AGVL e Prefeitura elaboram projeto de reestruturação das rampas no Ferrabraz

 

Sapiranga já foi conhecida como Cidade das Rosas e também do Voo Livre, título que foi se popularizando devido à cultura dos jardins de rosas nos anos 60 e também pela prática de esportes no Morro Ferrabraz. A Associação Gaúcha de Voo Livre (AGVL) é um clube formado em 1979, que é referência para esse tipo de atividade na região. Na última etapa do Brasileiro de Parapente, realizado em Minas Gerais, quatro atletas da associação foram medalhistas e a AGVL se faz presente na maioria dos pódios de campeonatos nacionais e internacionais.

No entanto, Sapiranga não é mais uma referência como ponto de prática do voo livre, como foi nos anos 80, muito em função da defasagem das rampas em relação à outras.

Localizada no topo do Ferrabraz, a área possui duas rampas que se mantém praticamente iguais há muitos anos, recebendo apenas manutenções estruturais, sem a necessária modernização. O vice-presidente e piloto da AGVL, Alex Trombini, falou com o Jornal Repercussão sobre a necessidade desse reprojeto nas pistas. “Atualmente, conseguimos colocar 3 ou 4 pilotos no ar, simultaneamente. Temos uma janela de 30 minutos para cada decolagem. Nos campeonatos brasileiros são em média 140 pilotos, uma rampa como a nossa não comporta mais essas competições”, salienta.

Para voltar a figurar como referência nos circuitos de voo livre, está sendo elaborada uma reformulação do espaço onde estão localizadas as rampas.

PROJETO DE PARCERIA PÚBLICO/PRIVADA

A AGVL hoje arca com a manutenção da estrutura das rampas , o aluguel da área (que é particular), bem como outras demandas , como sinalização e podas. A Prefeitura auxilia com corte de grama e as manutenções na estrada de acesso. Porém, para que se pudesse manter um espaço mais organizado e adequado, o cercamento da área é fundamental, a exemplo de outras rampas de voo livre que operam neste modelo.
No início do ano, a AGVL procurou a Administração Municipal e, através da Secretaria de Turismo, há um planejamento para que o espaço se torne público e, a partir de licitação, uma empresa voltada para turismo e desporto assuma a gestão do espaço e, então, se amplie a infraestrutura, com água, energia elétrica e restaurante, por exemplo. Essa estrutura deve aumentar ainda mais o interesse turístico.

ESTRUTURA TURÍSTICA

Em um levantamento feito antes da pandemia pela AGVL, a média de acesso ao local era de 150 carros por dia nos finais de semana (sem contar que muita pessoas sobem através de trilhas e também em passeios de bicicleta). O projeto da associação é dobrar a área, e ampliar a parte da decolagem para poder retomar o nível de rampa para as principais competições nacionais.

A elaboração está sendo feita também pela Prefeitura, que já realizou o levantamento topográfico do local, onde foram demarcados os espaços, para análise, da poda das copas que ficam logo em frente às rampas. A Secretaria do Meio Ambiente também está envolvida através do estudo da vegetação que pode ser removida, e já articula dar andamento ao projeto. Outra providência que está em planejamento é a terraplanagem de alguns pontos, já que as rampas devem ter uma inclinação adequada e uma alternativa é utilizar terras excedentes das obras públicas. Esta medida já está sendo discutida com a Prefeitura, assim, quando for possível iniciar as melhorias nas rampas, o aterro já estaria no local.

Um mirante também foi sugerido e, apesar de ser um sonho mais distante, pode vir a ser construído na área. Toda a infraestrutura está sendo pensada para que o impacto ecológico seja o menor possível e o fomento do turismo e das práticas esportivas traga muito retorno para a região, a exemplo das rampas de Igrejinha e Rolante, que hoje estão mais ativas nos circuitos de campeonatos e, consequentemente, no fluxo de turistas.

Área de pouso é um diferencial para o protagonismo

“Felizmente, temos a unanimidade. Conversei na Câmara com vereadores de partidos diferentes e todos concordam que o esporte e o turismo sempre devem ser valorizados”, comemora Alex, que está otimista para a aprovação de todos os setores envolvidos e andamento no projeto, possivelmente, já em 2022.

Por enquanto, as atividades nas rampas estão restritas aos praticantes associados, pretendendo também evitar aglomerações. Hoje a AGVL tem 196 associados, cerca de 90% são pilotos que praticam asa-delta ou paraglider.
Um grande diferencial do Morro Ferrabraz é a estrutura do pouso, que é uma das melhores do país. Lá fica a sede da AGVL e ainda conta com estrutura de camping. Outra vantagem é a distância de cerca de 5 minutos entre o ponto de partida e o de pouso, o que otimiza a atividade dos atletas para competições. Alex Trombini reitera a importância da modernização na área de decolagem. “Tendo uma rampa boa, agregado com a estrutura de pouso, nós entraremos de novo nos principais circuitos”.