosco apresentando seus projetos de expansão ou ideia de investimento. O empresário possui essa oportunidade de nos explicar se precisa de um pavilhão ou outra ação. Temos todo um mapeamento os imóveis de locação ou venda na cidade. Quando o empresário chega e diz que quer um imóvel X vamos olhar o que a cidade oferece. Colocamos ele em contato com o proprietário ou a imobiliária e trabalhamos muito isso. Criamos uma confiança no empreendedor, e os investidores que constroem para locação sabem que a Prefeitura é parceira. E isso é um caminho muito forte. No primeiro ano, eu tinha R$ 50 mil no PIGE no orçamento. E nós já demos mais de R$ 1 milhão em locação de recurso no primeiro ano desde 2017. Viemos para fortalecer o setor empresarial para oferecer ajuda em projetos que é nítido que trarão um retorno. É recurso público, mas tem que ter segurança e com viabilidade, e sustentabilidade, crescimento que seja possível de acontecer. Acredito que hoje temos esse retorno. Nesse ponto estamos realizados, ainda temos muita coisa para fazer ainda e estamos realizando. Começamos com o Mateus de Menezes, em 2017, depois o Henrique entrou e isso gerou um engajamento muito grande e os servidores de carreira se identificam muito com isso, e temos feito um trabalho muito bom. Hoje, Campo Bom, tem nome consolidado como uma cidade boa para se empreender. Ficamos em 1º lugar na região Sul e na  4ª colocação no Brasil quando foi feita a avaliação dos melhores locais para se empreender.

Tudo são degraus que vamos buscando. Hoje batemos o recorde na virada do ano de vagas no SINE. Mais de 340  empregos à disposição e com falta de trabalhadores. Isso é um problema para nós. Os empresários me cobram e nos viramos aqui. Chega em um ponto que se torna uma dificuldade. Estamos, inclusive, voltando a um tempo que tivemos lá nos anos 1980, onde o pessoal vinha para Campo Bom para trabalhar e morava na casa de um primo, irmão…

Repercussão – E, para manter esse crescimento, o município estuda novas áreas industriais, semelhante a que foi estruturada no bairro Firenze?

Orsi – Temos uma proposta diferenciada em uma área pública no bairro Vila Rica e tudo está bem adiantado. Está tudo feito no registro de imóveis com algumas adequações de matrícula. É uma área de cerca de 20 mil metros quadrados e fica na esquina entre as ruas Olivia Gerhardt e Rua das Flores. É uma área que, antigamente, tínhamos previsto a instalação da Secretaria de Obras. Como a Secretaria de Obras não tinha mais condições estruturais de permanecer no antigo endereço, depois com a adequação e a transferência da estrutura para o Parque do Trabalhador, ficou muito bom lá. Aperfeiçoamos a manutenção do parque e deu uma utilização muito boa para a área. E, essa área é bem interessante para um distrito industrial. É próximo da população e fica na Vila Rica, bem próximo da região da ‘Baixada’, da Operária e perto do Centro, e essa área pode se transformar em área industrial. Estamos na fase final, e vamos lançar o edital até o mês que vem, para trazer uma empresa grande, que possa gerar empregos para aquela população, e com a ponte de Av. dos Municípios, ficou com acesso para São Leopoldo e Sapiranga. Essa licitação sairá nos próximos dias , e estamos com boa expectativa de termos empresas, para gerar bastante emprego e renda para Campo Bom.

E estamos buscando outras áreas, o Loteamento do Firenze tem na faixa de 11 a 12 lotes dependendo do interesse das empresas. E já contamos com mais de 60 empresas interessadas em participar do edital. Temos outras áreas em vista para daqui a pouco, lançar o empreendimento para trazer uma grande empresa, ou fazer lotes menores, estamos avaliando a vocação da área. Estudamos ainda a implantação de uma nova área industrial próxima da RS-239. Isso é algo que pode gerar um avanço no primeiro semestre. Mas, é algo que nem vou ter condições de efetivar ações nos próximos anos em razão do tempo. Daqui a pouco vou adquirir e a parte da infraestrutura e empresas outro prefeito que vai buscar. Quero deixar a saúde financeira do município melhor do que quando eu entrei.

Repercussão – O seu governo será lembrado pela implantação da Guarda Municipal armada. Como estão os aspectos de treinamento e estruturais?

Orsi – A Guarda Municipal está com o curso de formação em andamento. Ele ocorre na Guarda Municipal de Gravataí, que é quem está fazendo os cursos para os nossos alunos. Temos 32 alunos fazendo o curso. É um curso de 1.300 horas, acompanho eles fazendo treinamentos, treinamento de socorro, e agora, vai começar prática de tiro, que é um curso extremamente exaustivo. Na Acadepol do Estado o curso é de 350 horas. Estamos proporcionando um curso quatro vezes maior. Sabemos da importância e da responsabilidade de se colocar uma guarda armada na rua. Isso não é brincadeira. Queremos ter a certeza de que esses guardas, que estão hoje e se qualificando para servir ao cidadão de Campo Bom, estejam extremamente preparados, para agregar na segurança pública. Não queremos substituir a Brigada Militar ou a Polícia Civil, pelo contrário, temos uma trajetória de união com essas forças, e viemos para colocar mais um órgão importante a serviço da segurança pública de Campo Bom. A ideia é que até o meio de 2022, vamos apresentar essa Guarda. Estamos comprando todos os equipamentos e fardamentos. Já temos o armamento todo comprado, pistolas, carabinas, uma viatura, vamos comprar mais duas viaturas, e existe um pedido do secretário de mais alguns itens. Precisamos de um veículo um pouco maior para dar imponência. A Guarda atuará no reforço da segurança em prédios públicos e áreas públicas. Existem papeis preponderantes, mas no conjunto todos fazem juntos pela segurança pública.

 

Repercussão – Existem algumas cobranças da população sobre o andamento das obras do Largo Irmãos Vetter. O que está ocorrendo?

Orsi – A obra do Largo retomamos. Realmente, havia poucos trabalhadores no canteiro. Mas, a obra possui partes internas e subterrâneas, às vezes, as pessoas não enxergam que tem operários atuando. As pessoas colocam na internet que não tem ninguém trabalhando. Sempre concordamos que teve um período de pouquíssimo trabalho, talvez até sem. Mas, de um tempo para cá, andamos aumentando as equipes. Estamos cobrando das empresas, resolvendo as emendas parlamentares e toda a burocracia. Temos três etapas na obra.

Estamos com as três frentes atuando. Elas precisam atuar em conjunto. E o tempo de uma emenda parlamentar não é o mesmo do recurso livre. E isso nos traz um pouco de entrave. As três frentes é a mesma empresa que executa. Foi feito em bloco com trabalhos diferentes. Agora, estão avançando bastante. Estão trabalhando na parte interna, na parte de infiltrações que existia no telhado. O chafariz estava com as 32 bombas estragadas e reformamos todas as bombas. Tem muita parte de elétrica e hidráulica que não se enxerga muito.

Até esses projetos, muitas vezes, não estão como foi elaborado no início. Obras de reformas tem surpresas. E isso não é diferente nessa questão. Sabemos disso. Recebemos o pessoal do comércio do Centro e assumimos o compromisso com eles de trabalhar a liberação nos próximos dias, a região próxima das calçadas, para poder reduzir um pouco a área interditada. Assim, estamos trabalhando para liberar logo, é uma coisa que o pessoal nos pediu muito, pois atrapalha muito a questão de circulação de veículos e prejudica eles. Tivemos diálogo bem franco. E solucionamos a grande maioria dos problemas, agora, a coisa vai andar.

Fizemos um reequilíbrio financeiro, pois pedidos são frequentes em obras públicas. Entre fazer um projeto, fazer um orçamento, e realizar, principalmente, obra com pandemia, as coisas dobraram de preço, então, estamos ainda trabalhando. A maioria dos problemas estão superados. A questão da mandala existente no centro do Largo é mais complexo. Tem que ser feito especialmente e será a última etapa a ficar pronta, precisamos de 2 a 3 meses para ser fabricada, depois tem que vir em bloco para ser colocada. Essa é a parte mais cara e sensível e que necessita de atenção especial e o Largo está andando e começando a andar em uma normalidade. Chegamos aos 30% de conclusão. Queremos terminar até julho e agosto. A parte da mandala talvez nos gere algum acréscimo, mas essa é a expectativa.

Repercussão – E o Centro Vida de Especialidades. O que aconteceu com essa obra?

Orsi – Rescindimos o contrato com a empresa. Chamamos a segunda colocada, tivemos que atualizar todas as planilhas de preços e atualizar tudo para ver se a segunda colocada aceita realizar o resto pelo valor contratualizado. Se não aceitar, vamos fazer nova licitação da parte que falta. Estamos mais ou menos perto de 50%. E teremos que licitar a metade. A empresa fez pedido de reequilíbrio onde solicitou mais 500 mil reais. Acontece que todo o processo de reequilíbrio tem que ser fundamentado no que subiu de preço e ver o quanto é da obra e só pode fazer o que o percentual disser que está dentro daqueles produtos. Havia uma defasagem, fizemos toda a avaliação dentro do que o TCE nos orienta. E chegamos em 300 mil reais de reequilíbrio possível juridicamente sem entrar em ilegalidade. Primeiro a empresa disse que aceitaria, mas começou a não fazer e a fazer corpo mole. Notificamos e multamos a empresa, e no fim consideramos a rescisão do contrato pela inadimplência e de não entregar a obra. A empresa, disse que não tinha como fazer dentro do reequilíbrio possível. E não temos o que fazer, temos que notificar até chegar no ponto de rescindir, para ter outra opção de seguir com a segunda ou terceira colocada.

Repercussão – E os investimentos no Hospital Lauro Reus. Tem novidades por vir?

Orsi – Aquilo que o Hospital está realizando de procedimento, de internações e cirurgias, teve aumento bastante grande e está atendendo mais gente. Está mais resolutivo, mais atuante e isso, nos levou inclusive, a pedir para o Governo Federal, um aumento de recurso para o Hospital. Fizemos esse pedido de reequilíbrio, por conta de estarmos produzindo a mais. Em 2019, eu já havia pedido aumento de recurso. Mas, eles olharam e viram que havia internações contratualizadas e que não estaríamos atendendo nem o que estaria contratualizado. Disseram que não podiam. Só quando tivéssemos produção acima. Agora, sim, estamos produzindo acima e reencaminhamos e estamos pedindo mais recursos  para o Governo Federal, pois agora, contamos com a tomografia e ampliamos os leitos, pois temos 100 leitos disponíveis, tínhamos menos. E hoje estamos com mais atendimentos. Estamos trabalhando em uma questão que fazia três anos que queríamos intervir.

Fizemos o projeto e estava pronto. E, bem no início de 2020 estourou a pandemia. Queremos reformar a emergência e os fluxos da emergência do hospital. Nesse meio tempo, ampliamos muita coisa através de investimento do município e parceria com empresários, Câmara de Vereadores, mas a situação de equipamentos do Hospital mudou na pandemia. Agora, precisamos mais de obras físicas e menos de equipamentos. Nesse meio tempo também entrou o Programa Assistir do Governo do Estado, e esse programa trás exigências na parte física para receber mais recursos. Estamos mudando um pouco o projeto, adequando ele para a realidade ideal. Mas, nossa meta é que o cidadão tenha melhor acolhimento no Hospital. Ele atende muito, mas tem dificuldade na questão da triagem e da humanização quando chega. Todo mundo chega na mesma porta. É perna quebrada, infarto, criança, e se torna um ambiente muito pesado para as pessoas. E estamos trabalhando para que tenha fluxos mais divididos. A ambulância entrará por determinado setor. A criança pelo setor da Pediatria para que possa separar e os fluxos fluam naturalmente, sem aglomeração de pessoas, sem ter situações constrangedoras.

Quero dar uma condição de humanização e uma situação melhor para os profissionais. O trabalho deles é dedicado e não conseguimos, na emergência, oferecer uma boa condição de acolhimento para as pessoas ficarem. Vamos investir agora, no mínimo, 4 milhões de reais, para colocarmos isso em outro patamar. E isso vai acontecer, e isso, em no máximo 60 dias, precisamos colocar na rua esse edital, pois temos prazos a se cumprir. Esse é o foco principal. Melhorar o acolhimento da emergência e dos fluxos da frente do Hospital. Temos hotelaria muito boa, as pessoas que internam, raramente, têm reclamação. O visual e o ingresso é um pouco chocante. A percepção das pessoas um lugar mais acolhedor, que possa dar uma melhor qualidade para o paciente, e um melhor atendimento para o profissional que trabalha no Hospital.

Repercussão – Algum projeto de pavimentação ou asfaltamento para os próximos meses?

Orsi – No dia 13 de janeiro saiu o vencedor de uma licitação para o de ruas entre os Loteamentos Bem Viver e o Sempre Unidos, na Grande Operária. Vamos investir 490 mil reais. Mas, temos um projeto grande de novos asfaltamentos. E, ainda, temos é claro, no Avançar Cidades, onde fomos contemplados para a revitalização da Av. dos Municípios. Será a parte que vai desde a divisa com Novo Hamburgo, até a rotatória onde tem a JDV, a antiga Citral e a rotatória do Porto Blos. Serão esses três quilômetros que teremos essa revitalização, vão ser duas rotatórias, uma na esquina com a Rua Independência e a outra na esquina com a Rua Bom Jesus. Estamos trabalhando para fazer isso junto. Este projeto do Avançar esperamos ter contemplação de 1 milhão a 2 milhões, e essas obras chegarão próximo dos 4,5 milhões de reais. O município vai dar 2/3 de contrapartida, mas são questões, que pela abertura da ponte da Av. dos Municípios, do trânsito ter ficado mais pesado, temos que ir melhorando a qualidade, para evitar ao máximo os acidentes e humanizar aqueles acessos que ficaram mais perigosos.

Ainda existe projeto que está em fase de estudos  que é de fazer a duplicação da Arnildo Paz, que é a avenida da Verallia. É certo que vai ter mais fluxo de caminhões, não prometemos, não entrou nas contrapartidas, já tínhamos projeto para essa duplicação, melhorando os estacionamentos de veículos e caminhões, proporcionando mais segurança para aquela área.

Repercussão – E o novo Parcão na esquina da Av. dos Estados com a Av. Brasil?

Orsi – Está previsto para acontecer esse ano. Temos atualizado os custos. A rotatória do CEI ficou boa e a Avenida dos Estados também. Essa área que está se tornando referência para a cidade, vai ficar ainda com muito mais utilidade para o cidadão, pois queremos oportunizar ainda mais espaços com esporte e lazer, que é algo que a comunidade de Campo Bom gosta muito, de áreas adequadas para convivência.