Adoção: o ato de resgate que muda vida de crianças

Muitas famílias se interessam por adotar uma criança. Os motivos são diversos, mas todos com a essência do sentimento de acolhimento e amor, já que é uma responsabilidade que deve ser levada para o resto da vida. Em Sapiranga e Campo Bom a situação não difere do restante do país, onde a preferência dos pais por crianças é pelas recém-nascidas ou com no máximo 12 anos.
No Brasil, a adoção pode ser feita por qualquer pessoa acima de 18 anos. Se a pessoa realmente sente que sua família está pronta para embarcar nessa jornada, o primeiro passo é comparecer a um fórum de sua cidade ou região com o pedido de habilitação para adotar, juntando documentos de identificação, comprovante de residência e certidões criminais negativas, para ser enquadrada entre os habilitados.
Um assistente social fará visita na residência do interessado e, após o laudo do profissional e a manifestação do Promotor de Justiça, será sentenciado pelo juiz, que deferirá a habilitação, estando o casal, apto a adotar.
Em relação à criança adotanda, deverá ocorrer a entrega voluntária pelos pais, ou a destituição do poder familiar, por conduta inadequada dos mesmos, que coloque em risco a vida ou saúde da criança, para então a criança poder tornar-se passível à adoção.
Bebês
A mulher grávida que pretende doar seu bebê pode ir ao cartório do Juizado de Infância e Juventide (JIJ) e informar que pretende dar seu filho à adoção. O desejo pode ser informado também logo após o parto. Nestes casos, os recém-nascido permanecem na maternidade até que o casal habilitado com o perfil adequado seja contatado.
Casas de passagem
Como lar para os que esperam para adoção, em Sapiranga há o Centro de Atendimento São Francisco (CASF), que hoje abriga apenas crianças que estão sob medida de proteção, mas que no ano passado adotou seis crianças. Em Campo Bom, onde foram realizadas nove adoções nos últimos 12 meses, há a Casa de Passagem Querubim e a Associação Cristã Pro Menor Lar Colméia. Em Sapiranga são realizadas entre três e cinco adoções anuais, onde atualmente existem adolescentes maiores de 12 anos prontos para adoção. Inclusive irmãos.
A história de amor e acolhimento da família Martin Hörle, de Sapiranga
Os jovens Tobias Martin Hörlle, de 22 anos e Luzia Martin Hörlle, de 21, foram adotados por Clarisse Teresinha e Claudio Laerte Hörlle quando tinham seis meses e um ano e oito meses, respectivamente. Eles comentam que como foram adotados cedo, para eles seus pais adotivos são iguais como se fossem biológicos. “Acho que a adoção é um processo muito delicado, admirável e bonito, pois o casal deve realmente querer essa criança e se entregar de coração para o filho que está por vir”, comenta o filho Tobias, que foi o primeiro a ser acolhido, em 1991.
A adoção de Tobias aconteceu através do Fórum de Novo Hamburgo, após um ano e meio do cadastro dos pais. Segundo Clarisse e Claudio, não houve grandes complicações para realizar as adoções na época.
A mãe Clarisse, relata que como a maioria dos casais, eles desejavam ter filhos, mas optaram pela adoção. Na medida que visitavam os orfanatos, aumentava a ansiedade pelo dia de buscar seu primeiro filho, que seria Tobias. “Quando buscamos Tobias a felicidade foi dobrada, pelo filho que havia chegado e por ter uma criança a menos passando necessidade. O mesmo ocorreu com Luzia”, comenta a mãe.
Luzia, que antes de ser acolhida pelos seus pais morava em uma casa de passagem de Novo Hamburgo, aconselha que quando alguém optar por adotar uma criança, não o faça por idade, cor ou beleza, e sim pelo sentimento de amor no coração. “Acho linda a atitude dos meus pais e de toda a nossa família, que nos ama incondicionalmente. Gostaria que todas as crianças tivessem a mesma chance e o mesmo amor que tivemos e que temos até hoje”, disse a jovem.