Acesso à internet de banda larga não é para todos

Realidade | Localidades afastadas, sem cobertura das grandes operadoras, são fatores que dificultam o acesso

Sapiranga – Podemos dizer que é corriqueiro e, por que não, normal que todas as pessoas que conhecemos tenham acesso à internet. O acesso garantido, 24 horas por dia, facilita a comunicação com a sociedade e torna democrática a obtenção de informações. O fato é que estamos tão acostumados a esse acesso ilimitado, onde e quando quisermos, que não nos damos conta de que nossa realidade nem sempre corresponde à dos outros.
Os fatores que contribuem para que o acesso seja facilitado para alguns e difícil para outros são muitos. Nem todos têm uma situação financeira confortável para se permitirem ao luxo de pagar por uma internet de banda larga. Mais curioso ainda são aqueles que possuem condições financeiras de adquirir uma conexão de internet em suas casas, mas esbarram em questões de localização e alcance do sinal: o que fazem os cidadãos que moram em locais que não possuem cobertura pelas grandes operadoras de telefone?  
A internet via rádio é a resposta de Getulio Ribeiro Vargas, presidente da Associação de Moradores do Loteamento Vitória e da Associação de Moradores da AIMUS. “A internet que temos é a via rádio”, comenta.
No loteamento Pinheirinhos, localizado no bairro Amaral Ribeiro, o problema dos moradores é o alcance limitado que as grandes operadoras têm no local e também o aspecto financeiro. “Quem tem internet se queixa que ela é lenta, e que pagam bastante pelo acesso…Hoje em dia é assim, tudo está caro”, diz Hélio José Coelho, secretário da Associação dos Moradores do Pinheirinhos. Anildo da Silva, atual presidente da Associação, conta que na casa dele não há internet. “Não temos, porque seria um custo a mais nas despesas do mês. Meus filhos têm acesso à internet na escola para poderem fazer pesquisas para os trabalhos do colégio. Temos um filho que é casado, e ele tem internet na casa dele. Entendo que hoje em dia o pessoal precisa de internet, fica mais fácil de se comunicar assim”, comenta Anildo.
Internet via rádio é opção
Para aqueles que não conseguem obter acesso à internet com operadoras de telefone a alternativa é a internet via rádio, cujo alcance vai desde grande centros urbanos até zonas mais afastadas ou mesmo rurais.
“A grande facilidade da internet via rádio é justamente chegar onde as grandes operadoras não chegam, por darem prioridade maior aos grandes centros”, explica Everton Morais, gerente comercial da Rapidanet, empresa que oferece serviços de instalação de internet via rádio em cidades como Sapiranga, Campo Bom, Araricá e Nova Hartz. “Temos bastante torres espalhadas e viabilizamos sinal de internet para vários locais. Cobrimos 90% de Sapiranga. Desde que a pessoa, na casa onde quer instalar a internet, tenha contato visual com a torre, sem que haja árvores grandes ou prédios entre a casa e a torre, a instalação é possível”, comenta.
“Antes de fecharmos com o cliente, um dos nossos técnicos faz uma visita na casa dele, e faz o teste de viabilidade para confirmar que a internet irá funcionar lá”, explica Everton.
Telecentros comunitários
Os Telecentros comunitários são espaços onde as prefeituras disponibilizam computadores e intenet para a comunidade. Em Campo Bom, o TC Cemil conta com 10 computadores e com cursos de informática básicos, ministrados no local. O Telecentro funciona pelas manhãs e tardes, de segunda a quinta-feira, e nas sextas-feiras abre apenas pela manhã, das 07h15 às 12h45. Conforme Danieli Faller, 17 anos, uma das auxiliares de atendimento do Telecentro de Sapiranga, que fica junto à Câmara de Vereadores, o horário de maior movimento é durante a tarde, após as 12h30min. “A maioria dos usuários são estudantes, que vêm realizar trabalhos de escola”, diz. 
Em Nova Hartz, a Prefeitura disponibiliza um espaço no bairro das Rosas, no SESI. Em Araricá, o Telecentro atende na Avenida José Antônio de Oliveira Neto, pela manhã (8h às 12h) e tarde (13h às 17h30). 
Escolas da zona rural ficam sem internet
Muitas crianças, como os filhos de Anildo da Silva, têm a opção de acessar a internet na escola, se não tiverem essa facilidade em casa. Infelizmente, essa ainda não é a realidade vivida pelos estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de Julho e da Escola Municipal de Ensino Fundamental Balduino Wasem, ambas na zona rural de Sapiranga.
Regina Schuck, diretora da Escola 25 de Julho, conta que não possuem telefone fixo, muito menos internet. “O sinal não chega, nenhuma operadora consegue nos prestar serviço”, diz. Como a escola fica muito afastada, a comunicação entre a equipe de funcionários e as pessoas de fora não pode ser feita nem via celular. Regina conta que a Secretaria de Educação disponibiliza o material impresso necessário para as aulas, que a vice-diretora traz para a escola, que visita duas vezes por semana.
A diretora também menciona que a Secretaria de Educação vem tentando resolver a questão há algum tempo. “A Prefeitura já tentou  de várias maneiras. Há um projeto em andamento, estão estudando as possibilidades com várias operadoras”, diz. Everaldo Alves Mariano, diretor do Departamento de Informática da Administração Municipal, comenta que todas as escolas do município são contempladas com o acesso à banda larga, com exceção da 25 de Julho e da Balduino Wasem. “Isso acontece justamente por elas estarem localizadas no morro. Estamos estudando diversas alternativas para viabilizar a implementação desse acesso nas duas escolas”, comenta o diretor. Everaldo estima que o acesso deve estar implantado nas escolas em torno de 90 dias.